꧁Capitulo 5꧂

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Ellara

Não possuía fé alguma, mas fecheis os olhos e rezei a mãe; pedindo para que curasse meu coração, que me libertasse das garras invisíveis que sugavam minh'alma, suplicando para sentir qualquer sentimento contrário daqueles que os gêmeos implantaram em minha mente. Não possuía nada; minha liberdade ou a atormenta de meu próprio corpo. Estava vazia, submersa em um mar de pesadelos, sozinha em meu inferno particular.

— Preciso respirar. — Resmunguei, evitando o olhar de Tamlin, meu irmão. O Grão-Senhor levantou-se na intenção de me acompanhar, mas estendi a mão em negação. Parei ao batente da porta e virei-me ligeiramente.

— É um metamorfo, certo? — Indaguei baixo. Tamlin assentiu enquanto se aproximava.
— Poderia mudar minha aparência? Não quero ser reconhecida. — Cogitei, flexionando os dedos de minhas mãos.

Tamlin sobrou hálito fresco em meu rosto, algo formigava abaixo de minha pele. Suspirei, vendo meus cabelos dourados tornarem-se negros como o ônix. Caminhei em direção ao espelho próximo do aparador, sem reconhecer a imagem que me fora apresentada; meus olhos estavam embainhados no mais puro anil, as sardas de minha pele desapareceram quase por completo e a angustia não estava enraizada em meus detalhes. Vesti meu capuz e me retirei do escritório destruído, repudiando cada segundo que passara ali.

Disparei pelas escadas, espalmei a grande porta de madeira, tendo acesso ao jardim. Meus pulmões trabalharam duro, buscando o ar que fugira. Um grito agonizante rasgou minha garganta, estremeci, odiando o fato de não entender o aperto sufocante em meu peito e não conseguir livrar-me dele. Desejei não ter encontrado minha família, não para perde-los em seguida. Afundei meus dedos na grama, curvando meu corpo sobre joelhos, inerte em algo que já não conhecia.

Dor, dor invadia meus pensamentos e esperança se desvanecia lentamente. Meus olhos se embaçaram de repente, gotas caíram dos mesmo. Estava chorando? esta era a maldita sensação de angústia? Novamente o luto pesava em meu coração. Arranquei o medalhão, lançando-o na fonte que enfeitava o vasto jardim. Uma mão forte segurou meu ombro, levantei-me sobressaltada, o macho alado cercou meu corpo e levou-me até as sombras que se formavam no bosque.

— Está tudo bem? — Indagou com preocupação. Grunhi, lembrando-me de quem a ele servia.

— Sim, Feyre está bem. — Menti, abaixando a cabeça. Meu sangue aquecia-se junto do ódio fervilhante. Novamente, não possuía nada.

— Estou perguntando sobre você. Está tudo bem? — Sussurrou. Suas mãos invadiram meu capuz, retirando-o.

A luz do luar esvanecia-se ao tocar os fios escuros de meu cabelo, os quais eram bagunçados pela brisa da primavera.
Os olhos do macho alargaram-se, assim como suas narinas. Sua garganta oscilou, suas asas fecharam-se rapidamente. Sua cabeça se movimentou em direção a parte sombria do bosque, como se algo nos observasse. Estudei os detalhes de seu rosto, a cicatriz que cortava sua sobrancelha, os lábios pesados, o maxilar forte, a barba por fazer, a moldura ondulada que seu cabelo formava.

— Sim, está. — Assenti, apertando a costura de minha capa.

— Quem fez isto com você? — Perguntou firme, as pontas ásperas de seus dedos alisaram a ferida que Tamlin fizera em meu maxilar.

O avelã de seus olhos tornaram-se púrpura, que cautelosamente misturava-se com âmbar. Algo retumbou em minha mente, rebatendo contra as muralhas que permaneciam elevadas a todo custo, fazendo com que a energia acalmasse-se e sumisse.

— Não se preocupe, curara em breve. — Murmurei para mim mesma, o fato de não sentir a dor levava-me a esquecer de tratar minhas feridas.

— Seus olhos, estão...— Grasnei, estendendo a mão para alcançar seu rosto, mas ele afastara-se debilmente, balançando a cabeça.

𝕮𝖔𝖗𝖙𝖊 𝖉𝖊 𝕱ú𝖗𝖎𝖆 𝖊 𝕽𝖔𝖘𝖆𝖘Where stories live. Discover now