Capítulo 13

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O cheiro de gasolina e graxa estava impregnado no ar, um pedaço de pano tampava minha visão e eu podia ouvir conversas ao fundo, mas estavam longe demais para que eu pudesse entender, meus braços e pernas presos e uma dor aguda se espalhava em meu braço.

Então apaguei.

Quando abri os olhos novamente, estávamos em movimento e o cheiro de mofo e palha pairava ao meu redor, antes mesmo que pudesse me mover fui traída pelos meus olhos e desmaiei.

O cheiro era de remédios e lençóis lavados, me revirei até sentir algo pesar em meu braço - agora dormente -, havia algemas em minhas mãos e eu estava sozinha em um quarto. Minha cabeça doía e minha visão, ainda embaçada, tentava entender que lugar era aquele.

Primeiro, pensei estar em um hospital, mas não havia nada além do cheiro que pudesse me lembrar um hospital. Então a porta se abriu e uma mulher de olhos arregalados e cabelos muito bem penteados entrou:

- Você finalmente acordou, - ela sorriu -, deve estar faminta.

- Onde estou? - sussurrei com a voz entrecortada, minha garganta estava pesada -.

- Você está em casa, querida - ela se aproximou -, sou Beth, estou cuidando de você nos últimos dias.

- D-Dias?

- Isso mesmo, - ela riu, um riso esganiçado e alto -, todo mundo não para de falar de você, querem muito te conhecer.

- O que está acontecendo?

Minha visão ficou turva, senti o gosto amargo na boca:

- Coma um pouco, - seu sorriso começava a me incomodar -, vai passar logo.

- O que vocês fizeram comigo? - minha voz se arrastava -.

- Vamos, - ela empurrou uma colher de sopa na minha boca -, apenas coma.

Tentei me livrar dela, mas estava paralisada apenas abria e fechava a boca, meus olhos lacrimejaram, mas Beth forçou-me a comer toda a sopa e então me ajudou a levantar fazendo as algemas caírem:

- Não pense em fugir, - seu sorriso cresceu -, não passaria da porta da frente.

Imediatamente me lembrei das palavras de Klaus "Parece difícil, eu te traria de volta para cá antes de você chegar à porta".

Ah, Klaus.

Hope.

Como será que eles estão?

Um nó se fechou em minha garganta. Meus pés andavam quase automaticamente e entre os corredores revestidos de azulejo branco e as inúmeras portas, corredores e a droga do cheiro de remédio, chegamos a um refeitório, havia grafites - como os que vi no prédio do Cody - espalhados por todo o lugar, pessoas conversando tranquilamente em mesas de plástico enquanto comiam em bandejas coloridas:

- Você vai se adaptar bem aqui, - insistiu a enfermeira do mal -, venha, tem alguém aqui que vai adorar te ver.

Todos pareciam me olhar estranho, como se eu tivesse criado a seita maluca e obrigado todo mundo a se inscrever como se fosse um acampamento de verão. Pelo amor de Deus.

Entramos em uma sala típica de filme de terror em hospital, por Deus eu quis sair correndo dali, mas a porta do outro lado da sala se abriu rapidamente e Victor surgiu em minha frente. Meu corpo estremeceu. Ele sorria:

- O seu cheiro está bem melhor, - falou, a voz ruidosa estremecendo ao meu redor -, desculpe a demora, queria ter lhe dado as boas-vindas antes, mas havia verbena em seu sangue.

A Babá ✦ The OriginalsWhere stories live. Discover now