Capítulo IV • Manus parvae

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     Hannah acordou no mesmo horário de sempre, colocou um vestido verde e esperou a hora de descer para acompanhar Maria Anna para o café da manhã.

Depois de umas duas horas em média, uma das damas vestidoras chegou no aposento dela para dizer que a princesa estava pronta, ela acompanhou a dama, mas foi interrompida por uma garotinha de cachos castanhos

— Hannah, eu preciso de você, venha, venha — disse Helena puxando a mão de Hannah.

— Helena! O que quer? — Pergunta cheia de dúvidas enquanto é puxada pela criança.

— Apenas venha, é importante! — insistiu a menina.

— Não posso, tenho que ir para o aposento da sua irmã.

— Por favor — pediu.

— Rose — Hannah chamou a dama vestidora — Vá na frente e chame as outras damas de companhia, logo a acompanharei, se a princesa perguntar de mim diga que chegarei brevemente.

— Sim, farei isso — acata a ordem rapidamente.

     A jovem não fazia a menor ideia de onde Helena a levaria, mas seguiu. Elas chegaram em um dos lugares mais imponentes do palácio, o escritório do rei, tinha detalhes em ouro, longas cortinas vermelhas amarradas delicadamente com uma fita de cetim dourada, cadeiras estofadas e um chão de mármore preto brilhante como em todo o palácio. Obviamente o rei estava lá mergulhado em papéis, com ele estava um nobre, quando ele viu a filha na porta dispensou o homem e recebeu com doces palavras.

— Olá minha filha como está? Quem é essa com você? — pergunta o rei ternamente.

— Olá papai estou ótima — abre um largo sorriso— essa é Hannah, Baronesa de Hansford, minha amiga, ela veio até aqui para te pedir uma coisa — juntou as mãos e fez um olhar pidão para o pai.

— O que quer moça? — o rei perguntou olhando para uns papéis.

— Eu... — gaguejou — Só um minuto senhor. — Ela pegou na mão de Helena a levou para a porta — O que quer que eu peça a ele? Não estou precisando de nada agora.

— Eu esqueci de falar o que deveria pedir — riu — Meu irmão comentou que conheceu uma moça que queria ir à biblioteca particular do papai, mas estava com medo de pedir, também comentou que é uma das damas de Maria então liguei os pontinhos e tracei um plano e descobri quem era. É para você pedir a autorização para entrar na biblioteca.

— Ah, está bom farei isso, obrigada minha lindinha você é muito inteligente e prestativa. — Ela abraçou a garotinha e entrou de volta.

— Vamos, fale logo não tenho todo o tempo do mundo, sou o rei, um homem ocupado! — exclama o monarca com o cenho franzido.

— Senhor, queria ter acesso a sua biblioteca particular, foi isso que eu vim pedir — fitava os pés, as unhas, enrolava os dedos no cabelo porque não conseguia olhar nos olhos do rei.

— E o que mais? — pergunta.

— Só isso majestade — responde por fim.

Pela primeira vez o rei tirou os olhos do papel, ele ficou embasbacado por ser apenas isso o que a jovem queria, uns queriam terras, outros títulos, a garoto esperou bastante tempo para poder falar com ele só porque queria livros.

— Porque eu deveria deixá-la ir para lá. Me dê apenas um motivo. —Ordenou o rei.

— Eu simplesmente amo ler, sua majestade já imaginou em quantos universos pode se viver lendo? Acompanhar a vida de um personagem suas vitórias, suas derrotas, seus amores, é incrível! — respondeu sonhadora — Mas claro, se o senhor acha que não é um bom motivo entenderei — pela primeira vez olhou nas belas esmeraldas que o rei tinha em seu rosto.

Centaurea CyanusOnde histórias criam vida. Descubra agora