Capítulo 8: A maldição, o príncipe e os olhos tristes

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  "O que você vê agora não é tudo."

  Oon gritou na sala do escritório para os residentes de neurologia com uma enorme pilha de arquivos de pacientes em suas mãos. Bum! Todos eles caíram na minha frente quando ele finalmente chegou à minha mesa.

  "E tem essa parte que a gente precisa estudar tudo."

  Meus olhos estavam arregalados. Como vou estudar aquelas pilhas enormes de arquivos em um dia? Eu estava prestes a reclamar sobre isso pouco antes de perceber pelo canto dos olhos que todos os residentes da bolsa no departamento estavam metendo o nariz no documento e imprimindo o EEG¹, exatamente a mesma coisa que eu estava fazendo. Além disso, havia arquivos de pacientes que não eram mais finos do que os meus expostas na frente de cada um deles.

  Nossa, não precisa mais reclamar agora. Todos aqui compartilham o mesmo destino.

  Eu suspirei - um longo suspiro - e então enterrei meu nariz em meus arquivos. Os arquivos, que eu terminei de ler e imprimir o EEG, seriam enviados ao residente veterano para sua ajuda na revisão para ver se eu interpretei os resultados completamente de acordo com os padrões. Então, seria carimbado pelo selo do departamento, colocado no prontuário do paciente e era mais ou menos isso. Como os arquivos eram sobre a interpretação do EEG, o gráfico em si poderia ter até uma dúzia de páginas para apenas um caso. Depois de minhas tentativas de terminar apenas alguns casos, as linhas do gráfico no papel de alguma forma ficaram impressas em meus olhos e não desapareceram mesmo se eu piscasse várias vezes. Que horas são? Pensei. Uau, estávamos trabalhando como nunca por três horas consecutivas. Talvez seja hora de uma pausa para o café.

  Mesmo se eu fosse alocado para trabalhar fora do meu departamento, ainda havia trabalho neste departamento que eu precisava fazer e era esta interpretação EEG. Se as pilhas na minha frente eram consideradas muito trabalhosas, os casos pendentes -- os dos pacientes que teriam de ser examinados por EEG mas que ainda tinham de esperar -- eram muito mais. Além da complexidade de interpretação, a máquina também era tão cara que não era algo comum nos hospitais. Mesmo que um hospital conseguisse adquirir tal máquina, teria sido apenas alguns, no máximo, enquanto o número de pacientes que necessitavam de tal exame eram tantos. Foi algo que o hospital não conseguiu resolver.

  "Seria tão bom se tivéssemos um poder psíquico para ver a onda cerebral de um paciente Poderíamos interpretá-la imediatamente e não teríamos que esperar na fila. Há apenas uma máquina e é algo mais perto de um desastre." Contei meus desejos a Oon e ao outro residente veterano.

  "Na verdade, não precisa ser um poder psíquico." O residente veterano pegou outro arquivo do caso e me entregou.

  "Há um caso de um cara que conseguiu ver esse tipo de coisa só porque tem um tumor na retina."

  "Uau, isso é interessante." Nunca tinha ouvido falar de um caso assim.

  Ele assentiu. "Como todos sabemos, as células da retina recebem a energia, convertem-na em sinais neurais e os enviam para o cérebro. A luz é uma forma de energia e as ondas elétricas são praticamente a mesma coisa. Se as células da retina pudessem receber uma banda de energia maior do que a banda normal que as células da retina das pessoas normais podem receber, eu acho que se poderia ver as ondas elétricas, ondas magnéticas ou talvez algo ainda mais estranho." Então ele fechou o arquivo.

  "Bem, para o seu caso, tudo vai da sua interpretação. Não há nada errado. Você pode carimbar o selo e enviá-lo."

  "Ei, meus olhos estão fechando. Vocês querem tomar um café?" Oon foi o primeiro que se levantou e se espreguiçou. O que ele disse deve ser algo que já estava em todas as mentes na sala, já que todos acenaram para ele, baixaram os gráficos de EEG e seguiram seu alongamento.

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