Brincadeiras do Destino

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— É isso o que você tem 'pra mim? — parado de braços cruzados ao canto da mesa de madeira, Mieczyslaw resmungou em descontentamento enquanto olhava com atenção para o arquivo de lhe fora oferecido por Peter Hale vinte minutos atrás, quando irrompeu pela porta de metal sem qualquer resquício de bons modos.

Quando o nome do, não tão bom, e velho Peter Hale cruzou a sua mente algumas horas atrás, esperava por tudo, de nomes estranhos à cultos satânicos nos esgotos liderados por bruxas imortais -a criatividade sempre foi um de seus pontos fortes, afinal-, mas receber uma fina pasta amarela com fotos sangrentas foi surpreendente. E inútil.

— Afinal, o que é 'pra ser "isso"? — lançou um olhar aborrecido por cima de uma das fotos polaroid, que retratava o que parecia um professor com as roupas de ensino manchadas pelo sangue que escorria por um machucado profundo no flanco direito, e cerrou os olhos ao receber um aquele característico sorriso Hale.

"Isso são fotos de pessoas que foram mordidas. Todas desse mês." Peter apoiou os braços na beirada da mesa e se debruçou em uma pose relaxada e convencida, como se no fundo aquela pequena frase tivesse um significado muito mais profundo, o qual o convidado especial deveria agradecer. "De treze à trinta e oito anos, doze pessoas receberam a mordida em circunstâncias parecidas. Apenas oito completaram a transformação com sucesso."

— Treze anos? — entoou o jovem Stilinski com as sobrancelhas franzidas. Foram anos até se acostumar com os seres sobrenaturais e sua instabilidade e, ainda assim, nenhum deles nunca teve menos de dezesseis anos. O pensamento foi desconfortável.

"Oh, não se preocupe, o garoto não sobreviveu." o lobisomem abanou a mão casualmente, como se estivesse falando apenas de uma tarde anormalmente chata de quinta-feira.

Se possível o olhar de Mieczyslaw tornou-se ainda mais expressivo naquele momento, cheio de julgamentos, e internamente começou a questionar-se quanto a própria inteligência por ter pensado em receber a ajuda de alguém como Peter Hale, o lobisomem meio queimado que passou quase uma década enlouquecendo em um hospício.

— Você é... — as sílabas de alongaram e ainda assim não conseguiu encontrar um adjetivo digno senão... — louco. Enfim, de que essas fotos me podem ser úteis? Lobisomens sendo transformados em Beacon Hills? Caramba, eu nunca esperaria por isso. — revirou os olhos em zombaria, mas parou no instante seguinte como se um pensamento lhe viesse ao fundo da mente.

Abaixou os olhos em direção às fotos novamente, agora muito mais interessado no conteúdo delas.

Um loiro, uma mulher negra, um adolescente asiático... os oito apresentavam características distintas, aparentemente não havia motivo para terem sido escolhidos. Ainda assim, havia uma chance de ser uma coincidência e como sempre disse a si mesmo: um é acidente, dois coincidência, três são um padrão e oito, agora nove, chega a ser uma ameaça. Uma ameaça bem clara.

Anos atrás houve também um alfa correndo pelas ruas de Beacon Hills, mordendo ou tentando morder pessoas a torto e a direita com o objetivo de construir um pequeno exército. Uma matilha capaz de obter vingança ao destroçar cada um dos caçadores que fizeram mal à ele.

— Que coincidência. — as palavras saltaram a sua boca, desta vez livres de qualquer sentimento hostil. De fato, aqueles acasos do destino estavam cada vez mais estranhos. — Vocês têm algum inimigo? — lançou um olhar cheio de expectativa para Peter e bastou uma sobrancelha arqueada para que a noção entrasse em sua cabeça novamente. — Quem eu quero enganar, quantos inimigos vocês não tem?

Mais uma vez a resposta do Hale veio na forma de um silêncio ensurdecedor.

Mieczyslaw franziu o cenho uma última vez e fechou o arquivo ruidosamente, então, com um giro nos calcanhares, avançou em direção à porta. — Eu fico com isso.

𝐌𝐚𝐟𝐢𝐚 - 𝐓𝐞𝐞𝐧 𝐖𝐨𝐥𝐟Where stories live. Discover now