A Mordida

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O temor surgiu como um suspiro trêmulo dos lábios do jovem Stilinski, que correu sem pensar duas vezes em direção ao corpo oculto pela escuridão. Droga, droga, droga... Sequer precisou forçar os olhos para identificar a pele pálida, marcada pelas pintinhas tão bem decorradas.

Ao contrário de minutos antes, a cena não se tratava de um jovem bem composto, transbordando em diversão e vontade de comer o máximo possível mas sim uma inconsciencia preocupante em meio à peças de roupas rasgadas, úmidas por um líquido escarlate tão bem conhecido à Mieczyslaw.

Em desespero mal segurou-se antes de colocar as mãos em Edward, os olhos marejados não só pela preocupação quanto pela culpa. Se não o tivesse trazido para Beacon Hills... Droga, nada disso teria acontecido! A pele quente retornou em seu toque, junto do líquido pegajoso com o marcante cheiro de ferro. 

Os sentimentos rodopiavam em seu interior: medo, arrependimento, raiva, tudo em uma mistura perigosa que bastou para trazer a ansiedade de meses antes. O coração retumbante nublou junto das lágrimas não derramadas as sensações exteriores. Em meio ao desespero onde buscava com o olhar pelos ferimentos do jovem, sequer notou as palmas das mãos quentes e formigantes. Faísca.

Os ferimentos recuaram sob seus olhos, fecharam-se em meio à um brilho dourado ofuscante. Todos menos um.

Em rápidas piscadas se recuperou do brilho forte da magia. A guerra de pensamentos ainda traçada no interior quando tentou focar no motivo para tudo aquilo. As mãos nada firmes passaram pelo corpo do garoto, talvez até grosseiras em busca de outro ferimento. Por um breve instante, quase suspirou aliviado ao sentir a pele lisa. Quase

Deslizando os dedos pela coxa direita do rapaz inconsciente, parou abruptamente ao sentir a ferida. Forçou-se a deixar o desastre mental para trás quando deu um passo ao lado procurando uma melhor visão do estrago.

Não.

Em meio ao sangue e tecido rasgado... inconfundível.

— Uma mordida.

***

A porta da casa foi escancarada quando Mieczyslaw entrou carregando em seus braços o corpo ainda desacordado de Edward, seguido, é claro, de seus fiéis seguidores logo atrás. 

Peguem um kit de primeiros socorros! —apressado, deitou o corpo do namorado sobre o sofá da sala, pouco importando-se para a sujeira que faria. A prioridade agora era ajudar, tentar ao máximo cuidar de Edward e tornar a mudança o mais confortável possível. 

Com uma das mãos para o alto, recolheu sem qualquer gentileza a caixa que lhe fora entregue. Nem mesmo notou quem a entregou, mas de pouco importava. Resando silenciosamente para todos os deuses possíveis, pegou o antiséptico e iniciou o trabalho.

O único som escutado foi o das respirações pesadas, cada par de olhos estava grudado na cena, a maioria com uma única pergunta em mente: seria Edward compatível com a mudança? Ou então...

"Parem com isso!" mesmo sussurrando a voz de Jen conseguiu ser autoritária, transmitindo a confiança necessária para os mais novos -mesmo que carregasse a mesma insegurança- enquanto buscava não atrapalhar a concentração do pequeno chefe. "Tá' tudo bem."

Sim, apesar de tudo o que mostra, a experiente mulher não é tão sem coração quanto parece. O fato é que após tantos anos em perigo o costume vem de uma forma ou outra, não de modo a fingir ser sem sentimentos, mas sim a manter-se forte o bastante para sustentar uma situação difícil.

E ela não é a única. Todos alí, independente do quão nervosos parecessem estar, tiveram a mesma experiência. As cenas cômicas vistas de dentro da 'família' mostravam pouco realidade. Ninguém sobrevive no meio sem alguma cicatriz, visível ou não. Dos mais novos aos mais velhos, todos tem resquícios do caos. Talvez este seja o resultado para Edward, um par de olhos brilhantes e dentes pontiagudos.

Ou a morte, quem sabe.

Jürgen foi o primeiro a descongelar e avançar em direção ao ferido, o pano recém úmido usado para molhar a testa de Edward numa tentativa de aliviar a febre cada vez maior. A ação em si pôde não ser de grande ajuda mas o breve encontro de olhares do jovem para com o Stilinski bastou para transmitir confiança.

Os gêmeos foram os segundos, trataram de seguir escada acima ajeitar um quarto para o esperançosamente novo lobisomem. Hans voltou-se à cozinha para preparar uma sopa digna dos mais doentes e Jen, está foi a única a permanecer na sala junto de Mieczyslaw e Jürgen para apoio moral.

Sob os gemidos dolorosos de Edward os olhares do trio se encontraram. Independente do quão difícil fosse, permaneceriam juntos perante a dificuldade, prontos para o que quer que viesse com ela.



---Notas---

Demorei mas vim, olá pessoas. O capítulo foi curto mas espero que tenha dado para matar a vontade.

Além disso, sei que vocês gostam bastante dessa história mas peço paciência. Eu escrevo no meu rítmo e tenho mais de uma história para atualizar, então posso demorar a postar mas como disse: não está nada abandonado, então independente da demora eu volto. 

É isso, bjs.

Obs: nada foi revisado, qualquer erro perdoem a tia. E a nova capa veio :)

𝐌𝐚𝐟𝐢𝐚 - 𝐓𝐞𝐞𝐧 𝐖𝐨𝐥𝐟Where stories live. Discover now