Capítulo 10

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O bar ficava, como indicava o aplicativo de mapas, quatro quarteirões para baixo do centro. Theo teve que refazer o caminho até a escola pelo bairro residencial. Quando estava a duas quadras do centro, dobrou a esquerda para pegar a avenida que o levaria até a igreja da matriz e o chafariz, depois desceu os quatro quarteirões, saindo ainda mais do seu caminho de casa. Para onde eu deveria estar indo...

Descendo pela lateral da praça, viu uma mulher de meia idade puxando um imenso carrinho de reciclagem. De longe, o rapaz percebeu, ela parecia mais velha. Talvez as roupas e a sujeira em si, de perto era bem nova. O cabelo preso em um coque perfeito, não tinha um único fio branco.

Quando começou a última parte do percurso, bastava apenas caminhar alguns metros e já chegaria, saiu do aplicativo, uma vez que não precisaria mais dele, e ligou para a mãe.

— Aonde você está, Theo? — ela não gostava de enrolações como "oi meu filhinho querido, tudo bem com você?"

— Mãe a senhora não vai acreditar! Estava voltando pra casa, mas lembrei que esqueci meu estojo na escola, vi quando cheguei na casa do meu amigo. Vou voltar lá e ver se alguém entregou para os professores — Theo deixou a voz neutra, como se não gostasse nem um pouco daquilo e só não estava xingando porque sabia que eram as palavras proibidas, ainda mais usá-las com quem as proibiu.

— Seu pai avisou que vai chegar as quatro horas, esteja no seu quarto ou sabe que ele vai atrás de você — esse foi o "beijo filho, se cuida na rua e olhe para os lados antes de atravessar!".

Acostumado e não esperando nada além do que a mãe sempre oferecia, o rapaz não se surpreendeu quando a tela voltou a brilhar exibindo a página inicial. Ele olhou novamente a mensagem que o cara do aplicativo mandou para ele:

"Eu estou indo para o local do encontro, vou te mandar a localização. Quando chegar lá, diga que precisa usar o banheiro".

Quando Theo pesquisou o local, mandou: "É um bar, acho que entrada de menor é proibida ou algo do tipo."

"É uma boate, queridão. E eles abrem para todas as idades durante o dia. Só precisa falar que quer usar o banheiro e pronto. Vai na cabine 2".

Theo não respondeu de volta, apenas continuou copiando a matéria no caderno.



Ao ver Christopher tirar a roupa tão casualmente e ficar com aquele recheio na cueca, mesmo que não ficasse duro, dava para ter noção sobre o instrumento de dor, depois disso, Theo esquecera completamente do celular e que marcara de se encontrar hoje à tarde com o carinha do aplicativo. Se conheceram no domingo à noite, quando o rapaz decidiu que precisava buscar novos relacionamentos para não satisfazer os desejos com o irmão.

Com uma mãe religiosa que sempre o vigiava de perto e um pai que, literalmente, conhecia a vida de todo mundo, Theo não poderia sair para uma baladinha e conhecer outros caras pessoalmente. Bastava apenas um conhecido vê-lo dando mole para outro cara e fofocar para o seu pai, ou entreabrir os lábios na hora da missa para sua mãe. O aplicativo foi a melhor solução que encontrou.

Viu que alguns tinham fotos, nomes e preferencias sexuais. Theo optou apenas por tirar uma foto da cintura com o short abaixado o suficiente para mostrar a cueca que usava no dia. Deixou alguns pentelhos aparecerem na foto. Preciso cuidar deles mais tarde, Bruno gostava, mas agora...

Depois de publicar a foto de perfil, decidiu escrever abaixo: "a procura de novas amizades". Saiu do aplicativo rapidamente, desligou a tela e correu para a cama, fingir que não havia feito nada. Era impossível que alguém o reconhecesse apenas com pentelhos e cueca, e se isso acontecesse poderia acusar a pessoa de estar lá primeiro, procurando machos para trepar. O que Theo sentia era ansiedade, roeu as unhas indagando-se se alguém o chamaria. Quem vai se interessar por mim?

SEGREDOS DA ILHA (ROMANCE GAY)Where stories live. Discover now