epílogo

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4 ANOS DEPOIS

- Audrey Hamilton! – a voz de Beatrice subiu uns largos decibéis, tentando chamar à atenção da sua filha. Audrey, quase a completar quatro anos, percorre todo o espaço entre as duas garagens abertas.

Está um dia frio em Silverstone, mas as pessoas que estão neste circuito fazem com que Beatrice se sinta mais quente do que poderia pensar. No grande ecrã poderia ler-se: a reforma fica-te bem, acompanhado de uma fotografia de Lewis. Era o momento de Lewis se despedir dos circuitos, de deixar as corridas e passar a outra fase da sua vida.

Beatrice estava com o coração dividido: sabia que o momento era o melhor, já que vinham a perceber que precisavam de ter mais tempo em família e que era difícil acompanhar Lewis como antigamente. Por outro lado, estava triste por deixar a adrenalina dos fins de semana mais loucos, de deixar de desenhar os capacetes do seu marido.

- Bea – Camila juntou-se a ela, trazendo pela mão o pequeno Harvey – ele cansou-se depressa e o Daniel teve de ir ao carro buscar a mala dos gémeos.

- Juro que, cada vez mais, acredito que os meus filhos têm bateria infinita – pegando em Harvey ao colo, deu-lhe um beijo na bochecha – este então nem se fala.

- Qualquer criança tem energia a mais – apontou para trás de Beatrice, conseguindo observar Daniel a caminhar na direção delas com os gémeos pelas mãos. Owen e Zoe, os filhos de Daniel e Camila que completaram três anos há poucas semanas. Beatrice e Lewis são padrinhos de Zoe, enquanto o irmão de Camila e a irmã de Daniel são os padrinhos de Owen. Claro que, de cada vez que estão juntos, as quatro crianças transformam qualquer divisão numa pequena selva – aqueles três dão cabo da minha paciência, todo o santo dia.

- O Daniel deve ser o pior, mesmo – as duas riram-se e, claro, Harvey juntou-se a elas mesmo sem perceber o porquê.

- Pai! – a atenção de Harvey desviou-se e assim que Beatrice olhou para onde as mãos do filho apontavam, viu Lewis a sair da garagem e a cumprimentar algumas pessoas.

- Mãe! – a correr na sua direção vinha Audrey, agarrando-se logo às pernas de Beatrice assim que chegou ao pé dela – o pai já vai para o carro?

- Acho que sim – Audrey virou-se, encostando as suas costas nas pernas da mãe e olhando para o pai – podes ir ter com ele.

- Eu posso ir ao carro? – voltou a olhar para a mãe.

- Eu acho que o pai deixa...

- Vou lá – voltou a correr, indo na direção de Lewis.

Claro que Beatrice e Camila se riram, indo atrás de Audrey para chegarem perto dos dois.

- Pai – agarrou-se às pernas de Lewis, exatamente da mesma forma que fizera com Beatrice. Já o pai, rapidamente pegou nela ao colo.

- O que é que tu queres?

- Nada... - começou a mexer nos seus caracóis, entrelaçando-os no dedo indicador – mas o mano quer! – apontou para Harvey que vinha ao colo de Beatrice, completamente alheado de tudo. Os seus dois anos ainda não lhe dão a mesma perspicácia de Audrey, mas tanto Beatrice como Lewis percebem que ainda vai ser pior que a irmã.

- Claro, ele disse-te por telepatia o que queria, não foi? – Audrey riu-se à gargalhada, fazendo com que Lewis também se risse.

- Prepara-te – disse Beatrice ao chegar ao pé do marido – eu vou leiloar estas duas crianças muito em breve – levando a mão à nuca de Lewis, juntou os seus lábios com os dele durante largos segundos.

- Mãe! Já chega, argh – os dois riram-se, separando os lábios depois de um curto beijo – vocês só gostam de beijinhos.

- Só ainda não sei como é que tu nasceste a não gostar de beijinhos – disse Beatrice.

- Eu só gosto de vez em quando.

- Já perguntaste ao pai o que querias? – perguntou-lhe a mãe, fazendo com que ela acenasse que não com a cabeça.

- O que é que tu queres, Audrey? – olhou para o pai e, logo de seguida, para o carro – é só isso? – claro que Lewis sabia o que é que a filha queria. E, de mão dada com Beatrice e Audrey no seu colo, começou a ir na direção do carro que iria conduzir naquelas quer seriam as suas últimas voltas num circuito.

Colocou Audrey sentada no banco e, depois de começar a fazer uma birra, colocou o seu caçula em cima do colo da irmã.

- Juro que não sei a quem é que eles saem... - comentou Beatrice, fazendo com que Lewis se risse à gargalhada – não tem piada! – os dois olharam-se.

- Tens de admitir que eles são demasiado parecidos contigo. Não têm paciência para nada, são teimosos que nem as paredes, se as coisas não forem à maneira deles...

- Até parece que eu sou isso tudo...

- Em grau mais baixo do que aquelas pestes – rodeou o corpo da mulher, roubando-lhe um curto e rápido beijo – tens a certeza de que não podemos ter mais um?

- Esquece lá essa ideia! – riram-se – estes dois vieram sabe lá Deus como..., e são os seres humanos mais incríveis que podíamos estar a criar – olharam para os filhos, que já brincavam no interior do carro e pousavam para algumas fotografias. Beatrice encostou a cara no peito de Lewis, aconchegando-se nos braços dele.

- Pais, não querem ter umas fotografias com as crianças? – perguntou um dos fotógrafos e, claro, os dois juntaram-se aos filhos.

A família estava toda reunida. Ninguém faltava a este momento tão especial. Na garagem, como se de uma prova se tratasse, Beatrice assistia às voltas que Lewis fazia com os filhos por perto. Era o ponto final na carreira de Lewis, sendo que os corações estavam todos a viver intensamente aquele momento.

- E agora? – deitados sobre a cama, no silêncio de uma casa com as crianças a dormir, Beatrice notava no quanto Lewis estava pensativo – começa a ser estranho, não?

- Ainda não tive tempo de pensar nisso – Lewis virou-se de barriga para baixo, ficando a olhar para Beatrice – por enquanto só quero aproveitar para estar com aqueles dois anjinhos, para estar mais contigo..., e acho que devíamos adotar um cão.

- Lew – os olhos de Beatrice encheram-se de água, ao lembrar-se do seu eterno e fiel amigo Roscoe. Que, dada a sua idade, morrera ainda antes do nascimento de Harvey.

- Achas má ideia?

- Claro que não – levou a mão à face do marido – mas tens noção que os miúdos vão adorar, não tens?

- E eu! Enquanto tu trabalhas, eu tomo conta da situação toda.

- Que piada! Até parece que eu faço tudo sozinha – a fundação continuará a ser o grande projeto dos dois. Estando totalmente a cargo de Beatrice, Lewis decidiu que iria começar a apoiá-la mais agora nesta fase.

- Gosto tanto da nossa vida – Lewis encostou-se ao peito de Beatrice.

- Eu não lhe mudaria nem uma virgula.

Entravam numa nova fase das suas vidas, com a certeza de sempre: o amor deles não mudará nunca. 

THE END


Olá, olá!

Espero que tenham gostado deste capítulo especial. Termina, assim, Always, Be.

Fiquei atentos às novidades para breve!

Um beijinho,

Ana.

Always, BeOnde histórias criam vida. Descubra agora