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SEJA CORAJOSA

Seja corajosa

Seja corajosa

Izzie repetiu isso umas vinte vezes pra si mesma depois do que Farah disse, mas quando as outras pessoas começaram a prestar atenção nela, e algumas meninas a olharam de cima a baixo com seus olhares julgadores e sussurros maldosos

Estava farta disso, já havia aguentado demais no orfanato

A mesma jogou tudo aos céus e foi embora depois de assistir apenas duas aulas

Então, agora, deitada novamente no chão admirando o céu, do outro lado da barreira. Izzie começa a pensar em tudo

Em como a sua vida era horrível até algumas semanas atrás. Pensava se valia a pena voltar, ser corajosa e encarar os olhares julgadores das outras pessoas, ou se ficava ali, deitada sobre as folhas molhadas sozinha com os seus pensamentos

Mas ela não estava sozinha

Silva estava ali, em pé encostado em uma árvore observando a fada deitada sobre as folhas ainda molhadas, assim como da última vez que se viram

- Acho interessante a nossa capacidade de sempre nos encontrarmos em uma floresta- comenta Izzie fazendo o especialista se sentir constrangido por ter sido pego no flagra- algumas pessoas acharam isso perturbador!

O mesmo se desencosta da árvore e caminha até ela, que se senta abraçando as suas pernas

- Porque não está em aula?- se limita a perguntar, mesmo querendo perguntar como ela sempre sabia que ele estava por perto

A mesma solta um suspiro dando de ombros em seguida, não querendo responder a pergunta, parecia besteira dizer em voz alta

- Sabia que, antes de hoje, a única vez que eu pisei em uma sala de aula foi quando tinha nova anos e eu fiz um dia de aula de francês no orfanato- sorrir amargurada- antes de ser expulsa as aulas por que bati em uma menina

- E por que bateu nela?- pergunta interessado sentando ao seu lado

Era a primeira vez que ela falava tão abertamente sobre acontecimentos da sua vida

- Porque ela era insuportável, como uma criança de nove anos podia ser tão cruel? Ela batia em mim, puxava o meu cabelo, era uma mine ditadora- seu tom era de revolta enquanto relembrava a sua infância, e mesmo sabendo que não era certo, Silva riu- Não tem graça!

- Não tem, eu sei que não, é só que...- solta uma pequena risada- nao consigo imaginar uma criança sendo tão cruel assim- os seus olhares se encontram e sem conseguir se controlar, Izzie o acompanha na risada

- Cala boca!- fala em um tom de brincadeira empurrando o seu ombro de leve

- Hey- finge um tom de indignação- ainda sou o seu professor sabia? Não pode falar assim comigo- devolve o empurrão

- Ah é?- sorri em um tom provocativo- e vai fazer o que professor? Vai me castigar?- a mesma ergue uma das sobrancelhas mostrando que o seu tom era de brincadeira

E Silva sente vontade de se tacar de uma ponte quando se pega olhando para os seus lábios que soltam um sorriso, tão lindo, tão genuíno

O mesmo engoli seco e cerra os punho desviando o olhar

- Talvez... Talvez eu te coloque pra pagar cinquenta flexões- diz a fazendo soltar uma gargalhada

- Oh senhor, tenha piedade de mim- finge um tom de súplica fazendo o especialista revirar os olhos

- É melhor você voltar pra sua aula- observa o sorriso da fada desmanchar

- Não quero voltar pra lá- desvia o olhar do dele, voltando a abraçar as suas pernas

- Você veio para Alphea na intensão de aprender a controlar e usar os seus poderes Isobel, não pode perder as aulas

- Fácil falar quando não é você que recebe olhares julgadores das outras pessoas- morde o lábio inferior nervosamente

- Você é a aluna nova, eles só estão curiosos. Talvez até queiram fazer amizade com você- tenta tranquilizar a fada que apenas solta uma lufada e revira os olhos

- Ah, por favor. A forma que aquelas meninas me olharam, era como se fossem me comer viva. Devem ter julgado até a forma que eu me visto

- O que tem a forma que você se veste?- pergunta voltando a olha-la, mas dessa vez desce o seu olhar para o corpo da mais nova, sem malícia alguma, apenas para observar as suas roupas

E não encontra nenhum problema nelas, a fada está usando uma calça jeans velha, botas pretas e uma camiseta cinza de alguma banda- que deve ser no mínimo dois números maior que o dela

- Elas são patricinhas, todas muito bem arrumadas e maquiadas, e eu aqui parecendo um mendigo- o seu tom era cheio de alto depreciação fazendo o especialista enrrugar o cenho

- Você não parece um mendigo, e se elas querem se arrumar para assistir um dia de aula, é decisão delas, você não precisa mudar o seu jeito de vestir e de falar só por que elas olharam torto pra você- toca o ombro da fada

O seu toque- que era bastante sutil- chama a atenção dela, as pessoas não costumavam toca-la, era como se tivessem medo. Mas isso não era uma das coisas que incomodavam ela, até por que a mesma nem gostava que a tocassem

Mas com Silva era diferente, assim como tudo. Os olhares dos dois se encontram fazendo que um sorria pra outro

Mas quando o especialista percebe que está com a mão no ombro de uma aluna e está sorrindo pra ela, se afasta no mesmo instante, soltando um suspiro e a vendo enrrugar o cenho se sentindo incomodada pela forma que ele retirou a mão de seu ombro como se fosse pegar um doença contagiosa

- É melhor você ir- e sem contestar, Izzie se levanta e vai embora sem olhar pra trás, ainda incomodada

TOUCH| saul silva Onde histórias criam vida. Descubra agora