Capítulo 16

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Estava preocupada, Thomas tinha partido a dois dias, deixei uma carta para ele com um de seus homens horas antes de partir de volta para Birmingham. Meu contrato com o hospital tinha se encerrado, eu não tinha mais um trabalho fixo, estava cada vez mais nas mãos de Alfie. Enquanto isso, eu caminhava pelas ruas de Londres ao lado de Alfie, buscando um ótimo terno para ele, fingimos que a polícia de quer existia, a existência dos homens de Sabine era apenas uma vaga lembrança.

___ O que acha de azul? ___ ele questionou apontando para um terno na vitrine.

___ Azul não lhe cai bem, além disso, o senhor Shelby costuma usar com mais frequência.

___ Está dizendo que azul fica melhor no maldito cigano? ___ irritou-se.

___ Não foi o que eu disse, Alfie. ___ suspirei.

___ Então eu vou ficar com o azul.

Alfie sabia ser imprevisto, impaciente e incontrolável. Desde que Thomas partiu, não tive nenhuma notícia do mesmo, a carta que eu haveria enviado para ele nunca foi respondida, imagino que ele tenha lido, mas ignorou. Daqui a duas semanas, os judeus atuaram com os peaky blinders em uma luta contra o Sabine e seus homens, se tudo ocorrer bem, Thomas vencerá e o negócio está finalmente fechado entre Alfie e ele. Depois disso, não existe mais motivos para que eu permaneça aqui, juntarei minhas economias e me mudarei para Nova York ou talvez de volta para Birmingham.

___ Cammy, ___ ele se aproximou. ___ está muito calada. ___ insistiu Alfie tocando meu rosto com a mão direita.

___ Eu estou pensando na sua contabilidade. ___ suspirei tirando meus olhos dos dele.

___ Na minha contabilidade ou naquele maldito Shelby?

___ Do que você está falando? ___ disse irritada.

Ele não me respondeu, mas a partir daquele momento, já sabia que Alfie sabia de algo, devia ter mandado alguém investigar mina vida e meu passado. Alfie comprou seu terno, na volta, passamos por uma padaria onde compramos bolo e pão, em seguida fomos direto para seu armazém. O assunto não havia se encerrado, era como se ele estivesse esperando o momento ideal para conversar sobre isso.

___ Alfie. ___ iniciei a conversa.

Sentei-me na minha cadeira de frente para minha mesa, onde ficavam os livros com a contabilidade. Enquanto Alfie, caminhou até sua mesa principal na sala, ele sentou-se com a cadeira pouco virada em minha direção. Naquele dia, algo estava a incomodar Alfie, seu humor era incontrolável, ora bem, ora péssimo, parecia tão impaciente, ele tentava se manter distraído com as folhas escritas sobre sua mesa, mas nada o aquietava.

___ O que tem de errado com você?

___ Eu, ___ ele iniciou. ___ eu, estou refletindo. ___ levantou-se.

___ Sobre a luta contra o Sabine?

___ Sobre você. ___ Alfie veio até mim, apoiou os cotovelos em minha mesa e aproximou sua cabeça da minha.

___ O que tem de errado comigo? ___ encarei seus olhos.

___ Tenho olhos e ouvidos em toda parte, ___ ele olhou a nossa volta. ___ vi que você enviou uma carta para aquele cigano maldito. Que diabos você tem na cabeça?

___ Era uma cópia do contrato feito entre vocês, ___ inventei algo. ___ ele foi educado ao pedir.

___ Ele também pediu para dormir com você? ___ Alfie já estava furioso. ___ A verdade Cammy, é que eu sei que dormiu com ele e eu não gostei nada disso.

___ Alfie, ___ disse quase em sussurro, engoli em seco ao me sentir coagida.

___ Você se deitou com aquele maldito cigano! ___ gritou alterado. ___ Como você pôde fazer isso?

Nesse momento estávamos ambos alterado, eu tinha plena noção do que Alfie era capaz de fazer quando se descontrolava, ele poderia ser muito agressivo, ao ponto de ser quase incontrolável. Baixei minha cabeça, não tinha palavras ou ações para me explicar, apenas escolhi ouvir seu julgamento calada. Sabia que Alfie não tinha me visto com Thomas, alguém haveria de ter-lhe dito, alguém viu Thomas saindo de minha casa.

___ Ele é um cigano de merda. ___ declarou Alfie. ___ Você já esteve com ele outras vezes.

___ Conheci Thomas em Birmingham. ___ confessei.

A conversa teria sido tensa, mas antes que as coisas tomassem um rumo terrivelmente ruim, fomos interrompidos por dois dos homens de Alfie, eles vinha arrastando um terceiro homem pelo corredor até chegar a sala de Alfie. De cara, tomamos um susto e nossa atenção foi toda voltada para esse homem, era um judeu, trabalhava para a gente, mas ele estava muito machucado.

___ O que é isso? ___ indagou Alfie.

___ Descobrimos que ele tem passado informações confidenciais para os homens do Sabine. ___ disse o judeu.

___ O que? ___ questonei surpresa.

___ É um traidor!?

Alfie questinou por questionar, mas ele sabia a resposta, logo puxou a arma da cintura, a mesma ficava presa na parte de trás do cinto, nas suas costas e aponto para a cabeça do maldito ajoelhado a sua frente. Haveria de ter visto ele tão furioso assim antes, quando uma carga foi enviada para outro lugar invés do destinatário correto.

___ É um maldito traidor. ___ disse Alfie olhando para o homem.

___ Alfie, ___ levantei da cadeira.

___ Veja só Cammy, ___ ele disse destravando a arma. ___ veja o que acontece com traidores.

Sem contar nem mesmo até o número três, Alfie atirou cinco vezes seguidas na cabeça do homem, todo sangue foi espalhado pela sala, todos nós nos sujamos com o sangue daquele traidor, que caiu pelo chão morto. Alfie se quer piscou, estava tão concentrado, parecia encantado com aquela cena, quando os pente de sua arma descarregou, ele baixou a arma e seguiu por cerca de um minuto olhando o cadáver do homem que o mesmo havia acabado de matar. Eu sabia que Alfie era violento, que sua conduta não era das melhores e agora eu sabia que ele desconfiava de mim.

___ Cammy, ___ ele veio até mim e me abraçou. ___ você nunca poderá me trair, não posso suportaria atirar em você assim.

___ Eu nunca vou te trair. ___ sussurrei para ele.

___ Eu ficaria louco. ___ ele beijou meu rosto.

Tinha carinho, respeito, empatia e até mesmo amor por Alfie, apesar de todos os seus defeitos. Não temia minha segurança até então, só o descontrole de Alfie poderia me meter medo, só mesmo o descontrole. Talvez ele estivesse mais louco agora, depois de descobrir que eu havia enviado uma carta para Thomas, mas se eu tivesse sorte, ele me perdoaria ou eu terei que fugir para sempre deste lugar.

OLHOS CIGANOS | Thomas ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora