Capítulo 12. Planos Escondidos

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ATO FINAL - PARTE 4

Narrado pelos dois irmãos.

***

ADAM

Demorei algum tempo a recuperar os sentidos. A queda foi muito grande. Tive sorte em não ter partido uma perna.

Devia estar num lugar bem fundo, porque estava tudo escuro à minha volta. Espera... será que morri e isto é o lugar para onde vão os mortos?

Percebi que não tinha morrido quando encontrei o meu isqueiro que tinha caído comigo. Liguei-a e olhei à minha volta. Estava numa espécie de labirinto de túneis. Corria água pelas minhas pernas. Uma água mesmo porca e acastanhada. Espero mesmo que não seja o que eu estou a pensar.
Talvez estivesse na rede de esgotos da cidade, que abastece água a todas as casas do bairro. Só gostava de saber como é que a casa dos meus vizinhos tem ligação a este local.

Segurei na minha lanterna e comecei a explorar aquele lugar. Não sabia que caminho escolher porque tinha medo de ficar perdido nestes túneis. Escolhi um deles aleatoriamente e fui andando por ali, sem saber o que me esperava. Fiquei descansado ao perceber que todos os caminhos iam dar ao mesmo sítio: todos os túneis se uniam numa vala enorme, onde deitavam a água que traziam para lá. Parecia uma cascata.

Lá em baixo, estava desenhado o maior símbolo satânico que eu tinha visto na vida. Estava repleto de velas, desenhos esquisitos e cheio de sal e ratos mortos à volta. E crucifixos também não podiam faltar. Lá no alto do ritual, estava pendurado uma estátua da criatura dos desenhos. Os vizinhos todos rezavam a ELE. É daqui que vem aquele cheiro estranho da Pearl: dos esgotos. Era onde toda a gente se reunia.

Antes de examinar aquele lugar, ao meu lado encontravam-se umas alavancas, cada uma com números. Dizia "Canalizações - Domínio Público" ... 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29 e 30. Acho que são os números das casas do bairro. A minha casa era o número 25 e esta casa tinha o número 29. Decido descer a alavanca do número 29 e ver o que acontece.

Mas nada muda.

Bom, acho que não alterei nada.

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ANNA

O braço da Rose estava a magoar-me o pescoço e o ar estava a faltar-me. Ela largou-me no chão da sala e eu até tentei afastar a bruxa. Em seguida, ajoelhou-se junto a mim. E começou a aproximar-se, com a boca aberta, aberta o suficiente para eu perceber que aqueles dentes não estavam lavados. Vê-la no corpo da Pearl deixava-me incomodada. Ela estava cada vez mais perto... A Rose estava preparada para me possuir e levar a minha alma com ela. Ela ia ganhar esta batalha e o Diabo vai conseguir o que queria. O Adam vai ter que lutar sozinho. Eu não tinha escolha.

Rose - Fica quieta, prometo que não dói nada, hahahah...

Mas no momento em que a bruxa ia possuir-me, um barulho chama a atenção de nós as duas. O ruído vinha da casa de banho. E em poucos segundos, começamos a ver água a sair pela porta da divisão.
De repente, eu e ela somos puxadas por uma onda enorme de água e fico a ver tudo azul. Sou arrastada pela força da onda e nem consigo nadar. Por um bom tempo fico debaixo de água, e só consegui pôr a minha cabeça de fora para respirar, quando a água começou a sair pelo buraco da sala dos desenhos. Ao fundo, vejo a Rose a tentar apanhar-me, mas o corpo da Pearl, de tão velho que estava, não a deixava mover. Ela estava mesmo ridícula. Quase que soltei uma gargalhada.

Afinal, não estávamos sozinhas. Lá ao fundo, estava o Howard, que talvez vinha ajudar a Pearl. Mas também ele acabou por ser levado pela água.

Howard - Rose, cuidado!

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