Capítulo 33

384 38 6
                                    

– Nem fudendo!

– Você disse que não ia contestar!

– Eu não sabia que a ideia era tão idiota.

– Tem um plano melhor, Einstein? Estou te dando uma saída.

– Esse é o plano e depois o quê? Eu dou um passeio ao sol?

– Presta atenção, – Aslin suspirou –, nos últimos quatro dias eu tenho visto você gritar e espernear nessa cela sem parar. Se não desligar a humanidade, não vai conseguir nos tirar daqui.

– Ah, claro. Eu devia saber que sou o bode expiatório.

– Eu não posso matá-los, – ralhou –, o controle deles me impede, mas você pode. Eu posso te proteger das bruxas, mas você precisa fazer o resto. Não pode hesitar, se o fizer, nós duas morremos.

– Não vou desligar a minha humanidade.

– Mas que porra – ela resmungou –, você sabe que pode ser revertido, não é?

Meu queixo tremeu, não, eu não mereço esse alívio.

– Não vou desligar a minha humanidade – repeti –.

– Ah, que maravilha. Vamos passar mais quatro dias chorando.

Aslin bufou.

– Sentimentos são fraquezas, Cecília. Vai matar a nós duas desse jeito.

Aslin está errada. Sentimentos são a força que precisamos para aguentar mais um dia, são a nossa bússola moral para quando as coisas ficam ruins demais – é o que nos tira da cama de manhã e o que nos faz perceber as coisas que realmente importam. E neste momento, tudo o que eu quero é voltar para casa e ver a minha família à minha espera. Todos bem e vivos.

Se o plano da bruxa é que eu mate todas aquelas pessoas, eu o farei. Mas eu quero sentir a alma esvaindo do corpo de cada um deles, quero ver o brilho de seus olhos se apagando e seus corações pulsando uma última vez – quero que eles sintam tudo o que eu senti nos últimos dias.

Estou de saco cheio de ser um alvo fácil para atrair os Mikaelson. Lembrem-se de mim, seus malditos, pois irão se arrepender de terem me usado como isca.

~

Quando a linha de luz solar desapareceu, eu puxei as correntes dando voltas em meus braços, forcei os meus joelhos e empurrei o meu corpo para frente. Estremeci, mas continuei até meus pés começarem a escorregar no chão:

– Você entendeu a parte dos "objetos negros", não é? Não vai conseguir quebrar.

– Não quero quebrar as algemas.

Impulsionei o meu corpo para a frente novamente, eu quase podia sentir minhas articulações cedendo. Aslin soou descrente quando disse:

– Você quer quebrar a parede?

– É, Aslin, eu vou arrancar a parede – larguei as correntes –. Se precisar eu arranco os meus braços nos processo.

– Tudo bem, fica à vontade.

Respirei fundo para recuperar o fôlego, eu estava fraca por não me alimentar e aquela bolsinha quase vazia de sangue me enchia de raiva. Dobrei os joelhos e puxei as correntes com toda a força que podia até sentir o meu osso estalar deslocando o meu ombro. Esbravejei um xingamento, ela me olhava sem piscar:

– O quê? – perguntei de mau humor –.

– Se desligar...

– Nem comece – falei irritada –.

A Babá ✦ The OriginalsOnde histórias criam vida. Descubra agora