Capítulo XXIX • Reus

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     Era por volta das nove da noite, todas as damas e Maria foram dispensadas, mas ela pediu que Hannah ficasse lá por um tempinho a mais.

— Maria querida por que pediu que eu ficasse aqui por mais um tempo? Precisa de algo específico? — a dama fita sua senhora gentilmente, Maria estava com uma expressão muito melancólica, na verdade estava assim o dia inteiro.

— Eu estou muito mal — se joga em cima de sua cama.

— Por que meu bem? — senta-se ao lado e pega na mão dela preocupada.

— Lewis se mudará definitivamente para o ducado dele, meu pai descobriu o segredo dele. — diz com os olhos cheios de lágrimas — Eu deveria ter o protegido como eu prometi quando éramos mais novos!

— Ah Maria... eu sinto tanto... — deita-se ao lado dela e põe as mãos em seu rosto— O que aconteceu?

— Um serviçal do meu pai, pegou meu irmão e um de seus favoritos se agarrando dentro da pequena sala onde são guardados os violinos, e não hesitou em dizer ao meu pai sobre o que viu — ela apertava o lençol de sua cama—Deveria ter protegido ele! Eu deveria ter protegido o meu irmãozinho Hannah... — desaba em lágrimas com um complexo de culpa inimaginavelmente gigantesco.

— Maria, a culpa não é sua — acaricia gentilmente os loiros cachos de sua amiga.

— Sabe... depois daquele ocorrido, ele nunca foi o mesmo comigo, nunca mais quis conversar sobre as intimidades, claro que eu considero que meu irmão não é mais um garotinho, não contará tudo para mim, mas depois que você o viu... não pediu mais minha ajuda em relação a nada, não me olha do mesmo jeito terno de sempre, agora pareço uma estranha — secava o rosto com as mãos.

— O seu irmão não é mais um menininho e querendo ou não, ele se acostumou com a distância que estavam e não sentiu que precisava mais da irmã mais velha em tudo que fazia, Lewis encontrou refúgio em outras coisas e em outras pessoas, você não deve se culpar tanto — continua acariciando os cabelos dela, enquanto olhava-a — Ainda poderão trocar cartas, ainda saberão um do outro, não é como se ele fosse morrer.

— Você...você pode ter razão —seca as suas lágrimas de sofrimento com os próprios cabelos.

— Eu tenho razão, você vai se acostumar, no começo dói, mas depois vai ficar tudo bem — sorri gentilmente— Te garanto!

— Você realmente acha?

— Sim eu acho.

Naquela noite, chegou uma carta aos aposentos da princesa. Hannah não estava mais lá.

"Minha amada irmã,

Agradeço do fundo do meu coração todos os seus esforços em me proteger, guardar meu segredo tão bem e principalmente por me amar. Seu apoio, fez com que eu me amasse do jeito que eu sou, não do jeito que esperam que eu seja, o seu amor fez com que eu aceitasse a mim e parasse de esconder quem sou de verdade do mundo, graças a você pude me encontrar e quero que troquemos muitas cartas. Acho que vai ser melhor para mim, ficar no ducado, porque lá, não terei o medo do nosso pai que sempre tive no tempo que morei aqui no palácio. Espero muito que não sinta minha falta e que fique muito bem.

Com amor,

Lewis"

Na manhã seguinte, sem que ninguém soubesse, Lewis foi levado do palácio.


Lewis tinha um ducado que ele governava com auxílio de um conselho.

Centaurea CyanusOnde histórias criam vida. Descubra agora