꧁Capítulo 6꧂

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                              Rhysand

Atravessei com Cassian, buscando o ar que perdera. Meus músculos lutavam para manter-se no lugar, minha mente girava. O rosto da fêmea permanecia intacto em minha memória, a fúria silenciosa em seus olhos, o modo como lutava para encobrir sua rispidez, seus lábios macios, seu gosto. Vermelho ascendeu-se a minha retaguarda, Cassian gritava em minha direção, porém o mundo estava silencioso. Algo molhado rebateu contra meu rosto, o cheiro inesquecível de vinho se impregnou em minhas roupas, Mor balançava sua taça em minha direção. A encarei com fúria, ao menos tinha despertado de meu estupor.

— MAS QUE PORRA FOI AQUELA? SEU BEIJOQUEIRO DE UMA FIGA! — Cass berrava, abrindo suas asas amplamente. Azriel surgiu em meio as sombras, contendo um riso silencioso.

— O que aconteceu? — Amren indagou, apontando sua longa unha pintada de vermelho em direção a meu irmão.

— Não sabemos. — Mor resmungou. — Rhys atravessou com Cassian e ficou paralisado, enquanto nosso temível general está gritando como uma mocinha. — A fêmea zombou, movimentando sua taça vazia, que magicamente fora cheia.

— Rhysand invadiu minha mente, controlou meu corpo e beijou uma criada de Tamlin. — Cassian apontou, abrindo os braços de modo inquieto. Todos viraram em minha direção, com queixos caídos e curiosidade estampada em seus rostos.

— Preciso saber o nome dela! — As palavras fugiram de meus lábios. Os olhos de Cassian alagaram-se em surpresa, sua boca se tornou uma fina linha.

— E eu preciso de uma bebida! — Amren rosnou, juntando-se a Morrigan.

— Não está com o juízo em lugar, meu irmão! E quanto a Feyre? — Azriel questionou baixo. Tinha razão, Feyre era minha parceira, a mesma que iria se casar com outro macho.

— Tem razão, foi um erro. — Expirei, deixando-os para trás. Caminhei pelos corredores, buscando a varanda mais próxima.

Apoiei-me a parede, sentando sobre o piso gélido. Fechei os olhos com força, afastando a incansável visão que vem me atingindo por estes dias;

É queda das estrelas, estou admirando céu de Velaris, sobressalto quando escuto uma voz calma e suave, dizendo o quanto a noite está perfeita. O cheiro de rosas e orvalho inebria meus pulmões, mas acordo antes de conseguir ver seu rosto. Fechei minhas mãos em punhos, odiando o fato de saber a quem aquele cheiro pertence. Lagrimas banharam meu rosto, tinha de ser Feyre, não poderia ser outra pessoa.

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Ella

O mundo tornou-se silencioso e lento, os corredores da vasta mansão pareciam fechar-se à medida que os atravessava. Tamlin sorria enquanto guiava-me até meus aposentos, ostentando cada relíquia que era exposta em nosso caminho. Paramos a frente de uma porta delicadamente entalhada; uma grande rosa era cercada for longos espinhos, assim como suas folhas. Era a rosa de meu medalhão, o brasão real. Meus finos e calejados dedos passearam sobre a madeira maciça, seguindo o contorno das pétalas e espinhos.

— Onde existe dor, também há amor. — Tamlin ensoou lamentoso, repousando sua mão sobre o emaranhado de espinhos.

— Amor é uma fraqueza livremente exposta. — Arfei, virando-me para encarar seus olhos. Meu irmão assentiu, indicando-me a abrir a porta.

Enrolei minha mão na maçaneta, girando-a lentamente. O cheiro de rosas e peônias inebriou meus pulmões, luzes feéricas ascenderam-se próximas ao teto, cegando minha visão rapidamente. Uma grande cama repousava ao centro do cômodo, seguida de dois cômodos de cabeceira. Os véus da cortina caiam como cachoeiras, a penteadeira espaçosa ao outro lado comportava perfumes e frascos misteriosos. Abri os armários e me deparei com dúzias de vestidos, calçados e capas dos mais finos tecidos.

𝕮𝖔𝖗𝖙𝖊 𝖉𝖊 𝕱ú𝖗𝖎𝖆 𝖊 𝕽𝖔𝖘𝖆𝖘Onde as histórias ganham vida. Descobre agora