Capítulo XXXII • Sicut amici

10 1 0
                                    


— Onde eu estou? — Hannah acorda e fica sentada na cama que James havia deixando-a, esfrega os olhos e observa o local.

— Você dormiu muito — James disse enquanto polia suas medalhas.

— Que horas são? — pergunta com uma voz meio confusa.

— São sete e meia da noite — olha em um relógio de bolso dourado que estava na mesa — Me admira ter dormido quase seis horas, não descansou no caminho para cá? — estava de costas enquanto conversava com ela, fecha a caixa encapada com veludo onde guardava suas medalhas.

— Eu até dormi, mas não descansei — levanta as cobertas e desce da cama.

Ele vira-se e a vê com o vestido amassado, cabelos desgrenhados e sorri timidamente.

— Estou muito horrível? — passa a mão sob as saias do vestido tentando desamassá-las.

— Está normal — não conseguia olhar para ela sem sorrir.

                                                               ※

Tão adorável, tão adorável vê-la com o cabelo bagunçado, as roupas amassadas, rosto marcado por causa do travesseiro, queria poder ver isso sempre, como ela consegue ser tão bonita?

                                                               ※

— Como pode dizer que estou normal?! — exclama depois de se sentar no banco da penteadeira em frente ao espelho— Veja meu estado!

— Me desculpe, é que para mim você está normal. — Ele pega uma escova de cabelo que estava dentro de uma gaveta— Fique reta, vou pentear seu cabelo — ele retira a fitinha que prendia o cabelo e começa a pentear os longos fios de Hannah.

— Você por acaso sabe o que está fazendo? — pergunta para ele, enquanto observa o reflexo do rapaz no espelho que estava com uma expressão concentrada para não puxar nem um fio sequer.

— Sim eu sei, as vezes eu fazia alguns penteados na Helena — ficou em silencio, enquanto trabalhava minuciosamente, ele pegou duas mechas da frente do cabelo e as amarrou atrás, depois vai na frente dela e puxa dois fios atrás da orelha, seus rostos ficaram extremamente perto um do outro — Já disse que tem olhos bonitos, assim de pertinho eles parecem joias — ele diz no ouvido dela, o que a faz corar instantaneamente — Prontíssima! — coloca e escova de volta na gaveta.

— Obrigada James, você conseguiu fazer melhor do que eu — o garoto sorri envergonhado.

— No dia do casamento quero que faça meu cabelo, quero exatamente esse mesmo penteado simples.

— Se eu tiver tempo...

— Você vai arranjar tempo. Bom, agora eu preciso voltar para meu aposento, e... obrigada mesmo pelo apoio que me deu hoje, nunca vou esquecer disso nem das suas palavras doces, ah e obrigada por elogiar os meus olhos, os seus também são muito bonitos — vai em direção a porta— Você é um ótimo amigo! Boa noite! — ela se retira do local.

— Eu não quero ser só seu amigo... —murmura baixinho depois da saída dela.

A tarde do dia seguinte, Hannah iria tomar chá com sua família, como não queria ir só, procurou saber onde Ben estava hospedado e foi até lá, na porta do aposento encontra um homem de estatura baixo de expressão gentil.

— Olá boa tarde, é aqui que fica o aposento do Duque de Barzzio?

— Sim, sou o tradutor designado a ele, quer que eu o chame? — ela assente com a cabeça.

— Hannah, boa tarde. Como vai? Precisa de mim para algo? — Diz de forma gentil e atenciosas como sempre.

— Vou para um chá com a minha família, seria muito bom se fosse comigo, está ocupado? — seu sorriso mostrava bastante felicidade, mas seus olhos o contradiziam, mostravam medo, afinal ela veria Harold novamente, seria torturante, mas mascarava isso muito bem com um sorriso bastante convincente.

— Estou totalmente livre! —exclama empolgado.

— Certo, então vamos — ela o conduz até o local.

Eles saíram do palácio, e foram para perto dos jardins, logo chegam ao local, e avistam uma pequena tenda onde todos estavam.

— Boa tarde pessoal! — Hannah cumprimenta as pessoas e logo suas pernas são agarradas por três garotinhos, seus irmãos menores.

Edward tinha dez anos, pele branca cabelos pretos e lisos, olhos azuis e expressão doce, Philip tinha nove anos, cabelos castanho-escuros, olhos cor de avelã, era bastante sorridente, Christopher tinha oito anos, tinha cabelos negros como de Edward, bastante baixinho e tinhas olhos cinzentos.

— Nós sentimos tanto a sua falta! — os meninos diziam em uníssono— Quem é esse aí? — o menino mais novo indaga.

— Esse aqui é o meu grande amigo Benjamin! — ela o apresenta sorridente.

— Grande amigo não é Hannah? — zombeteia Harold— Sente-se logo —ela obedece— Quando planejava nos contar que se casaria?

— Somos realmente apenas amigos, não tenho nenhum interesse na senhorita Hannah nesse sentido, e eu sou noivo, me casarei brevemente. — (T.R). Ben diz calmamente.

— É exatamente isso, tudo esclarecido certo?

— Aparentemente — Margareth diz— Mas...quando pretende se casar minha filha?

— Não sei se pretendo — responde com firmeza.

— Como assim? — começa a rir— Precisa se casar, vai completar dezoito anos em breve meu amor, já está mais que na hora. Me casei com seu pai com dezesseis.

— Se eu encontrar alguém que seja merecedor...

— Estou achando isso tudo um pouco estranho—Joseph observa— Qual a sua relação com aquele príncipe?

— Nós somos colegas.

— Não se agarra o braço de um colega do jeito que você fez ontem, pensa que eu não percebi isso mocinha? — Harold a provoca. Bem olha para ela assustado, o tradutor traduzia tudo que as pessoas diziam umas para as outras cochichando em seus ouvidos.

— Sem ofensas minha linda, mas acho que é uma concubina dele.

— Harold! Como tem coragem de dizer isso?! — Joseph berra em defesa da irmã — Ela é uma dama! Uma moça pura e intocada! —suspira e inspira rapidamente.

— Eu duvido muito! — em seu rosto forma-se um sorrio malicioso.

— Harold por favor... —Margareth olha para ele preocupada.

— Cale a boca mulher! Você não quer aceitar que sua filha foi para aquele país para ser concubina e ganhar rios de dinheiro com o disfarce de dama de companhia!

— Eu nunca mancharia o nome do meu pai assim! — os olhos de Hannah ficam marejados.

— Meninos vão para o quarto de vocês por favor— a mãe de Hannah ordena as crianças e elas obedecem rapidamente.

— Que nome?! — ele caçoa— Seu pai era um qualquer que o rei ficou com dó e deu um título e um sobrenome bonito!

Cada vez Hannah ficava mais estressada, estava prestes a explodir ali mesmo.

— Me deem licença, não vim aqui para ficar ouvindo a memória do meu pai ser desonrada. Venha Ben. Tenham um ótimo dia.

Hannah e Benjamin caminham rapidamente de volta para o palácio. E param na frente do quarto de Hannah.

— Ben...obrigada por hoje e desculpe você ter visto aquilo, eu preciso descansar, nos vemos amanhã na cerimônia?

— Claro Hannah, disponha, gosto de passar tempo com você —ele sorri gentilmente— Para falar a verdade... eu não entendi nada do que vocês conversaram, o tradutor estava meio assustado e embaralhava todas as palavras, mas espero que fique melhor —ele ri— Boa noite, até amanhã! — ele sai e Hannah enta no quarto.

Centaurea CyanusOnde histórias criam vida. Descubra agora