Capítulo 3

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Joaquim Miller

Abro a geladeira pegando duas cervejas, entregando uma delas para Mel. Depois dela ter chegado do jantar com Noah e ido direto para seu quarto voltando minutos depois com seu habitual pijama de cetim azul marinho que consiste em uma camisa de botões e um short minúsculo.

- Como foi com Noah ? - Pergunto me sentando ao seu lado no sofá enquanto ela escolhe algum filme para a gente assistir.

- Bom... - comentou, ainda com os olhos fixados na tela plana na parede.

- Mel ? - chamo sua atenção preocupado. - Qual o problema? Ele foi invasivo com você?

- Não, foi ótimo o jantar. - ela disse sorrindo. - Até conheci sua sobrinha.

- Emma é uma querida. - assente sorrindo. - mais porque dessa carinha triste então se foi bom.

- Não sei, Noah é maravilhoso mas...

Esse mas, faz com que todos os meus instintos protetores seja ativados, eu sabia como havia sofrido nas mãos de Matteo e depois com Nicolas o ex-noivo que a machucou ainda mais.

- Ele magoou você de alguma forma ? - Ela sacudiu a cabeça negando, desviando os olho para a tv. - o que ele fez então?

- Nada, esse é o problema. - suspira frustrada- ele foi perfeito. E você sabe o que aconteceu quando pensei em ter encontrado o cara perfeito. - diz num tom duro ao recordar o que Nicolas fez. Melinda nunca contou o que Nicolas fez realmente, mais de alguma forma marcou ela para sempre.

- E como está o trabalho? - tento mudar de assunto.

Não quero magoá-la mexendo em feriada que ja cicatrizou.  Perdi a conta das inúmeras vezes em que ela acordava aos prantos no meio da madrugada. Melinda foi lidando bem a medida que o tempo foi passando, sua evolução profissional ultrapassou até mesmo meu irmão que apenas tem a graduação.

Uma das melhores lembranças que tinha da adolescência era de nós na cachoeira. Mesmo quando a água estava fria, Mel tirava a roupa e corria pois queria mergulhar. Olhar para essa mulher forte me faz viajar no tempo tinha tantos anos que não a via daí quando ela chegou em Curitiba parecia desolada, perdida. A Melinda que me lembrava era alegre contagiante sua timidez era um charme.

Cheguei acha-la patética por sofrer de uma forma crônica por um romance de verão. Até que perdi minha esposa, Pamela. Antes de entrar na sala de cirurgia, ela me fez prometer que escolheria nosso bebê, naquele momento não fazia ideia que perderia as duas.
Sou puxado dos meus devaneios por Melinda que está parada em minha frente com outra garrafa.

- Está de pé ainda? - Pergunta sobre nosso treino.

- Claro, depois da academia.

Depois que as meninas se foram fiquei desolado com raiva do mundo, aí Rafael me levou para um clube de tiro do qual fazia parte passei o dia lá e desde então não parei. É só um alvo e você acerta, por um momento no controle, pelo menos naquelas horas que passava ali atirando em pratos.  Levei Melinda uma vez e assim como eu pegou gosto pela coisa.

- Cada seu irmão libertino? - questiona sobre Rafael.

- Jantou e saiu com a namorada. - dei de ombro.

- O que ?

- Helena chegou hoje. - respondi. - Ele ia te apresentar no jantar, mais você teve uma encontro. - dou ênfase ao encontro.

- Quem é Helena ? Como assim aquele vadio não me conta nada. - Cruza os braços fazendo bico.

- Ciúmes, Boazinha? - ela abriu um sorriso, fazendo meu coração acelerar. Não de espanto mas de pura liberação de hormônios adolescente provocado pelo sorriso dela.

- Jamais, o que me surpreendeu foi que ele nunca me falou sobre uma possível namorada.

- Eles terminaram um pouco antes dele vir trabalhar com a gente. - Explico. - Ela não lidou muito bem com ele abandonado tudo para vir morar aqui. Voltaram mês passado depois da ultima viagem que ele fez para o Brasil- conclui fazendo Melinda abrir um sorriso único.

- Fico feliz por ele. Agora só falta você encontra um amor. - engoli seco suas últimas palavras.

-  Bom, como hoje é a sexta-feira dos solteiros sem ex para superar, dança comigo ? -Pego o celular para escolher alguma música da minha playlist e estendo-lhe a mão para puxa-la do sofá.

- E alguma vez eu te recusei uma dança? - responde me fazendo sorrir.

A coisa mais natural do mundo era envolvê-la nos braços, seu corpo vai relaxando conforme a melodia toca, como havia feito tantas vezes antes quando adolescentes. Naquela época foi difícil ser platônico, embora sedo um adulto eu deveria ter mais controle do que um adolescente com tesão, o que se torna difícil com os seios rígido dela contra meu peito, o quadril contra minha virilha. Melinda levantou o olhar com surpresa, mas não se esquivou. Nunca tocamos no assunto do beijo que roubei dela há alguns anos, não queria que pensasse que estava me aproveitando da sua fragilidade.

- Era isso que eu estava precisando. - sorriu deixando seus lábios centímetros dos meus, e eu por um instante quase a beijei. - Obrigada, Quim por ser esse amigo maravilhoso que cuida de mim.

Amigo, é isso que somos. Não precisa ser um gênio para saber que ela amava o Sullivans. Portanto, apesar de deseja-la, jamais colocaria nossa amizade em xeque.

Já se passava da uma da manhã quando Melinda começou a bocejar. Subimos os degraus com os braços entrelaçados, a tentação de beijar seus lábios...

Quando chegamos ao seu quarto, libero o ar que nem sabia que estava preso. Por fim, quando ela deitou na cama, se encolhendo. Sabia que uma parte de mim, meu eu adolescente passaria o resto da noite desejando estar com ela, peguei o edredom espera cobri-la.

Olho uma última vez para seu corpo ouvindo sua respiração suave, memorizando a sensação de suas belas curvas. Repetindo milhares de vezes que ela era apenas uma amiga.

Sabia que era errado ficar olhando assim, babando enquanto Mel dormia.

Como advogado, havia aprendido desde cedo camuflar emoções, bloquear qualquer sensação, para não cometer um erros irremediáveis.

- Joaquim você precisa controlar seus desejosos - grita meu subconsciente.
Desejo os quais tinha desde os dezoito anos, não era apenas um desejo carnal. Era algo diferente do que já senti por qualquer mulher até mesmo por minha falecida esposa.

Ela confia em mim, e jamais conseguiria me perdoar por usar isso ao meu favor. Também tem o fato de que ela apenas me quer como amigo.

Depois de sair do quarto dela vou em direção ao escritório, havia pego novos contratos o que seria útil agora para ocupar a cabeça sem pensar na ereção que pulsava dolorosamente contra a bermuda.

Alguma coisa havia mudado entre nós nos últimos anos, talvez o fato de dividirmos apartamento reacendeu sentimento adormecidos. Tudo com ela é tão fácil, me faz me sentir vivo como há muito tempo não sentia.

Mais não é justo arrasta-lá para minha escuridão.

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