Capítulo 10

73 10 1
                                    

Caminho descalça pela grama verde do lindo jardim da dona Marcela, encaro a tela do iPhone esperando uma resposta que não chega. Ligo mais cai direto na caixa postal, Joaquim estaria magoado comigo? Eu que tenho motivos para estar , por causa dele terei que trabalha com a água de salsicha já que ele não conseguiu manter o pau dentro das calças.

Chego ao pergolado num canto isolado da fazenda, me sento na namoradeira de balanço, a primavera azul cobriu o pergolado me faz lembrar da minha infância quando passava as férias aqui com meus primos e os Miller.  Dona Marcela, gritando para que não pisem no canteiro de onze horas, Lis correndo com toda descabelada com os braços abertos. Thomás, Joaquim, Rafael, Carol e eu jogando bola.

Alguns dos melhores verões foram aqui, correndo por esse gramado, cavalgando pelo imenso pasto que rodeia essa fazenda. As noites em ao redor da fogueira, Rafael Miller tocando e minha prima Camila o acompanhando com sua linda voz. Me perco recordando desses momentos únicos, quando finalmente sinto meu celular vibrar na mão, encaro a tela com um sorriso de orelha a orelha ao ver a foto o advogato acendendo a tela.

- Meu Deus achei que tinha morrido. - brinco no instante que atendo e vejo seus olhos.

- Você não tem tanta sorte assim. - ele brincou entrando no jogo sorrindo de lado- Como está as coisas aí? Thomás me ligou agora pouco para dizer que Camilla ficou noiva.

- Estragaria meu final de semana.- forço-me a pareceres independente ao fato que passei o dia tentando falar com ele sem resposta e com meu primo ficaram de fofoca. - Então, acho que se João Paulo não fizesse o pedido ela o faria. - a gargalhada de Joaquim chega como música aos meus ouvidos.

- Como seu avô costumava dizer "as mulheres dessa família são loucas " - agora quem ri sou eu. - Desculpa não ter te retornado mais cedo, fiquei preso no escritório e bom você sabe como é...

- Em qual momentos começamos a mentir um para o outro? - questiono não conseguindo controlar minha língua.

- como assim, Melinda ? O escritório esta um caos com os novos clientes e você simplesmente resolveu tirar férias!

- Eu vim para o aniversário da minha afilhada, Joaquim! - exaspero. - eu saí daí ontem! É só um final de semana.

- Mesmo assim. - rosna furioso. - e não teve a decência de me avisar, mandou recado pelo Rafael.

- Você mal fica em casa, está tão ocupado com a sua namorada. - suspiro.

- o que ? - ele parece surpreso com minha afirmação.

- você não dorme mais em casa, mal te vejo no escritório. Você queria que eu fosse na casa da senhorita Sloan para avisar que teria que me ausentar ? - balbucio sentindo meu rosto pegando fogo, se estivesse em um desenho animado concerteza estaria saído fumaça das minhas orelhas.

- Não é bem assim, você está exagerando a gente se viu... - ele fecha a boca numa linha reta tentando lembrar-se da última vez em que conversamos.

- no restaurante italiano, esse foi o dia. - digo com mágoa - Joaquim eu entendo que você está num relacionamento, e não vou me meter entre vocês, só que não faz sentido ela é o seu oposto.

O que é algo tão claro quanto uma nascente, Joaquim é responsável e ela tão fútil.

- não somos tão diferentes assim- da de ombro. - Talvez você só não tenha tido uma boa primeira impressão, Melinda.

- Boa impressão? Você só pode estar de brincadeira comigo Miller!

- Eu não consigo entende você, Medeiros! - vejo sua pupilar dobrar de tamanho. - Foi você mesma que me disse para seguir em frente. Porque está tão irritada?

- Nao estou!

- então por que parece que está? - pergunta novamente- está com ciúmes?

- eu com ciúmes ? - engulo seco. - É ridículo! Somos amigos, er.. eu me preocupo com você.

- Não precisa!  - pragueja. - Eu quero seguir em frente Melinda, eu te amo mas você não tem o direito de opinar com quem eu vou para cama.

- Eu também te amo. - digo sem graça, sua declaração me deixou desconsertada. - Ei mãe. - sorriu vendo ela se sentar ao meu lado. - Quim vou conversar com minha mãe mais tarde te ligo.

- Oi Val, com esta ? - ele pergunta e passo o celular para ela. Que troca algumas palavras e desligam.

- Você parece chateada, querida!

- Não é nada demais... - suspiro .- eu só não consigo entender como ele está com uma patricinha mimada... ela é tão fútil é insuportável... argh. - fecho as mãos com força do de lembrar do sorrisinho presunçoso daquela água de salsicha, minha mãe por outro lado abre um sorriso gigantesco. - Por essa cara?

- Meu Deus, Mel - solta uma gargalhada. - Filha você tá com ciúmes.

- Eu com ciúmes? Faça me o favor né mãe - solto uma risada nasal. - Ela não é boa o suficiente para ele.

- Filha faz sete anos que a esposa dele faleceu nada mais justo que ele siga em frente não acha ?

- Sim. -concordo.- Mas tem tanta mulher no mundo, eles não combinam!  são como água e azeite.

- Filha eu não posso dizer nada sobre essa garota! Mas conheço o Joaquim desde que nasceu, vi vocês crescerem e passarem por muita coisa, ele com a perda da esposa e da filha.- disse pegando na minha mão. - Você com o Matteo e depois com o Nicolas e o Aborto, mas uma coisa nunca mudou em todos esses anos.

- O que ?

- O jeito que ele olha para você, Melinda. - Afirma. - Os olhos daquele homem brilham, e os seus também. Só que sempre foram teimosos demais para admitirem pra si mesmos.

- Isso é bobagem mãe. Joaquim e eu sempre fomos apenas amigo - Coloridos completo mentalmente. - talvez se as coisas tivessem tomado um rumo diferente a senhora poderia ter razão.

- Filha você se lembra quando Joaquim ficou doente e você não saiu do lado dele um minuto sequer. Ou quando você caiu do cavalo e ele brigou com o médico para ficar como seu acompanhante mesmo sendo menor de idade e um menino? - assenti. - Filha a cumplicidade que vocês tem é única. Quando você tá com um problema para quem liga ? É para ele né, e mesmo quando a Pamela estava viva era a você que ele recorria.

- Verdade. -Sorri lembrando do meu numero de emergência.

- Eu passei quase trinta anos com seu pai, nunca tivemos nada parecido.

- eu não sabia disso, vocês eram tão unidos.

- Teatro Melinda, um casamento de aparências. - seu tom sai carregado de mágoas- Filha eu apostei tudo que tinha no seu pai, minha carreira meus sonhos meus vinte anos. - sorrimos . - Mas Mel você não é como eu, você não abaixa a cabeça, você é vice-presidente de um escritório que vale milhões, e o Joaquim não é apenas seu sócio ele é seu melhor amigo! Miller não é como seu pai Filha ou como seus ex, ele sempre foi apaixonado por você. Ah se alguém me olhasse como Joaquim olha para você.

- Ele é incrível. - digo emocionada. - Mas esse o problema, e se tentarmos e dar errado? Se nossa amizade acabar por causa disso? Mãe eu não posso perdê-lo.

- Filha vocês podem se perder um no outro porque sempre vão se encontra. - Coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. - Só não estrague as coisas por medo. Você complica demais.

Você Nunca Saiu Verdadeiramente Daqui Where stories live. Discover now