Capítulo XXII - O rompimento maior que as batidas do coração

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KIM NAMJOON

Um erro, um estúpido erro. Um erro que não apenas fora cometido, mas que fora desejado com todo meu ser, todos os dias, ao levantar do sol e o seu alaranjar no céu. E por dias desejei, saciando em segundo ternos, maravilhosos, senti como se os deuses acima descessem e contemplassem o quão macios eram aqueles lábios.

A alegria é uma bebida que ao se tornar venenosa transforma-se em amarga tristeza.

E eu soube que houve retribuição, mas era um reflexo, um concordar bêbado de um alguém tão feliz que não pode negar poucos segundos de alegria para outra pessoa. Jin só me dera um pouco para que eu pudesse perceber quão bom era o gosto celestial, sabendo que nunca mais o iria alcançar. Pois essa era a verdade, no momento que ele correu eu soube que nunca mais o sentiria, e que o pior ainda poderia acontecer.

Tentei falar com ele mais cedo, quando ele fugiu da conversa com Park Jimin e Jung Hoseok. Uma fuga da minha presença. Quando eu o alcancei, seu olhar pedia espaço, o seu corpo se tornou completamente tenso, assim que sua boca se referiu a mim como "senhor" eu soube que aquele ainda não era o momento para perdão. Ainda não me parecia o momento certo. Tudo isso ocorreu em poucas horas, contudo observar seus passos acelerados ao me ver, era cruel demais para não ir atrás e pedir o seu perdão.

— Jin! — chamei-o antes de qualquer outro movimento que meu corpo me permitisse realizar. Antes de qualquer raciocínio, minhas mãos seguravam os braços tensos de meu companheiro em um pedido mudo para que ele não fugisse.

— Senhor, há algo que precise? — seu tom era suplicante e frio, um inverno fora de época, perdido na primavera.

Senhor. Nem quando eu o levava ao limite ele me chamava assim, como se eu tivesse qualquer autoridade sobre si.

— Sim... Preciso do seu perdão. — minhas mãos, que seguravam seu braço, desceram em encontro da sua mão, percebendo seus dedos trêmulos — Desculpe-me, eu não deveria ter feito aquilo, não posso culpar nenhum grau de embriaguez em que estivéssemos. A culpa é plenamente minha. Eu deveria ter tido certeza antes de avançar, ter tido a sua permissão.

— Não existe perdão para algo que não foi um erro. — seus olhos fugiam dos meus da mesma forma que seus lábios pronunciavam qualquer coisa para se esquivar desta situação.

— Jin, você não quis, eu sei que não. Por isso peço desculpas, o ato foi um erro da minha parte.

— Eu que peço perdão por ter fugido, deveria ter permanecido. — pronunciou firmemente, mesmo que temeroso.

Aquelas palavras eram como ser atingido pela flecha mais dilacerante, e mesmo assim, sentir intenso prazer. Não podia ser o que eu acreditava que fosse, pois para mim, soava como se ele quisesse ficar. Como se o momento fora repentino, mas desejado por ambos, e a sua fuga fora apenas uma consequência do imediatismo do momento. Poderia ser recíproco, era o que parecia.

— Jin... — não pude deixar de soar esperançoso quando chamei seu nome, poderia haver uma chance para nós.

— O senhor é meu herdeiro, as suas vontades estão acima das minhas, o erro foi meu.

E outra flecha me atingia, nela não havia prazer algum, era como um aviso, um pedido para que eu despertasse. Devo ser muito infeliz por ter acreditado por poucos segundos que houvesse qualquer sentimento recíproco entre nós. O único sentimento que existia dele para mim era alguma servidão contratual, era um servo para seu senhor, e nada mais.

— Jin...? — notas de dúvida e preocupação transmutaram o tom de minha voz.

— Se o senhor ainda quiser, eu estou disposto a ir a algum cômodo e terminar o que começamos. — a sua mão tocou a minha, trêmula e fria como se estivesse com medo, mas ainda cumprindo um dever que não lhe era devido.

O trono de ouro - O príncipe perdidoWhere stories live. Discover now