Capítulo 10. A Casa Da Frente

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ATO FINAL - PARTE 2

***

ADAM

Aqueles vídeos assustadores dos meus vizinhos fizeram-me perceber que nunca consegui ver o que estava à minha frente. Pareciam aqueles vídeos do YouTube de fenômenos paranormais que eram falsos. Mas este era real e difícil de acreditar. Os meus olhos não me enganavam. As coisas estranhas aconteciam mesmo debaixo dos nossos narizes. Mas eu agora sei que a Pearl esconde algo. Um segredo muito perturbador. Já não me interessa a minha vida aqui. Só quero tirar a Anna daqui, encontrar os meus pais e sair desta cidade.

Não sei como é que ainda não entrei em depressão. Devo ser uma pessoa muito resistente. Isto está a acontecer tudo muito depressa. Porque é que os nossos pais não estão aqui quando mais precisamos deles? Foda-se!

Depois de refletir sobre isto tudo, a minha irmã já não estava debaixo da cama. Deve ter fugido.
De repente, ela dá um grito estridente. Corro em direção às escadas e a Anna olhava, chocada, para os corpos dos meus amigos estendidos no chão. Mas agora, a cabeça de cada um deles estava um pouco mais esmagada, talvez eles já estivessem a entrar em estado de decomposição.

Anna - AHAHAHAH!!!

Adam - Anna, não faças nada...

Mas já era tarde demais. A Pearl e o Howard tinham ouvido o grito. Eles apareceram lá ao fundo do corredor da sala, como sombras maléficas. Eu e a minha irmã ficamos imóveis. E foi então que ouvi pela primeira vez a voz do Howard: uma voz rouca e arrastada.

Howard - Então, menina... gostaste do presente que te deixamos... lindos cadáveres, hã?!

Era óbvio que ele estava a dirigir a palavra para a Anna. Ela não tinha palavras para lhe dizer alguma coisa e acaba por desmaiar nos meus braços.

Adam - Nós vamos sair daqui e vamos chamar a polícia! Eles vão ficar a saber o que fizeram! Vocês são loucos!

Estava a preparar-me para pegar na Anna, quando o Howard, irritado, levanta a arma para cima, mirando em direção a nós. Mas a Pearl acaba por levantar o braço para cima.

Pearl - Howard, querido... não os podemos matar... ELE quer os miúdos vivos!

Ele... Quem será? Esta história é mais profunda do que eu pensava. Mas, se esse "ele" quer-nos vivos, os velhos não podem espetar nem uma bala no nosso corpo. Determinado, pego na Anna ao colo para sair dali com ela.

Howard - Calma, rapaz! Ainda temos muito para conversar...hehehe...

Pearl - Adam, por favor, não vás... Nós precisamos de vocês... Eu não queria que as coisas chegassem a este ponto, mas teve que ser. Não te preocupes, eu ainda sou aquela senhora simpática que conversou contigo... Tens de compreender...

A velha está doida. Tem cá uma lata! Eu confiei nela, mas afinal, a Pearl era só uma grande falsa. Eu quero que ela e o Howard ardam no inferno. Filha da puta.

Adam -Vão se foder!

Pego na Anna e fujo da minha própria casa. Claro que os velhos vieram atrás de mim. Eles corriam muito depressa, mas não o suficiente para me apanharem. Tenho que fugir do bairro e pedir ajuda na cidade. Para piorar a situação, deixei o meu telemóvel no quarto. Perfeito.

Quando atravesso o alpendre, estou sem saída. Os vizinhos todos fecharam os dois lados da estrada. Todos eles eram estranhos. Traziam um colar ao pescoço, com um símbolo... E todos eles cheiravam ao mesmo odor invulgar da Pearl. Pareciam zombies. Nesta altura, era bastante previsível de que toda a vizinhança estivesse unida nesta conspiração contra a nossa família. Só gostava de saber porquê. Sentia-me num verdadeiro apocalipse.

