Capítulo 12

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Acordei ansiosa naquela manhã ensolarada, porque sabia que a qualquer momento meu pai estaria acordado. Levantei e fui fazer minha higiene matinal sem aguardar que o rei sombrio acordasse também.

— Parece disposta hoje, princesa — Kardama resmungou quando entreabriu os olhos e viu que eu já estava usando um vestido azul claro.

— Quero estar à altura do reencontro que terei — respondi animada.

Ele torceu os lábios e sentou na cama desanimado.

— Não quero estragar sua alegria, mas lembre que os elfos explicaram que pode não correr de acordo com as suas expectativas, princesa... Ele pode demorar a voltar por completo e pode ter comprometimentos eternos.

Estreitei meus olhos.

— Não pode permitir que eu seja otimista uma vez na vida? — Cruzei meus braços, mas ele apenas respirou fundo enquanto levantava sem qualquer pressa.

— Só quero evitar que fique frustrada. — O rei fez uma pausa em minha frente para me encarar e sorriu. — De toda forma, seu pai vai acordar finalmente e certamente ficará encantado por vê-la nesse traje.

Senti minhas bochechas queimarem e meus lábios quiseram insistir em torcer para um sorriso, mesmo que eu tentasse conter. Por isso, desviei meu olhar para tentar manter meu péssimo humor após ter o otimismo destruído.

Na verdade, nada tiraria minha alegria por saber que meu pai estaria acordado.

— Não precisa mais desperdiçar seus galanteios comigo, rei sombrio. Já somos casados — brinquei.

— Eu não percebi, peço perdão — ele usou o mesmo tom para responder, então se aproximou e beijou minha testa. — Pode ir na frente. Eu a encontrarei a tempo de vermos juntos seu pai acordar.

Franzi o cenho e segurei seus braços para que não se afastasse. Abraços e beijos na testa não faziam parte do comportamento comum daquele itzan.

— Está mais carinhoso porque concordei sobre termos um filho — acusei.

— Estou mais agradável porque estou feliz, princesa. Poucas foram as ocasiões em que pude falar o mesmo.

Observei por mais alguns segundos, sem conseguir pensar em nada para responder, então soltei seus braços para permitir que se afastasse.

Enquanto ele caminhava até a casa de banho, senti certo medo surgindo. Éramos essencialmente diferente: argian e itzan. Isso significa que sequer sabíamos se era realmente possível termos filhos. Ele poderia ficar decepcionado se descobrisse que a resposta era negativa.

De toda forma, pensaríamos nisso depois. Por agora, restavam poucas horas para meu pai acordar e isso significava que era hora de deixar tudo preparado para seu retorno.

No começo da tarde, quando já não conseguia conter minha ansiedade, fui até o jardim de inverno para encarar minhas rosas brancas. Elas eram uma ótima distração.

Dahle estava ali quando cheguei, encarando as mesmas rosas brancas.

— Hoje é um dia especial, não? Fico surpresa que não tenha organizado nenhum baile para comemorar, majestade — ela foi a primeira a falar quando parei de andar ao seu lado.

Dei uma breve risada, mas não conseguia esconder o quanto estava decepcionada por sua mentira anterior.

— Por enquanto, vamos evitar bailes em Aruna. O último foi perigoso o suficiente — expliquei, mantendo certa seriedade.

Ela me encarou preocupada e torceu os lábios.

— Parece outra pessoa após sua ida à Senka, Helene. Temo que tenha sido seduzida pelas sombras. É possível ver em seu olhar que não é a mesma.

A Coroa de Luz [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora