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Robin fez questão de passar o sábado inteiro junto comigo para me acalmar e fazer companhia por conta de tudo que tá acontecendo.

Já estava de noite e a porta da sala se abriu, era a mamãe chegando.

S/n- Mãe - A olhei - E o Vance? - Disse preocupada.

Laís- Ele passou por duas cirurgias, agora está na UTI descansando. - Ela jogou a bolsa na mesa e viu Robin - Oi Robin, vocês querem algo para comer?

S/n- Já comemos - Disse e fiquei a olhando esperando que ela mandasse Robin embora na lata para me dar uma bronca por ontem.

Laís- Tudo bem, vou subir e tomar um banho - Ela subiu e não me chamou mais. Tem algo de estranho, a mamãe nunca deixaria algo como isso passar tão rápido assim.

S/n- Tem algo errado. - Disse para Robin.

Robin- Oque tem de errado?

S/n- Ela não me disse nada e nem falou direito comigo, se eu conheço a minha mãe ela teria surtado e já teria me dado 1 milhão de broncas.

Robin- Talvez ela só esteja cansada e queria falar com você amanhã ou depois, até porque ter que cuidar do seu próprio filho quando ele está na beira da morte não é nada fácil e legal.

S/n- Você tem razão. - Deitei minha cabeça no ombro de Robin. - Você vai dormir aqui?

Robin- Não, amanhã tenho que acordar cedo porque vou ir com meu tio a casa de alguns parentes.

S/n- Você tem parentes?

Robin- Não é minha família toda que morreu né, eu tenho uma tia e dois primos também.

S/n- Legal.

Robin- Ei - Ele me cutuca - Porque você não vai junto comigo até lá?

S/n- O que? Não, tenho vergonha e também preciso ficar aqui pelo Vance.

Robin- Não vou te forçar a nada mas saiba que a minha família ia adorar ter conhecer.

S/n- Que bom - Dei um selinho nele e assistimos um seriado que estava passando na TV.

***

No dia seguinte mamãe teve que ir trabalhar e me acordou para me levar junto.

Laís- Seu irmão acordou, ele que te ver, se arrume logo.

S/n- Tá - Troquei de roupa correndo e arrumei meu cabelo. Escovei os dentes e fiz minhas higienes básicas. - Vamos? - Disse indo até a mamãe.

Laís- Você não vai comer nada?

S/n- Tô sem fome.

Laís- Tá, se sentir fome é só falar que eu pego algo no hospital pra você - Ela trancou a porta e entramos no carro para ir até o hospital.

Durante o caminho eu estava muito ansiosa, Vance queria me ver, não a mamãe. Acho que ele está muito bravo ainda.

Quando chegamos eu tinha que pegar uma pulseira de visitante mas a tal da Maria novamente não queria me deixar entrar.

Maria- Menores de 12 anos não podem fazer visitas e menores de 18 anos não podem entrar na UTI.

Laís- Você não vai querer ter a mesma conversa que antes né?

Maria- Tem sorte de eu ser sua amiga - Ela  colocou a pulseira em mim.

Laís- Obrigada.

Fomos andando até a sala de Vance.

S/n- Você já o viu acordado?

Laís- Não, ele acordou agora pouco. - Ela abriu a porta e Vance nós olhou.

S/n- Vance! - Corri até ele e o abracei porém o mesmo soltou um grito alto de dor.

Vance- Não me aperta tão forte assim - Ele disse com dificuldade por causa do respirador.

Laís- Pode tirar isso - Ela tirou o respirador - Você tá bem filho?

Vance- Sim - Ele virou a cara e olhou para mim - Você tá bem maninha?

S/n- Sim - Deixei uma lágrima cair por ver Vance naquele estado, ele estava todo cheio de aparelhos, agulhas e curativos. - Porque você fez aquilo?

Vance- Isso oque?

S/n- Sair de casa naquele estado, Vance você sabe que não pode dirigir bravo, você já bateu o carro 7 vezes e agora 8.

Vance- É mas dessa vez eu fui praticamente expulso de casa.

Laís- Eu nunca disse pra você sair de casa, você saiu porque quis Vance.

Vance- Nossa parece que tem um mosquito zumbindo aqui do meu lado. - Ele disse num tom debochado.

Laís- Já entendi - Ela riu e abaixou a cabeça - Você não me quer aqui de jeito nenhum, tudo bem, eu saio mas eu volto e nos vamos ter uma conversa - Ela abriu a porta e saiu.

Vance- Finalmente. - Ele revirou os olhos e tentou se ajustar na cama mas deu um gemido baixo de dor na coluna.

S/n- Vance você quase me matou de susto.

Vance- Desculpa, eu não queria te assustar assim, a mamãe disse como foi o acidente?

S/n- Só disse que você tinha batido o carro.

Vance- Mais nada?

S/n- Não, porque?

Vance- Ela não contou tudo, eu bati o carro porque tava bêbado e o freio falhou.

S/n- Bêbado? - Exclamei alto e indignada.

Vance- Eu tinha uma garrafa de pinga no carro e na hora eu comecei a beber ela pra me acalmar. Comecei a dirigir sem rumo e fui pra BR mais movimentada da cidade, por conta da raiva e da bebida eu comecei ficar zonzo e apertei demais no acelerador. Quando percebi que tava sem freio me abaixei pra tentar arrumar e quando levei dei de cara com a caminhonete.

S/n- Vance... - Fiquei sem saber oque falar - Desculpa, sinto que parte disso tudo foi minha culpa, eu não percebi que você estava triste e na hora podia ter mandando você ficar casa mas fiquei paralisada.

Vance- Não precisa se desculpas, todo mundo sabe que se você falasse algum coisa eu não ia obedecer né?!

S/n- Sim - Ri de leve e vi o braço de Vance - Quebrou?

Vance- A, sim. Pensa numa dor, tive que tomar 7 remédios só na hora que acordei, sem contar os das veias.

S/n- Que ruim...

Vance- Sim - Ele me olha e parece perceber algo - Tá tudo bem?

S/n- Mais ou menos, quando você saiu eu também briguei com a mamãe.

Laís- Puts, sério?

S/n- Sim, e daí eu também saí de casa.

Vance- Saiu? Você foi pra onde? - Ele disse preocupado.

S/n- Fui pra casa do Robin, ele é a única pessoa em quem eu confio além de você.

Vance- e o Finney?

S/n- Também.

Fiquei conversando com Vance por meia hora até a mamãe vir avisar que o horário de visita tinha acabado e que eu deveria ir embora.

S/n- Tchau Vance - Dei um abraço nele só que agora leve e dei um beijo em sua testa - fica bem tá? Vou vir te visitar todo dia.

Vance- Ok maninha - Ele colocou o aparelho de respiração de volta - Eu te amo.

S/n- Eu também te amo - Sorri e saí de lá. Mamãe me levou embora pra casa e eu fiquei arrumando a casa para fazer o tempo passar mais rápido.

Querido Robin | Robin Arellano Onde as histórias ganham vida. Descobre agora