Capítulo 3

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DEVO DIZER que doeu, doeu demais ter sido abandonado pela Olga, ter que mudar de casa, ter voltado para minha rotina triste que era fugir do Toddy e seu grupo de amebas.

Eu não tive notícias dela por anos, até falei com a irmã dela volta ou outra antes daquele ano letivo se findar, para ver se alguma coisa que ela me dissesse justificaria o abandono, mas não, nenhuma notícia que fosse diferente de "Ela está bem e feliz em Londres".

O restante do ano e o ano seguinte, nada mudou na minha vida, a única coisa boa que ocorreu foi saber que eu consegui entrar para a faculdade e sem gastar a grana do meu pai, grana essa que como eu disse, ele havia juntado por anos. Ganhei uma bolsa muito boa, com uma ajuda de custo excelente, o que me dava direito até ao alojamento, custeado pela universidade. A parte ruim é que eu não começaria estudando o que eu tanto queria, que era arquitetura, eu consegui uma bolsa para cursar engenharia. Outra coisa que não foi boa, é que eu teria que mudar para o outro lado do país e com apenas 16 para 17 anos.

Sei, longe a beça de casa... Eu tive receio no início, mas depois pensei: Não vou ficar longe só de casa, mas dos problemas e do Toddy, assim como longe do sentimento de abandono.

O último baile do colegial foi horrível para dizer o mínimo. E vocês me perguntam: Então por que você foi se sabia que iria sofrer?

Bem, de última hora, uma garota que eu conheci na biblioteca, não vou dizer que conhecia, mas ela tava sempre lá, lendo ou fugindo de alguém, assim como eu. E mesmo ela sempre estando sozinha, não me aproximei, deveria respeitar o espaço das pessoas... Bem, como eu dizia, ela me chamou para acompanhá-la ao baile e aceitei, pois eu sei como é se sentir rejeitado. Vocês vão dizer que foi por pena, talvez. Mas ponham-se no meu lugar, o que vocês fariam?

Como eu havia ganhado a bolsa, meu pai achou que seria uma boa ideia alugar um carro para que eu pudesse buscar a menina na casa dela. Sim, eu já tinha carteira, meus pais queriam que eu esquecesse o que houve com a Olga e me incentivaram a fazer boa figura para a garota. E eu fui buscar a Cherry em sua casa, desci do carro, ajeitei o terno alugado, olhei para o corsage em minha mão, respirei fundo e toquei a campainha da casa dela. Ela abriu a porta, lhe entreguei o corsage, que fiz questão de saber qual seria a cor do seu vestido para que combinasse, coloquei em seu pulso, mas ela não aceitou que os pais tirassem fotos nossas antes de sairmos de sua casa. Acho que ali já seria o primeiro sinal, eu continuava não sendo o garoto mais bonito do colégio, nem do bairro, mas a pele já havia dado uma boa melhorada e eu estava tão focado em não fazer nada para a envergonhar, que não percebi os sinais sutis que ela me passou.

Quando chegamos à escola, já que o baile seria na quadra de esportes, fui cavalheiro, desci e abri a porta do carro para ela, ajudando a mesma com o vestido, fechei a porta quando ela já estava pronta e caminhamos devagar até a quadra.

— Obrigado por me convidar para te acompanhar ao baile, Cherry.

A Cherry Richards era bem parecida comigo fisicamente falando, loirinha, aparelho, espinhas... eu diria até que seríamos o par de jarros perfeitos. Eu só não contava com o que aconteceu depois.

𝙼𝚛. 𝓟𝓪𝓻𝓴𝓮𝓻  - Spin-off do Livro 3 da Trilogia: POR QUE NÃO?Where stories live. Discover now