Capítulo 4

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As portas do elevador se abrem e rapidamente consigo escutar as risadas na cozinha, depois de um treino pesado e uma corrida pelo Central Park tudo que preciso agora é um banho. Tento passar despercebida indo em direção as escadas mais é em vão.

- Acordou cedo boazinha. - O pequeno Miller me nota.

- Bom dia. - digo no início da escada sem olhá-lo. - Vou tomar um banho e já desço.

Subo quase correndo os degraus ainda no ritmo, indo direto para o banheiro. Tomo uma ducha demorada, em seguida faço meu skincare, afinal estou com quase trinta anos logo estou revigorada. Escolho uma calça jeans skinni com a lavagem clara acompanhada de uma t shirt  verde-água escrito Good Vibes e uma jaqueta de couro preta,calço um coturno preto. Opto por uma maquiagem leve, deixo os cabelos preso numa trança boxeadora. Como não cortei o cabelo nos últimos anos está enorme. Dou uma última conferida no visual antes de descer.

Na cozinha as risadas continuam, assim que adentro o cômodo consigo ver a silhueta magra da loira, essa deve a Helena.

- Bom-dia família. - digo atraindo os olhos dos três.

Rafael está ainda de bermuda deixando seus gominhos amostra. Helena usa um vestido floral bem delicado, seus olhos azuis-celestes me encaram com sorriso tímido ela responde: 

- Bom dia, sou Helena Albuquerque . - estende a mão depois de limpa-lá.

- Melinda Medeiros.

- Oi. - Joaquim deixou o tablet de lado vindo em minha direção beijando minha testa. Ele está usando uma calça preta e uma camiseta branca que abraça perfeitamente seus músculos. - Bom dia.

- Boazinha... - Rafa balbucia me entregando uma xícara de café - Por que acordar tão cedo em pleno sábado?

- Rotina. Nossa buscaram o café naquela cafeteira brasileira? - sinto o aroma de café coado.

- Minha namorada master chef fez. - diz todo orgulhoso abraçando Helena. - Certo, Joaquim já disse que você ficou chateada por não ter te contado, mais em minha defesa você tinha saído com o engomadinho do seu professor.

- É sério isso? - indaguei pasma. - pra começar não foi um encontro, segundo você volto de viagem faz um mês . E terceiro e não menos importante para de chamar ele assim.

- Tudo bem. - levanta os braços em rendição rindo. - Mais o apelido quem deu foi o Joaquim!

- Quim. - ele apenas da de ombro com minha repreensão.

- Um encontro? - Helena questiona intercalando o olhar confuso sobre mim e Joaquim. - Mas você disse que eles... - encara o namorado confusa.

- Amor, deixa isso pra lá. - Rafael muda o assunto.

- Então você é chef ?- Pergunto provando as panquecas.

- Sim, trabalho num restaurante em Goiânia. - diz orgulhosa. - meu chefe me deixou encarregada desse novo depois que os filhos nasceram.

- interessante, mais antes você morava em Curitiba? - começo meu questionamento.

- Não, em Londrina. - comenta. - Eu estava fazendo estágio num tom restaurante em Curitiba e foi assim que conheci o Rafa.

- estão juntos há quanto tempo? - pergunto curiosa.

- entre idas e vindas - diz Rafael olhando para a namorada. - uns cinco anos, terminamos alguns meses antes deu vim pra cá, mas ela não resistiu ao meu charme. - Helena revira os olhos.

Terminamos a refeição em meio a conversas e risos. Olho para o casal na minha frente parecem tão apaixonados, nunca tinha visto Rafael assim. Brilhando.

Desvio o olhar para Joaquim, que por um momento parece perdido em meio aos próprios demônios. Será que ainda veria meu amigo apaixonado novamente? Sinceramente, ainda não entendia por que ele queria tanto ficar sozinho. Joaquim havia se tornado um solteirão convicto, sua vida noturna era tão agitada quando a do irmão.

Miller percebe que o encaro e me envia um meio-sorriso, mas não aquele sorriso zombeteiro com o qual estou habituada. Havia algo diferente, como se ele estivesse numa batalha interna.

- Obrigada pelo café. - agradeço me levantando. - Vamos ?

- Sim.

- onde os pombinhos estão indo ? - Rafael pergunta curioso.

Sem querer dar explicação, pego minha bolsa e vou em direção à porta do elevador com Joaquim no meu encalço. Descem e fomos até a garagem onde a baby dele estava, sua preciosa moto, uma Harley-Davidson.

No momento em que coloquei as mãos envolta da sua cintura seu corpo enrijeceu por alguns segundos logo voltando a relaxar. Ele guiou entre os carros. Meu corpo se aqueceu com o vento suave em meu rosto o apertei ainda mais, amava esses momentos que tinha com Joaquim, no meio do trânsito do centro de Manhattan.

Percorremos o caminho em até o clube que era num local afastado da cidade, as que saímos da grande metrópoles soltei os braços sentindo um estranho vazio, abri os mesmo soltando um grito de felicidade. Joaquim abriu um sorriso.

Três anos atrás, eu estava aos prantos na banheira, sentindo-me tão fraca por não ter controle sobre meus sentimento em relação a tudo. Carreira, família amor... Estava numa crise existencial. Até que, Joaquim entrou no quarto furioso, só o tinha visto assim quando sua esposa faleceu.

E simplesmente me tirou da banheira sem aviso prévio deixando-me de pé em meios aos soluços, sem se importa se estava nua em sua frente, mandou vestir uma roupa que iríamos sair.

Um grande peso caiu sobre minhas costas, enquanto em silêncio ele dirigia, reconheci que não havia uma razão plausível para estado deplorável que estava.  Lembro-me até hoje quando cheguei a esse lugar sem entender nada. Joaquim me entregou um rifle e fez a seguinte pergunta: " Está sentindo raiva ? - apenas assenti. - então imagina que esses pratos são seus problemas, é que cada tiro vai eliminar eles" dito isso coloquei o colete e abafador sonoro e comecei a atirar de um jeito desengonçado em meio às lágrimas, ficamos ali o restante do dia. É isso ajudo em relação ao Matteo, minha família e tem me ajudado também com problema de trabalho.

- Mel? - chama minha atenção me fazendo olhá-lo. Mas que inferno! Joaquim era a coisa mais sexy que já havia visto antes, mesmo que fosse apenas um amigo de longa data. É inevitável não ver o quão lindo é ele.

Sem sombra de dúvidas as coisas estavam mudando, e talvez seja só coisa da minha cabeça mais a conexão sexual que compartilhamos noite passada era perceptível. Ele também sentiu. O desejo que tínhamos um pelo outro não havia desaparecido, independente do quanto quisesse contê-lo.

Estava tornando-se uma tortura viver sob o mesmo teto que ele, um homem inteligente e sexy  andando sem camisa pela casa, fazem meus hormônios borbulharem. As emoções complicadas ainda assombramo-me a noite. 

- Que homem lindo e idiota! Será que não percebeu o quanto estava o desejando? - meu subconsciente debocha.

Não consegui conter o sorriso ao vê-lo tão concentrado mas, quando virou-se  o que quer que fosso que estivesse pensando desaparece, deixando meus pensamentos no limbo.

- Por que está me olhando assim ? - indaga. - qual é a do sorriso?

Já poderia saber que jamais me cansaria de ver as faíscas nos seus lindos olhos azuis.

- Você não gostaria de saber. - provoco em um tom sensual colocando as balas no rifle.

Você Nunca Saiu Verdadeiramente Daqui Donde viven las historias. Descúbrelo ahora