•Ready To Run•

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Harry'POV

Tem sido aqueles dias de rotina pura onde um final de semana pode mudar seu semblante. Acho que por muito tempo posso ter me privado de certas coisas, ficando acomodado no mesmo lugar, sem mover um passo ou fazer algo que possa me render uma história no futuro.

Noite passada tive a prova disso. Jamais passará na minha cabeça que eu podia ser tão vulnerável diante qualquer coisa que me aborreça, e que de alguma forma, eu queira descontar isso em bebidas e drogas por pelo menos uma noite.

Eu não estou sendo honesto comigo mesmo.

Desde sempre, ouvi minha mãe dizendo que sou de lua. Uma hora quero A, outra hora quero B, e num piscar de olhos quero Z. Isso não é um grande problema quando você é sozinho. Não tem muitos amigos, tem apenas sua mãe ou pai, algumas pessoas conhecidas mas não próximas o suficiente para reservar um lugar da sua vida para elas. E tudo bem, eu ser de lua nunca foi um grande problema para quem está de fora - exceto minha família. Mas agora, eu não sou sozinho. Eu tenho uma pessoa. Louis é meu namorado, meu amigo, meu parceiro que quero ao meu lado até o nosso para sempre.

E sabe o que acontece quando você pensa demais sobre sua relação com outra pessoa? Você vira refém de seus pensamentos obsessivos que são capazes de te fazerem se auto questionar sobre suas vontades, escolhas e caminhos que decidiu seguir. Pensar demais sempre foi minha sombra da vida. Eu penso demais, e isso é desgastante. Um peso nas minhas costas que muito provável posso descontar isso nas pessoas que mais amo, como o Louis.

Eu passei a tarde em sua casa, suspirando pelos cantos. Tenho que ir para minha casa, mesmo que não seja o que no fundo eu queira fazer, mas é como se fosse uma necessidade.

Louis está em seu quarto, acho que pelo último momento que eu o vi antes de vir beber água, ele estava se preparando para desenhar. Fazia tempo que não pegava numa folha e um lápis, disse ele.

- Amor?

- Oi?

- Podemos conversar? - tento ser o mais direto possível, para me poupar de sensações ruins.

Louis coloca toda sua atenção sobre minha figura, abrindo os braços para que eu seja envolvido neles. Contragosto não vou até seus braços.

- Você está me deixando nervoso. - achou estranho eu negar um abraço.

Tantos rabiscos parecem preencher minha mente agora. Eu suspiro fundo e cedo ou mais tarde, terei que me abrir para ele. A não ser que ele descubra isso da pior forma possível, e não é o que quero.

- Eu só quero colocar algumas coisas no lugar. Esclarecer.

- Estou te ouvindo.

Atencioso demais.

- Sabe aqueles dias que eu estou mais fechado? - tento ser o mais puro nas minhas palavras, para de fato não deixar nada entre linhas tortas - Quieto... Um mal humor...

- Sim, sei. Algum motivo para estar dessa forma?

- Nenhum aparente. Mas o que quero dizer é que... As vezes esse meu mal humor é por minha culpa, sabe? Eu não sei como explicar muito bem, mas estou tentando para que você possa pegar a linha do raciocínio.

Louis se levanta da cadeira, sentando ao meu lado na cama. Pelo jeito deve ter percebido meu jeito de falar. Tenho que dizer tudo de uma vez.

- Eu fico em negação comigo mesmo. E isso acontece com muita frequência, eu me questiono sempre se eu devia estar onde estou. Eu devia estar fazendo o que estou fazendo? Eu devia estar pensando na minha própria negação? - os olhos de Louis me assustam, como se ele soubesse o que estou dizendo - Tipo, parece que quanto mais penso sobre um assunto específico, mais ele se torna uma incerteza, entende? E isso resulta nos meus dias ruins. Posso ficar a pessoa mais chata e amarga do mundo, e o que geralmente acontece é eu ser essa pessoa chata e amarga com as pessoas ao meu redor. Você não tem noção do quanto eu briguei com minha irmã e minha mãe na minha adolescência por justamente isso. Tinha dias que eu era o filho perfeito, e de repente, a peste da casa. Eram discussões feias, não pareciam apenas ser uma briga entre filho e mãe.

