Capítulo VIII - O caminho e suas surpresas

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KIM TAEHYUNG


O vento soprava calmo pedindo desculpas pela tormenta que havíamos passado, amaciando aos poucos nossos ânimos. Suspirei relaxado sentindo a grama pinicar em meu rosto, após a tempestade vem a bonança. Naquele momento eu poderia fechar meus olhos e visitar meus sonhos, me deliciar com minha imaginação.

— Como você consegue deitar ai como se nada tivesse acontecido?! — ouvi aquela voz estridente interromper minha calmaria. O timbre de sua voz, a sua feição assustada era um elo com o momento anterior, um momento que eu pretendia esquecer, como todos os outros.

— Nada aconteceu.

— Para você é claro que nada aconteceu! É um assassino perseguido! – gritou andando de um lado para o outro, suando frio e me olhando em um pedido mudo de consolo. Eu já havia visto aquela cena, eu a protagonizei. Lembro-me de ter gritado, chorado... Todavia você perde a humanidade a medida que o sangue se acumula em suas mãos. — E eu não acredito que eu participei disso! Que fui cúmplice! Tantas vidas que eu matei em tão pouco tempo...

Senti meus olhos revirarem, tentando tampar meus ouvidos às suas reclamações. Eu compreendia, ele estava confuso, sabia que precisava ter feito aquilo, contudo não queria. Era como um principiante na arte que eu já era artista. Era mesmo reconfortante ver que alguém ainda possuía uma chama de humanidade, que mesmo ameaçada ainda persistia, talvez ele seja uma luz ingênua que ainda brilha, iluminando os passos dos perversos para a salvação.

Fiquei em silêncio o vendo andar nervoso, gritar para os ventos que nos esfriavam, na espera que eles espalhassem a notícia das suas mortes ao mesmo tempo em que esperava segredo. Ele queria se esquecer, na mesma medida que queria se lembrar. Era terno ver o seu desespero, seu suor frio e nervosismo eram como as lágrimas da sua inocente alma, seus gritos como um pedido de desculpas.

Era belo, na mesma medida que era irritante. Apreciável e repudiante resumiam bem ele. Resmunguei baixinho, ele precisava daquele momento, e eu precisava me manter são para não cometer uma tragédia. Quando ele estava perto o bastante agarrei sua perna com a minha mão direita fazendo força para derrubá-lo, conseguindo.

— AI! VOCÊ ESTÁ LOUCO?! — gritou novamente já começando a se levantar, contudo eu fui mais rápido e o segurei no chão, ficando por cima. — ME SOLTA SEU ESTÚPIDO!

— FICA CALMO POR UM SEGUNDO SEU TOLO! —vociferei, assustando-o e o aquietando. Olhava-me como se eu fosse agora tudo que ele poderia ouvir, eu continha em seus olhos toda a sua atenção. — Eu sei que nós matamos aquelas pessoas, e sei que isso não é correto. Mas nesse mundo aqui, longe dos palácios, das muralhas que protegem seus panos finos é assim. Ou você mata ou morre. Eles não queriam apenas nos roubar, quando reconhecessem meu rosto iriam me vender no mercado ilegal, eu iria virar moeda de troca e não seria diferente com você. Pessoas como você e seus amiguinhos valem ouro por essas bandas, por isso que Yoongi fez essa separação, ele sabe que a pele de vocês é cobiçada. Então por apenas um momento esqueça eles e pense em nós, lembre-se, ou mata ou morre. — Findei saindo de cima dele, me deitando do seu lado. Ele parecia calado olhando para o céu, assim como eu, tentando se concentrar no farfalhar das folhas.

— Eu não queria... Matar... — sua voz fraca tocou meus ouvidos me fazendo virar o rosto encontrando seus olhos com os meus.

— Ninguém bom quer. — olhei novamente para o céu observando o azul deste se chocar graciosamente com o verde das árvores. — Você pretende encontrar esse tal de príncipe, certo? Então fique vivo para poder olhá-lo nos olhos.

O trono de ouro - O príncipe perdidoWhere stories live. Discover now