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- Música? - Mário pergunta atônito.
Ver sua reação naquele momento me fazia querer rir. Os olhos arregalados do garoto e as pequenas gotículas de suor que começaram a se formar em sua testa,evidenciavam que ele estava surpreso e já bastante nervoso.

- Sim - Respondo serena. Lentamente começo a caminhar até onde o garoto se encontra,sento calmamente ao seu lado e ele me olha atentamente.

- Todos teremos que cantar? - Questiona. A essa altura ja se podia notar que até mesmo sua respiração estava acelerada. O pequeno Mário estava quase tendo um ataque do qual eu não saberia dizer o nome,mas eu ainda não estava satisfeita.

- Bom,sobre isso... Eu não tenho tanta certeza... - Falo preguiçosamente tentando o máximo possível parecer pensativa e isso fez com que o garoto ao meu lado,logo me desse um sorriso meio desengonçado de alívio. - Provavelmente só eu e você faremos isso. - Falo enquanto cruzava as mãos e as pousava sobre os joelhos e rapidamente a expressão facial do "ouriço" se fechou novamente.

- Você tem certeza disso ? - Seus olhos e face já não estavam mais virados para mim quando ele pergunta. Agora Mário olhava para qualquer canto do quarto onde eu não pudesse estar e eu sabia que aquilo era pra esconder sua vergonha.

- Sim!, você e eu sabemos que os outros não ligam para o trabalho. - Falo com falsa tristeza.

- Eu não me referia a isso!. - O garoto fala meio amargurado. Aquilo estava tão bom de assistir,que eu só queria aproveitar um pouco mais.
Mesmo presa aos devaneios causados pelas sensações que eu estava sentido,logo notei quando ele se pôs de pé e pondo- se de costas para mim,andou até chegar a minha janela e ficou a observar a paisagem por aquele quadrado geométrico. - Eu estou falando da forma que você escolheu para apresentarmos o trabalho. - Fala com o objetivo de parecer claro.

- Haaa,sobre isso,não se preocupe,eu já me decidi,não irei mudar de ideia depois que já tivermos preparado tudo,além do mais,nos vamos nós vamos nos sair bem. - Falo tentando conter o riso.

- Não tenho certeza disso. - Ele diz sério.

- Ué,por que não, é só cantar e esperar para saber a nossa pontuação Mário! - Apresento o óbvio. - Qual o problema, eu sou bem interativa com as pessoas e você também é.

- Depende da interação... - Ele fala aborrecido.

- Depende?, hum, espera... Eu acho que entendi, tagarelar com uma desconhecida é fácil demais,agora apresentar um trabalho com uma colega de turma da qual você estuda a anos exige demais da sua timidez? - Alfineto.
Minha pouca paciência pareceu acabar naquele momento e eu sabia disso, a partir dali,tudo que eu dissesse não faria parte do meu plano de vingança,seria apenas a voz de um eu inflamado falando.

- O que?,tagarelar com uma desconhecida?, Do que é que você está falando?. - O garoto questiona meio confuso assim que se vira para mim.

- Ora,vai me dizer que não sabe do que estou falando ? - Falo um pouco mais alto e ele se encolhe. Seus olhos lentamente se encontram com os meus e avidamente Mário começa a tentar ler o que meu rosto lhe diz.

- Está falando da Rebeca ? - Pergunta depois de um tempo.
Parece que ele finalmente ligou os pontos,coisa que normalmente eu demoraria horas para compreender,mas isso não me surpreendeu. O que me deixou indignada foi o fato de até o nome dela já está escancarado em sua boca.

- De quem mais eu estaria falando,senhor timidez inconveniente?, Eu achei que tivesse vindo para cá,para podermos organizar nossa apresentação. - Reclamo enquanto balanço as mãos no ar com rapidez.

- E eu vim mesmo para isso,mas seu pai me disse que você estava... - Essa fala eu já sabia que có,por isso o interrompi abruptamente.

- Disso eu já sei,eu estava dormindo,mas aí você resolve ir todo feliz e saltitante fazer amizade com aquela garota! - Falo mais alto. Eu já estava ficando fora de controle.

- Emi,foi uma simples conversa,por que você está fazendo todo esse alvoroço? - Ele pergunta com as sobrancelhas franzidas.

- Por que você devia ter ficado aqui em casa e me esperado. - Digo o que no momento parecia o mais óbvio para mim.

- Mas a Rebeca e a mãe dela precisavam de ajuda! . - Ele explica.

- Mas haviam meu pai e minha mãe para isso. - Ralho as palavras já sentindo meu sangue pegando fogo. Eu estava com raiva de tudo naquele momento,de Mário,da situação e de mim mesma.

- Eu só queria ajudar Emi... - Ele fala baixinho. Mário também parecia com raiva daquilo tudo,porém também parecia cansado,acho que ele se esforçou um pouco tentando ajudar aquela garota e pensar nisso, infelizmente só me deixou mais ferida.

- Ajudar uma desconhecida? - Esbravejo.

- E o que tem demais, " é melhor ajudar do que sermos ajudados ", além disso,agora ela não é mais desconhecida para mim. Ele diz calmamente. - Ela é legal,acho que até podemos virar amigos. - Ele sorri e meu corpo treme.

- Virar amigos ? - Questiono já com os olhos cheios de lágrimas. - Assim,tão fácil?. - Naquela hora eu não estava mais me entendendo,mas as lágrimas já estavam pesando nos meus olhos e os mesmos já estavam prontos para despeja-las sem o meu consentimento.
Assim que percebe o meu estado, Mário caminha apressado ao meu encontro e tão rápido estávamos os dois,frente a frente.

- Emilly,o que houve?, por que você está chorando?,está se sentindo bem,eu não entendo,no que essa conversa nos ajudará no trabalho?. - O garoto me bombardeia com suas perguntas e eu me desespero.

- Você vai virar amigo dela, vai passar todo o tempo com ela, nem sequer vai lembrar de mim... - Solto o que estava me machucando e soluço pelo choro descontrolado.

- Como assim?, talvez nem nos vejamos de novo!, essa é a minha primeira vez nessa rua,na sua casa,quem sabe se eu ainda virei aqui, conhecê-la foi uma simples coincidência... - Ele argumenta atencioso enquanto pousava as mãos sobre os meus ombros,ele os apertou gentilmente e isso me fez tremer mais uma vez. - Não fique assim Emi, eu te considero minha amiga,amigos são eternos, nossa relação está se construindo aos poucos, você não me considera assim também?. - Ele me questiona enquanto me olha nos olhos. Eu não sabia o que lhe dizer naquele instante,mas o sentimento de medo percorria minhas veias perigosamente. Eu queria lhe dizer muitas coisas mas eu estava insegura,temendo que aquele momento fosse só um prefácio do pior... E afim de escapar daquilo eu apenas deixo de encarar o garoto a minha frente, de cabeça baixa e corpo em alerta,eu já sabia o que faria a seguir. Levantando a cabeça depressa,me pus a olhar tão somente para a porta do meu quarto, foi aí que meus braços automaticamente se mexeram e minhas mãos retiraram as suas dos meus ombros e em fração de segundos eu me vi correndo para a saída daquele lugar. Era isso que eu queria naquele momento,fugir dali,parar de sentir aquilo dentro do meu peito e quem sabe até,nunca mais encarar o Mário novamente...
Porém,no momento em que abri a porta daquele cômodo,senti que algo segurou uma das minhas mãos e me puxou para trás,me fazendo recuar alguns passos...

Porém,no momento em que abri a porta daquele cômodo,senti que algo segurou uma das minhas mãos e me puxou para trás,me fazendo recuar alguns passos

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