INSACIÁVEIS

Desejo...

Vegas:

Eu estou há três dias esperando que Pete entre em contato comigo. Mas parece que ele realmente não está tão interessado quanto eu nisso que está acontecendo entre nós.

Denver vem enchendo minha cabeça com falatórios intermináveis sobre estar apaixonado pelo cara que ele trouxe em casa no outro dia. E sua felicidade me deixa feliz, mas ao mesmo tempo me sinto culpado por não estar dando tanta importância a isso no momento.

Minha cabeça estava repleta de ansiedade e expectativa para o caso de Pete entrar em contato comigo. Mas agora depois desses três dias, não tenho mais esperança que ele me procure.

Ok.

Pensando bem, era o melhor a se fazer. O que poderia resultar disso? Nada de bom com certeza.

Ainda lembro com clareza de todas as vezes que discutimos por coisas idiotas aqui mesmo na minha sala. Tudo era motivo para desentendimentos entre nós dois.

Mal me recordo do por que eu não gostava dele naquela época. E muito menos sei o motivo dele não ir com a minha cara. Então que raios de desejo era esse me consumindo dia e noite desde que o beijei?

O que houve há três dias naquele carro não era o suficiente para que eu saciasse meu desejo de estar com ele daquela maneira de novo.

- Está tudo bem? - Denver me pergunta mais uma vez... Levanto o rosto e me deparo com ele me encarando com uma expressão preocupada. Estamos nós dois sentados na mesa da cozinha depois de um rápido jantar a base de pizza e refrigerante. Minha mãe odiaria essa nossa rotina. Meu pai estava de volta para suas responsabilidades no exército. Logo ele se aposentaria e não quero nem imaginar ele e Denver convivendo diariamente juntos sem que eu possa intermediar algumas de suas discussões.

- Eu estou bem... Não se preocupe. - Respondo não querendo fazer meu irmão se preocupar tanto comigo.

- Você não precisa seguir a carreira do papai... Sabe disso, não é?

Mesmo que Denver e eu não sejamos próximos na nossa rotina diária, a conexão entre gêmeos sempre foi forte entre nós. Eu me surpreendo com essa sua fala, já que nunca externei meu receio de viver preso como o papai na vida militar. Eu gostava do que fazia lá, trabalhar com números e resolver problemas matemáticos era algo que eu adorava fazer, mas também toda aquela responsabilidade era um tanto assustadora.

- Eu sei... - digo suspirando.

- Se não é isso que está te incomodando agora, o que é? Faz alguns dias que tenho reparado no quão inquieto você está... Tem alguma coisa em relação ao Pete? - Escutar o nome dele me faz dar outro suspiro. E acho que Denver é inteligente o suficiente para ligar uma coisa a outra, por que ele está sorrindo de orelha a orelha. - Ele anda muito quieto esses dias também. Não me ligou nenhuma vez e não apareceu aqui... Vocês brigaram?

Penso em dizer a verdade a Denver, que Pete deveria estar sofrendo de amor não correspondido e que talvez não aparecesse tão cedo enquanto ele estivesse namorando alguém. Mas resolvo continuar calado quanto a isso.

- Nós não brigamos... Mas acho que o que aconteceu entre nós não foi nada demais... - digo resoluto, sentindo o peso daquelas palavras me deixando mais triste. - Você já deveria saber... Pete e eu nunca nos demos bem.

- Vocês sempre tiveram muita química isso sim. - me surpreendo com o que Denver diz. - Toda aquela animosidade entre vocês, desde sempre foi algo mais.

- Você está redondamente enganado. - penso no Pete se declarando para mim, pensando que eu fosse meu irmão. Ele jamais teve sequer o mínimo de interesse em mim.