Adeus e Olá

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𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐂𝐀𝐓𝐎𝐑𝐙𝐄

𝗽𝗮𝗿𝗮 𝘃𝗼𝗰𝗲̂ 𝗻𝘂𝗻𝗰𝗮 𝗲𝘀𝗾𝘂𝗲𝗰𝗲𝗿

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𝗽𝗮𝗿𝗮 𝘃𝗼𝗰𝗲̂ 𝗻𝘂𝗻𝗰𝗮 𝗲𝘀𝗾𝘂𝗲𝗰𝗲𝗿

      Uma única pergunta acabou me rendendo uma discussão, se tornando um briga em que somente eu aumentava meu tom de voz enquanto Riki ouvia levianamente sentado no sofá; as palavras que antes vinham tão fácil ficaram presas na minha garganta, minha respiração acelerava cada vez que meu coração não me permitia chorar.
        Uma coisa decerto passou pela minha cabeça “não quero perder Riki outra vez” seria mais doloroso perde-lo agora — pois dessa vez, eu me lembraria de cada detalhe — .

        Suspirei profundamente, havia dito tudo o que queria, me sentia aliviada apesar da consciência pesada.
       “Ok, vou esperar até que você esteja bem” foi a única coisa que saiu da boca de Riki.

      A casa ficou um silêncio. Nishimura se fechou dentro do próprio quarto. Eu não tinha coragem de ir embora e deixar nossa situação assim. Não conseguiria dormir pensando nessa briga, e com certeza Riki também não.

        Bati na porta antes de entrar — não estava fechada, então parecia convidativa — Riki estava deitado acima dos lençóis, folheando um romance de Anna Karênina; por assim percebe que ele realmente estava mal, nunca vi esse garoto ler um livro assim — ou simplesmente ler — .

— Está melhor? — ele indagou com doçura e, uma voz sincera

— Não me pergunte isso, ou posso voltar a chorar. — adentrei mais ao quarto, me sentando a beirada da cama — Eu preciso ouvir você antes de realmente criar uma discussão por algo que não sei.

— Ao menos você percebe isso — disse dando de ombros, e se sentando a cama — Não sei por que você perguntou sobre a Kyujin e eu, mas imagino que tenha um motivo para isso.

— Ela me disse que vocês tiveram um caso no passado.

      Disse tão rápido que era quase difícil continuar bem com isso e sinceramente, esperava algo diferente mas claro que não seria.

— Realmente tivemos — isso atravessou meu estômago com força — Mas foi antes de nós termos algo em comum.

— Kyujin me disse outra coisa, me disse que foi no período em que havia me esquecido de você.

       Ele deu de ombros.
       Qualquer coisa que Nishimura falasse agora tinha o poder de me deixar insegura sobre tudo.

— Não posso te convencer de algo que você não se lembra. — ele disse derrotado — Kyujin e eu tivemos algo logo quando arrumei meu primeiro emprego. Não era nada realmente sério, mas não posso mentir para você que tivemos algo.

— Eu quero acreditar em você, mas ainda me deixa insegura.

— Não te tiro a razão. Não achei que Kyujin te contaria algo como isso, então nem ao menos me preocupei se você pudesse ficar paranóica com isso. — ele deu de ombros, engolindo algumas palavras — Talvez ela quisesse te fazer mal; algumas pessoas podem te odiar pelo jeito que outras pessoas amam você.

      Senti uma pontada de ofensa com “paranóica”,  mas essa era a intenção de Riki, já que logo em seguida houve uma risada do mesmo.
      Mas a citação de quê "amor traz ódio" é real.

— E depois que terminamos, não tiveram mais nada? — indaguei

— Não existe compromisso mais importante do que você.

      E aí está, as oito palavrinhas que conseguiam afogar minha preocupação, não por completo, mas me faziam me sentir amada.
       Abri um sorriso de ponta a ponta, escondendo meus olhos lacrimosos atrás dos dedos da mão.

— Eu sou sentimental, não ligue para mim.

— Você é meu mundo inteiro, como não vou me importar com tudo que te afeta? Ou...

      Calei a boca daquele idiota que me fazia rir apesar das dores. Um abraço longo era uma das coisas que eu precisava.
       Minhas inseguranças não foram embora por completo — ainda existiam em mim — mas ao menos percebi que no fundo o amor é real para mim.

— Pode abrir aquela gaveta para mim? — Riki indagou dando leves batidinhas nas minhas costas, se referindo a gaveta da cômoda ao lado da cama

      Funguei assentindo positivamente.
      De lá, puxei uma caixinha azul-marinho. Riki pediu para que eu abrisse, logo assim o fiz, tirando um pingente quadricular dourado com um coração rosado no centro. Revirei os olhos, normalmente eu pensaria que isso é uma coisa muito brega, mas vivenciando algo assim, admito que seja algo estupidamente romântico.

— Pode colocar em mim? — pedi, lhe entregando o pingente em mãos.

      Riki concordou sem ao menos revogar a ideia.
      Suas mãos passaram pelo meu pescoço, demorando alguns segundos até que ele finalmente pudesse colocar.

— Ficou bem em mim?

— Me arrependeria se dissesse que não, essa coisa não foi barata. — bati em seu braço lhe arrancando uma risada — Mas precisa abrir para ver melhor.

      Subi as sobrancelhas, logo enganchando a ponta da unha no fecho do pequeno pingente. Com uma certa força ele finalmente se abriu, revelando uma foto pequena de Riki e eu, e na outra metade do pingente gravado “remember”.
       Agora me arrependo por ter achado isso brega.

— Para você nunca esquecer — ele dizia — E se lembrar da gente sempre que puder.

       Coloquei os meus braços à sua volta e apoiei a cabeça no seu peito. Riki pareceu simultaneamente confortado e surpreendido com o gesto. Demorou apenas um segundo a envolver-me com os braços.

— Riki, não tenho a certeza de quanto tempo vamos durar, mas quero que todo o tempo valha a pena com você.

      Ele deixou escapar um suspiro. Com a minha cabeça contra o seu peito, eu conseguia distinguir os batimentos do seu coração através da camisa. Parecia acelerado. A sua mão acariciou-me a bochecha. Ao olhar para os seus olhos, senti um sentimento crescendo entre nós.
       Com o olhar, Riki pedia-me algo pelo qual que ambos tínhamos concordávamos. Era feliz com ele. Acenei ligeiramente com a cabeça e ele aproximou-se ainda mais e beijou-me com uma ternura inimaginável.
       Senti um sorriso nos seus lábios, um sorriso que perdurou por muito tempo, ou ao menos, perdurou até o instante em que minhas passagens de volta para o Japão já haviam sido confirmadas pela companhia aérea.

𝗖𝗮𝗻 𝗪𝗲 𝗧𝗮𝗹𝗸 𝗔𝗴𝗮𝗶𝗻 - 𝘯𝘪𝘬𝘪Where stories live. Discover now