Louis fica quieto. Ele está realmente só me ouvindo.

- E eu tenho medo de ser assim com você. E por favor, não fala que não tem problema, que você não liga se eu agir assim com você, por que é sim um problema, é um problema só meu que eu acabo descontando nas pessoas e isso não é culpa delas, e sim minha.

- E o que você faz nesses dias? Tipo, o que você realmente quer fazer quando está assim? - ele pergunta, soando uma pergunta genuína.

- Eu me isolo de todo mundo.

O silêncio é um tiro no meu estômago. Louis não diz uma se quer palavra a não ser me olhar do pior jeito possível. Não é olhar de compaixão, mas sim de confusão. Olhar de alguém que parece ter entendido por linhas tortas.

Decido prosseguir mesmo assim.

- É o melhor que posso fazer. Faço mais por mim do que pelos outros, mas você é a última pessoa no mundo que quero machucar. Então, só peço que entenda quando não estou afim de conversar, quando posso não dar corda para os nossos assuntos.

Eu preciso ouvir o que ele tem a dizer, mas nada vem.

- Você está me dizendo isso por que está prestes a entrar em um desses dias ou realmente queria me dizer algo sobre você?

- Louis? - não era o que eu queria ouvir. Mas que porra.

- Parece que foi um aviso.

- É sério que depois de tudo isso que eu te disse você define como 'aviso'? - eu me levanto, lutando contra minha vontade de ficar - Só pode estar brincando.

- E sobre o que você pensa? Pensa sobre nós dois? Sobre se o nosso namoro é o certo?

A vontade de chorar bate com tudo nos meus olhos quando ouço seu tom de voz. Ele também se levante e tenta manter contato visual, e eu o correspondo. Meus dentes estão travados e minhas bochechas estão prestes a ficarem úmidas.

- Sim, Louis, eu penso sobre tudo. Eu penso se eu devia estar com você, se eu devia estar aqui agora, ou se até mesmo vivo. Eu não sei você ouviu uma palavra do que eu disse agora pouco, mas eu tentei ao máximo ser o mais claro possível. Estou entendo ser honesto comigo e com você.

- Harry, eu entendo, mas quero apenas saber o que você pensa sobre isso aqui. - ele fez um breve gesto apontando para nós dois - Por que se for coisas ruins, tem algo que não está sendo resolvido.

- Não está sendo resolvido? É sério? Porra, eu literalmente estou te explicando sobre um problema que eu tenho e que estava sendo resolvido. Estava sendo até você dizer que estou te avisando quando eu estiver em dias ruins.

Eu nunca olhei para os olhos de Louis deste forma. Com raiva.

- Não é um aviso, é uma coisa que acontece comigo desde que adquiri consciência para saber que isso é um problema, e é uma merda, e aparentemente você não parece ter escutado um terço do que eu disse.

- Eu também tenho direito de saber o que se passa na sua mente, Harry.

- Não! Você não tem esse direito a partir do momento que meus pensamentos passam a me consumir por 22 anos e não passam de coisas que eu não quero falar sobre! Eu deixo você saber das coisas que quero que saiba e assim sempre foi e será.

Eu respiro o mais fundo que posso, mas é difícil conter as lágrimas. Minha cabeça está doendo pra caralho e não tenho mais pé para estar aqui.

- Eu vou para minha casa. Acho que o que deu já tinha que dar.

Louis me segue até as escadas. Sinto seus dedos tentando pegar meu braço, mas eu não deixo. Seu toque nunca pareceu tão doloroso quanto agora.

- Você vai embora mesmo, Harry? Eu só estava tentando te entender.

Só consigo ouvir um zumbido no meu ouvi esquerdo. A dor de cabeça na minha nuca aumenta e tudo parece que vai explodir. Louis está implorando para que eu fique, mas não consigo. Só quero ir embora daqui o mais rápido possível e ser o mais covarde em bater a porta na cara dele.

Não sei para qual o caminho nosso relacionamento vai, mas talvez sei para que caminho eu vá.

Falling From The Sky To Love | l.s Место, где живут истории. Откройте их для себя