Prólogo🥀

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Daphne Martin

Gritos. Choros. Brigas. Confusão. Era o que eu ouvia, enquanto passava em um dos diversos corredores do hospital psiquiátrico, onde eu passei os meus últimos dois anos internada. Junto a mim, tinha dois enfermeiros, me levando para algum lugar que eu suspeito ser o carro que me levará ao meu novo lar. Com esse pensamento, eu dou uma leve risada. Lar. Para alguns essa palavra soa familiar, agradável, já para mim remete a traumas, dor e sofrimento.

Hoje eu serei transferida para outro hospital psiquiátrico, o qual eu não sei o nome, nem endereço. Só me levaram na direção na noite anterior, e me disseram que pela manhã, eu iria ser mandada para outro local. Sem explicações, nem motivos, me deixando completamente perdida e confusa. Isso com certeza tem o dedo de Fabrício, meu tio, que foi a razão, para eu estar até hoje nesse lugar deplorável que cada dia que passa fica pior. Acho que pode ser por isso que estão me transferindo, esse lugar deve estar indo a falência e caindo aos pedaços, por esse motivo estão tendo que transferir alguns pacientes.

- Vocês poderiam me dizer para qual hospital eu irei? - Pergunto aos enfermeiros, em uma tentativa visivelmente falha de começar um diálogo. - Eu realmente estou muito curiosa para saber.

- Não sabemos de nada, e não podemos te dizer nada também. Então mantenha a boca fechada antes que eu lhe aplique a injeção de calmante. - Respondeu o enfermeiro do meu lado esquerdo. Para que tanta ignorância se eu apenas fiz uma pergunta boba?

- Estamos apenas seguindo ordens, criança. - O enfermeiro do lado direito disse calmo e gentil, ao contrário do rabugento, que deu uma olhada de desaprovação para ele. E eu apenas olhei para o homem gentil e balancei a cabeça concordando e agradecendo o mesmo.

Logo eu vejo em minha frente a grande porta da frente, assim que ela é aberta, eu consigo ver o lado de fora, está um dia nublado mas ainda assim eu consigo ver alguns raios de sol, mesmo escondidos entre as nuvens. Sinto um vento gelado vir em minha direção e me arrepio, a roupa que estou vestida, digamos que o tecido é muito leve e de qualidade muito vagabunda, sendo uma calça moletom, uma blusa de mangas compridas e uma par de sapatos sem cadarços e meias, tudo era branco. Eu suspeito que o método deles usarem cores neutras, é algum tipo de manipulação psicológica que faz a pessoa enlouquecer a cada dia.

Quando finalmente paramos em frente ao carro - branco, para variar - Eu vejo a diretora do hospital. A senhora em minha frente que não devia passar dos seus quarenta anos, está super mal acabada, mas quem sou eu para falar alguma coisa, já que a minha situação está deplorável também, mas eu diferente dela acabei de completar dezoito anos, a mulher em minha frente vestia uma saia cinza que passava dos joelhos e um blusa social branca, carregava consigo uma terço com uma cruz na ponta, os cabelos sempre presos em um coque sem um fio solto, e a sua feição não tinha um sorriso se quer, a pele extremamente ressecada e isso tudo acompanhado de uma carranca horrorosa que me causava arrepios. Vaca. Capeta em forma humana. Essas eram as palavras certas para descrever essa mulher, Matilde, era seu nome.

- Está pronta para ir para sua nova moradia, senhorita Martin? - A diaba me pergunta com um sorriso cínico, que dava vontade de tirar com as minhas próprias mãos, mas não queria ser castigada, não novamente.

- Senhora Matilde, poderia me dizer onde será minha nova moradia? - Respondo sua pergunta com outra, mas sempre tendo o máximo de cuidado com as palavras, as pessoas desse lugar se ofendem com pouco. - Ninguém me falou nada sobre o local, estou extremamente curiosa.

- Ora, minha querida, você irá descobrir quando chegar lá. Espero que Deus lhe proteja e te salve dessa sua mente doente. - Matilde fala com uma gentileza falsa, enquanto fazia o sinal da cruz em minha cabeça, dava para ver o veneno dessa cobra escorrendo de sua boca. Ela é extremamente religiosa, e usava Deus e a religião como desculpa e passes livres para fazer suas pressões psicológicas e torturas, com a desculpa de que era um método eficaz e abençoado de curar os doentes.

Que queime no fogo do inferno sua vaca.

Matilde vem em minha direção e beija o topo da minha cabeça, tento me afastar, mas ela me puxa para si, forçando um abraço.

- Adeus, senhora Matilde. - Lhe dou um último olhar e um sorriso educado, escondendo minha cara de nojo ao sentir a saliva dessa mulher em meu rosto.

- Adeus, senhorita Martin.

Entro no carro, acompanhada de um enfermeiro, que infelizmente era o rabugento, então durante a viagem, que não sabia se seria longa ou curta, eu tentaria não olhar para a cara dele. Consigo sentir o carro começar a se movimentar, agora o que me resta é esperar, e implorar aos anjos que esse novo hospital seja pelo menos decente e que eu consiga me acostumar.

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Meu doce anjo caído [FAMÍLIA BELLEROSE]🥀 Where stories live. Discover now