༄ 01

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Lan Zhan passa pela entrada do Supermercado familiar. A funcionária atrás do balcão lhe dá um olhar entediado, depois volta a olhar para o telefone dela. Lan Zhan a ignora também e sai em busca de água. Seu vôo chegou há uma hora e ele ainda está com sede, sua garganta estalando cada vez que ele engole. Ele pode se sentir murchando com o ar seco e reciclado do avião como um pedaço de gengibre que foi deixado de fora por muito tempo. Da próxima vez, ele vai pegar o trem.

Ele passa pelo corredor de doces, segue pelo corredor de salgadinhos e está prestes a ir para a seção mais fria quando para ao ouvir uma voz dolorosamente familiar.

— Bem, o que você quer, então?

A voz de uma criança responde:

— Eu quero esse!

— Eu pensei que você disse que não gostava de leite de soja?

— Eu quero esse — a criança repete teimosamente, e Lan Zhan arrisca espiar ao redor da vitrine para olhar.

Parece um golpe físico, apesar de saber o que ele vai encontrar. As costas de Wei Ying estão para ele, mas Lan Zhan o reconheceria em qualquer lugar. Seu cabelo está preso em um rabo de cavalo baixo, bagunçado, como sempre. É mais longo agora do que há três anos, serpenteando pelas costas, terminando logo acima das omoplatas. Com ele está uma criança - um menino - que está segurando sua mão e olhando para ele com as sobrancelhas franzidas, um dedo enfiado na boca.

Lan Zhan se sente totalmente tolo espiando por trás de uma vitrine para eles, mas ele está preso ao local. Ele não pode se mover.

— Bem, eu vou pegar o leite de soja, mas eu não quero ouvir sobre o quanto você odeia mais tarde. E você vai ter que beber, porque eu não vou te dar outra coisa — Wei Ying soa... autoritário. Não como se ele fosse babá. Ele soa... como um pai.

Lan Zhan calcula muito rapidamente em sua cabeça. A criança parece ter aproximadamente quatro anos de idade, mas a última vez que se viram há três anos, Wei Ying não tinha filhos.

Talvez este seja o filho de sua irmã. Sim claro. Tem que ser isso. Lan Zhan se lembra de quando ela deu à luz. Parece que não faz muito tempo, mas o tempo tem uma tendência a se distorcer nas memórias.

Ele assiste, impotente, enquanto Wei Ying abre a porta de vidro e pega um recipiente de leite de soja, depois o entrega ao menino, que o pega com um olhar de satisfação no rosto.

— Tudo bem, terminamos aqui?

O sobrinho de Wei Ying acena com entusiasmo e aperta seu prêmio contra o peito. Lan Zhan se pergunta se ele pode sentir o frio da bebida através de sua camisa fina. Durante o verão em Xangai, o ar sufocante envolve você assim que você sai da frescura do ar-condicionado, mas mesmo assim esse recipiente deve estar congelando.

Wei Ying começa a se virar e Lan Zhan recua, fazendo seu caminho rápido pelo corredor de lanches e mantendo as costas para eles. Se ele estiver muito quieto, talvez eles não o notem. Mais uma vez ele se sente tolo, como se fosse um coelho fugindo de um predador. Certa vez, ele viu um coelho congelar exatamente da mesma maneira quando um cachorro próximo se lançou para ele. O notável era que tinha funcionado. Assim que o coelho congelou, o cachorro o perdeu de vista e o deixou sozinho.

Lan Zhan pensa que acabou de se safar, olhando fileiras e mais fileiras de vários tipos de batatas fritas e lanches nas prateleiras sem realmente ver nenhum deles, quando ele ouve uma inspiração silenciosa e a voz familiar vem da direita. atrás dele.

— Lan Zhan?

Lan Zhan fecha os olhos com força. Sua respiração gagueja quando ele a solta, seu coração batendo oco em seu peito. Parece arrependimento.

Você de Volta • Wangxian !Where stories live. Discover now