Capítulo 33

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Aparentemente estava tudo bem, se não fosse pela carta de Alfie, já havia se passado alguns dias desde que recebi-a, ainda não tinha lido, joguei-a no fundo de uma das minhas gavetas onde Tommy não tinha nenhum acesso. Se Thomas tinha um segredo escondido de mim, agora eu também tenho um segredo, tal que desejo que ele nunca saiba. Me peguei várias vezes durante os dias pensando "como ele está vivo?", "Por que Thomas não o matou?", eram muitos questionamentos sem respostas. E mais uma vez voltamos para a mesma discussão, os segredos que Thomas Shelby esconde de mim.

___ Cammy. ___ disse Polly ao me encontrar na sala de jantar.

___ Polly, ___ sorri para ela. ___ não sabia que iríamos receber sua visita.

___ O Tommy está em casa? ___ ela questionou enquanto olhava tudo a sua volta colocando por fim os olhos em Edmund. ___ O garoto agora mora com você?

___ Sim. ___ cruzei os braços. ___ Mas o Tommy não está.

___ Estou aqui Cammy. ___ declarou entrando na sala de uma vez.

Thomas havia saído cedo, disse que precisava resolver assuntos, então não me importei, mantinha-me maior parte do tempo ocupada com Edmund. Tomei um ar de surpresa ao ve-lo, pois, não imaginava que ele voltaria tão cedo, ao mesmo tempo que, imaginei que Tommy teria combinado tudo com Polly. De certa forma, muito me irritava a relação dos dois, sentia-me totalmente excluída quando Polly estava por perto.

___ Cammy, ___ ele se aproximou de mim. ___ que tal levar o pequeno Ed para dar uma volta no jardim? ___ sugeriu me dando um sorriso leve. ___ Eu logo encontrarei você.

___ Tommy, ___ ela chamou sua atenção. ___ ela merece ouvir.

___ O que? ___ encarei ela.

___ Alfie Solomons está de volta na cidade, ___ ela acendeu um cigarro. ___ ele está fazendo amigos por toda cidade.

___ O Alfie não tem amigos! ___ indaguei.

___ Cammy, por favor, leva o Ed para o jardim.

Me sentia tão irritada quando Thomas me mandava sair no meio de uma conversa, não era como se ele tivesse total controle sobre mim, mas eu sempre respeitei seu pedido, afinal, eram os negócios dele. Peguei Edmund nos braços levando-o para o jardim, eu havia de ter ganhado um cavalo de Thomas, um belo cavalo de cor escura como o dele. Nunca fui boa em montar, mas na minha adolescência pratiquei o suficiente para conseguir andar por alguns minutos em um cavalo sem perder o controle, afinal de contas, não era tão difícil assim. Já no jardim, encarei alguns homens a distância, eram dois, pareciam estar conversando, entretanto, tinha uma aparência inquietante.

___ Charles, quem são aqueles homens?

___ O Tommy disse que era por precaução.

___ Precaução? ___ questionei duvidosa.

___ Oi, ___ ele disse ao se aproximar. ___ estou aqui.

Tinha algo errado no ar, era notório a presença dos inimigos em nossas terras, mas agora era uma questão totalmente desconhecida para mim, os russos já tinha partido, nos deixando em paz, quem poderia ser? Thomas parecia aflito, devia ser pela presença de Alfie na cidade, ele estava gelado como gelo, senti logo que suas mãos tocaram meu rosto.

___ Quem são aqueles homens? ___ questonei.

___ Eles trabalham para mim. ___ disse de maneira simples. ___ Que tal uma volta de cavalo Ed.?

___ Sim!!! ___ disse saltitante o garotinho.

___ Charles prepare mais um cavalo, iremos dar um passeio.

___ Thomas, ___ suspirei preocupada. ___ Alfie está de volta, o que faremos?

___ Ele não vai nos incomodar, eu prometo, posso assegurar isso. ___ ele beijou-me após confessar.

Talvez a fala de Thomas não me inspirasse muita confiança, não era como ter dúvidas de sua capacidade de vingança e até onde poderia ir para ter o que quer, era sobre a capacidade de Alfie. Lidei com Alfie por muito tempo, tenho noção de como funciona sua mente doente, sabendo que sua loucura supera sua razão e que ele não temia nem mesmo ao seu Deus, muito menos a Thomas.

___ Aqui está Tommy.___ disse Charles ao trazer seu cavalo.

___ Vamos? ___ ele sorriu me estendendo a mão para subir no cavalo.

___ Tommy, ___ suspirei ainda receosa.

___ Ed quer muito esse passeio, não nos faça essa desfeita. ___ ele insistiu. ___ Comprei o cavalo e você ainda não montou.

___ Está bem.

Notei nos últimos dias que a presença de Edmund na casa tornou Thomas um pouco mais afetivo, nada muito notório, mas ele demonstrava vez ou outra um pouco mais de sentimentalismo. Tinha uma relação muito bom com o pequeno, tomando cuidados que um pai tomaria com Edmund, o que me deixava muito feliz. Então, Thomas ajudou-me a subir no cavalo, dando-me as rédias para guiar o animal. Logo o mesmo colocou Ed em seu cavalo, subindo logo em seguida, encarregou-se de cavalgar com o pequeno.

___ Quero que possamos explorar um pouco mais essas terras. ___ ele disse enquanto cavalgamos. ___ Pensei em abrir uma fábrica aqui perto, assim não ficaria tão longe de você.

___ As terras são extensas, ___ declarei enquanto admirava as terras verdes. ___ pode ser uma boa ideia.

Gostava de como Thomas estava se esforçando para me deixar tranquila, sem mais ignorar os fatos que vinha acontecendo, mas tentando deixado tudo mais calmo e fácil de lidar. Estávamos em um bom momento, aproveitando os raios de sol da manhã em um passeio a cavalo e apesar da ameaça de Alfie, íamos bem.

___ Tommy! ___ gritei quando avistei um homem armado apontando a arma para mim.

Instantes, é o que precisamos para que tudo mude em nossas vidas, foi exatamente isso que nos aconteceu naquela amanhã. Poderia até retirar o que disse, nada mais estava bem, tinha um homem com a arma apontada para mim, ele não esperou muito desde que gritei para atirar, o tiro acertou meu ombro e me fez cair no momento exato. Quando deparei-me de encontro ao chão, senti que estava perdendo os sentidos e a última coisa que vi, foi Thomas caminhando em direção ao homem, e seu cavalo abandonado. Não lembro de nada que veio depois.

OLHOS CIGANOS | Thomas ShelbyWhere stories live. Discover now