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APESAR DE PARECER grosseiro, seu tom de voz era suave. Não parecia estar com medo ou nervosa como da última vez
- E- eu não consegui dormir- praguejo mentalmente tirando a minha mão do seu o
Eu gaguejei como se fosse um adolescente?- Pergunto a mim mesmo querendo bater a minha cabeça contra qualquer árvore ao meu redor
Ela finalmente se vira e os nossos olhares se cruzam. É como se o tempo tivesse congelado e os sons diminuíssem cada vez mais até eu não ouvir mas nada além das batidas do meu coração
Todo seu rosto se iluminou quando a mesma me ofereceu um sorriso
- Eu também não- seu lábio inferior treme pelo frio e de forma automática levo minha mão até sua bochecha
Assim que percebo o que fiz, solto um pesado suspiro e fecho os meus olhos quebrando o contato visual dando um passo para trás aumentando o espaço entre nós dois
Deus, ela é só uma criança. Seja lá o que acabou de acontecer aqui, não vai mais se repetir
- Porque você está aqui?- me pergunta, dessa vez um pouco mais distante como se tivesse dado alguns passos para trás também- Não vai me responder?- seu tom de voz muda para um mais irritado depois de eu demorar para responder a sua pergunta
- Eu não sei
- Não sabe?- cruza os braços franzido a testa
- Não sei porque estou aqui, só... Estou
Eu estava dormindo quando comecei a ter vários pesadelos com as suas lembranças. Então decidi sair para dar uma espairecida, mas quando eu passei na barreira de proteção e caminhei um pouco pela Floresta tinha uma fenda de um portão aberto
E a minha parte racional me mandava voltar para a Alphea, mas era como se o portal me chamasse, então eu passei por ele e acabei aqui, na mesma floresta de algumas noites atrás
A mesma revira os olhos e solta uma lufada- Vai me atacar de novo?- Pergunta e dessa vez quem ergue uma das sobrancelhas sou eu
- Atacar? Até onde eu me lembre, quem me atacou foi você- a fada arregala os olhos indignada
- Eu? Você que tinha uma espada- acusa
- Qual eu nem toquei- me defendo a fazendo soltar uma lufada irritada
- Quer saber? É melhor eu ir embora- resmunga me dando as costas e começando a seguir o caminho de volta
Alguma coisa dentro de mim não queira que ela fosse embora. Queria levá-la até Alphea e a deixando segura sem que ninguém lá possa machuca-la, como fazem em seu orfanato
Antes de Farah e eu concordarmos em vir juntos ao mundo dos humanos, eu vim sozinho por ordem da diretora para fazer um reconhecimento
E vi, pelo menos duas vezes que a supervisora do orfanato a castigou deixando algumas cicatrizes, não pude intervir, mesmo querendo entrar lá e cravar minha espada no baço dela, não pude, e isso me atormentou me fazendo perder duas semanas de noite de sono