- Querem-se juntar... à comunidade? HAHAHAH!

Adam - O que é querem de nós? Deixem-nos em paz!! PORQUÊ???!!!

O peso do corpo da Anna nas minhas costas tirava as minhas forças e deixava-me cansado. Tinha de arranjar uma solução. Sem nenhuma alternativa, vou para a minha única opção: a casa da frente. Corro em direção à residência da Pearl e do Howard e todos os vizinhos tentam impedir-me.

Felizmente, eu consegui entrar naquela casa e fechar a porta a tempo. Em seguida, pouso a Anna no chão e tranco todas as portas da casa para que eles não consigam entrar. Não sabia o que fazer, mas precisava de fazer alguma coisa. E de pedir ajuda.

Adam - Anna, acorda!

Anna - ... O que é que se passa... Adam, tira-me deste pesadelo! Eu não estou a aguentar isto! Eu quero ir ter com os pais!

Adam - Anna, Anna, olha para mim! Eu sei que deves estar a passar-te com o que está a acontecer, eu também me estou a sentir assim, mas nós temos que resistir! Eu não te vou deixar, Anna! Sei que muitas vezes nos zangamos por coisas super insignificantes mas agora, não podemos cair! Só nos temos aos dois! Calma, Anna...

Ela finalmente se acalma. Eu sei que esta situação deve ser muito pior para ela do que para mim.

Anna - ... Ok... Ok... respira Anna... Uf...

Ajudo a minha irmã a levantar-se do chão. Em seguida, olhamos em volta.

A casa da Pearl e do Howard é cheia de sujidade. Adereços espalhados por todo o lado, cabeças de animais afixadas nas paredes e loiça partida pela casa. Uma autêntica lixeira. A casa deles é grande como a nossa, mas está num estado degradante. As janelas estavam fechadas e a casa muito pouco iluminada.

Anna - Adam, olha o que eu encontrei!

A minha irmã tinha achado um isqueiro da cozinha, o que nos ia dar muito jeito nesta casa.

Adam - Boa!

Liguei o isqueiro e exploramos todas as divisões da casa, à espera de encontrar algo que nos ajudasse a escapar. Encontrámos no quarto dos idosos uns medicamentos e umas receitas do médico, pousados na mesa ao lado da cama. E todos os comprimidos eram para doenças psicológicas. Seria tudo isto ma questão de problemas mentais?

Não encontramos nada, até chegarmos a uma zona da sala onde aquele cheiro da Pearl era mais forte. Começamos a vasculhar tudo e a verificar se as paredes eram ocas e se tinham alguma coisa por trás delas. Acabei por encontrar uma porta escondida atrás de uma estante de livros. Misterioso. Nós contamos até três e empurramos o móvel para o lado.

Abrimos a tal porta e encontrámos um cômodo sem nada. Apenas com desenhos espalhados e colados, como se fossem um papel de parede. Eram ilustrações diferentes, mas em todas elas estava desenhada uma... Criatura, um bicho. Uma coisa que de certeza não era do nosso mundo. Mas essa criatura era o símbolo que todos os vizinhos traziam nos seus colares. Tudo tem uma ligação.

Quando pouso o pé no chão de madeira, ele range e desaba, acabando eu por cair.

Anna - Adam!...

Adam - Eu estou bem...

Anna - Não te consigo ver!

Adam - Não faz mal. Foge daí, agora!

Ouvia a voz da minha irmã cada a vez mais longe. Caí num sítio bem fundo, que existia debaixo da casa dos velhos. Um sítio que eu não imaginava que existia.

***

Com este capítulo, vocês ficam com várias perguntas na cabeça. Mas afinal, como é que isto tudo começou?
O que acham que vai acontecer? Deixem a vossa opinião.

Queridos leitores, no próximo capítulo irei revelar toda a verdade sobre a "comunidade" e as suas origens. Se preparem! Fiquem bem, e vejam se conseguem dormir esta noite...

😁😁

Capítulo Verificado ✅

1236 palavras

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