Capítulo 12

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Severus gostaria de ter conseguido conversar com Narcisa no momento em que teve o problema com Draconis, o sono do menino estava diferente e apesar dele não ter falado, o moreno sabia que o mesmo estava tendo sonhos e que foi isso que levou ele e o herdeiro Nott a faltarem nas aulas da manhã. Mas ele também pensou por um momento e decidiu que seria melhor observar mais um tempo, e com isso foi preciso quase uma semana para ele continuar notando o que estava acontecendo e ter a certeza de que alguma coisa estava realmente errada.

Então assim que a sua última aula do dia terminou, ele praticamente correu até o seu escritório que ficava em uma sala ao lado e a uma porta de distância; como todas as vezes, no momento em que ele chamou a Mansão através da lareira Narcisa e Andrômeda apareceram com o rosto já deixando claro que estavam preocupadas.

– Temos um problema. -Severus falou no mesmo momento, chamando ainda mais a atenção delas e vendo as duas ficarem mais confortáveis para a conversa.

– Dragão está bem? Ele está machucado? Lupin fez alguma coisa? -Andrômeda falou fazendo seus olhos escurecerem e ela parecer ainda mais com Belatrix.

– Lupin está estranhamente quieto, eu diria que ele está realmente aprontando com um advogado, mas liguei por outro motivo. -o homem faltou não sabendo o certo como explicar, nem mesmo na sua cabeça fazia muito sentido.

– Qual o problema? -Narcisa falou sentindo seu coração apertar com a cara que seu velho amigo estava fazendo.

– Draconis, alguma coisa está errada, ele está bem, mas alguma coisa está errada.

– O que você quer dizer com alguma coisa está errada? -Narcisa falou se sentindo pronta para ir até Hogwarts e trazer seu filho para perto dela.

– A algumas noites ele tem acordado, no meio da noite geralmente, ele simplesmente acorda e permanece acordado com a sensação de alguma coisa errada, isso está queimando a poção, e apesar dele não ter me contado, eu sei que ele está tendo sonhos. -Severus falou se sentando melhor no tapete.

– A poção foi queimada? E que sonhos são esses? -Andrômeda perguntou começando a pensar em maldições, poções ou feitiços que poderia estar fazendo isso com o menino deles.

– Foi, ela deveria durar mais oito horas pelo menos, mas não tinha nada no organismo dele e os sonhos não sei, enquanto ele não falar comigo, não posso dizer o que são.

– E sem machucados? Ferimentos? Hematomas? -Narcisa perguntou indo para a mesma linha de pensamento que a irmã.

– Nada, ele simplesmente senta na cama. Tenho mantido ele no quarto no meu dormitório, mas ele está começando a se queixar de ficar longe dos amigos. -Severus falou ensando na pequena careta que o menino fez naquela manhã e não era por causa do castigo por perder as aulas.

– Não é os amigos, é o Theo. Chame ele pra ficar com vocês, vai ajudar nesse quesito. E se alguém tiver notado mais algum sintoma ou algo estranho com nosso Dragão, vai ser Theo. -Narcisa falou começando a pensar na carta que iria mandar para o mais velho dos Nott, perguntando se ele sabia de alguma coisa.

– Vou fazer isso, se achar alguma coisa entro em contato. -Severus falou pensando em quão rápido podia mudar o outro menino pro seu dormitório.

– Cuide do nosso Dragão, eu vou fazer o mesmo daqui, e se achar alguma coisa, também entrarei em contato. -Narcisa falou suspirando e acenando, e Andrômeda fez o mesmo.

Draconis tinha certeza de que não deveria estar ali, ele tinha sido colocado na cama pelo padrinho a alguns minutos e a partir dessa noite, para que não se sentisse muito sozinho, Theo também estava se mudando para os dormitórios do professor e dividindo o quarto e a cama com o melhor amigo.

Os dois tinham sido colocados para dormir juntos, e tinha adormecido quase no mesmo momento, se sentiu mais relaxado do que nos últimos dias que tiveram que ficar separados durante a noite.

Mas em vez de estar no seu quarto, dormindo confortavelmente, ele estava caminhando em direção a cozinha do castelo, ele andava devagar e sentia sua barriga doendo do que ele só podia imaginar ser fome; um sentimento que crescendo entre tantas pessoas que amavam e protegiam ele, ele não conseguia identificar direito, mas jamais gostaria que ninguém sentisse.

O corredor vazio, a sensação de solidão e fome foram demais, Draconis se sentiu sobrecarregado e não sabia mais o porquê estava ali ou o que estava acontecendo com a sua vida; ele queria se esconder no canto e chorar, mas não conseguia se mover, só conseguia seguir o que estava acontecendo no sonho, podia ver suas lágrimas caírem ou talvez nem mesmo fosse as suas próprias lágrimas.

Ele tentou se encolher e gritar, com medo de estar ali e querendo ir embora, ele não achava mais aqueles sonhos legais e não queria nunca mais estar naquele lugar e sentir dor. Em um momento Draconis estava no corredor e no seguinte acordou gritando de volta no seu quarto, Theo acordou no mesmo momento e segundos depois Severus entrou no quarto com a varinha em mãos, pronto para defender os seus meninos, mas tudo que encontrou foi o seu afilhado chorando.

Harry estava fugindo da Granger e do Weasley, dos dois mais novos já que agora com Ginevra no castelo, ele tinha mais uma sombra atrás dele; mas todo esse sofrimento com os amigos falsos, eram compensados com o aumento de confiança que os dois sonserinos estavam tendo nele, o fato de ter sido chamado para a aventura na floresta provou isso e sabia que era hora de mostrar o seu lado de confiança e também contar um pouco sobre ele e sobre os problemas que achou que estava para se meter.

Ele estava andando pelo castelo em sua capa da invisibilidade, ele não queria ficar em sua sala comunal, mas também não tinha certeza de para onde estava indo; queria ver os amigos sonserinos, mas com a nova amizade de formando, sabia que os dois já tinham se recolhidos, então só restava andar sozinho pelo lugar.

Harry não tinha certeza exatamente de por onde estava andando, ele conhecia bastante do castelo, mas ainda nunca era o suficiente para saber sobre cada sala que estava vazia ou aquelas que estavam em uso.

Todas as vezes que um monitor passava por ele, ele se esforçava para fazer o máximo de silêncio e mesmo com a capa da invisibilidade se escondia no canto e esperar a pessoa passar, mas quando chegou em um determinado corredor, tudo parecia diferente, o chão estava molhado o que não era comum e as paredes pareciam mais geladas; o que realmente fez Harry congelar, foi o vento frio que passou por ele e uma voz que parecia sussurrar em seu ouvido, mesmo que não tivesse ninguém atrás dele.

"Você cheira errado, você não é ele."

"Eu não gosto disso, não estou feliz."

O filho perdido - DramortWhere stories live. Discover now