LUXÚRIA

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Nada melhor do que limpar o gozo com uma cédula de cem reais.

Luxúria

A boate tem azulejos pretos, espelhos no teto e nas paredes, e luzes negras, coloridas, holofotes. Fumaça de gelo seco escapa pelo aparelho encostado no canto, formando quase uma névoa pelo recinto escuro enquanto os adultos pulam freneticamente ao som de um Trance que o DJ colocou há alguns segundos.

No lado direito tem uma escadaria que leva direto para uma área mais reservada, tampada por grossas cortinas vermelhas e vigiada por dois seguranças. No lado esquerdo tem o bar em que Catarina está segurando um copo de shot de tequila em uma mão e na outra um pedaço de limão. Ela olha em volta e lasca a bebida quente na boca, chupando o limão com sal logo em seguida.

Ela olha para cima e vê ele sair da cortina vermelha limpando o nariz discretamente. Catarina ergue as sobrancelhas e coloca o copinho na mesa. Ela veste um vestido preto brilhante, de costa nua e alças finas, e em seus pés há um par de sandálias extremamente caras de mesma cor. Seu cabelo longo está solto, cobrindo suas costas como se fosse o próprio mar vermelho. A cor intensa e chamativa combina com o batom de mesmo tom. Sua máscara que cobre somente os olhos castanhos escuros combina com o restante da vestimenta. As unhas compridas batem na mesa do bar no ritmo da música eletrizante e seus olhos observam o homem descer as escadas elegantemente, trajando um terno azul marinho e passando a mão nos fios loiros para ajeitar o cabelo.

Ele passa por ela, olha-a de cima a baixo e segue reto. "Atrevido", Catarina pensa.

— Me dê outra dose, por favor. — Grita para o barman e ele concorda, já preparando sua bebida.

Catarina vira a tequila mais uma vez e suspira, olhando de novo para o ambiente não tão lotado. A maioria, se não todas aquelas pessoas, eram da alta sociedade. Não é uma festa de gala, é uma balada em que todos vão mascarados para esconder do restante suas verdadeiras intenções. Para entrar precisa pagar uma quantia alta, mas para passar por aquelas cortinas... Somente com uma senha.

Poucas pessoas, poucas pessoas mesmo, tinham o acesso a ela.

Uma mulher de cabelo castanho se aproxima dela com um copo na mão e a observa atentamente com metade do rosto coberto. Catarina vira a cabeça para a moça e sorri amigavelmente.

— Minha amiga quer ficar com você. Topa? — Pergunta.

— Não. — Responde e ri. — Não faz meu tipo, desculpa.

A mulher concorda e sai depressa. Catarina a vê se aproximar de mais duas mulheres e, juntas, se misturam ao restante. Ela olha novamente ao redor e vê o homem de terno azul marinho a encarando do outro lado do bar. Catarina revira os olhos e pede mais um shot.

— Você está sozinha? — A voz faz os pelos de Catarina arrepiarem, então ela olha para o lado e vê um rapaz que ela conheceu há muito tempo: Dimas. — Não faz seu estilo, hein?

— Ah, nem vem com essa. Eu não estou a fim. — Ela observa sua máscara verde musgo e percebe que ele levanta uma sobrancelha. Ela vira o shot e balança a cabeça para os lados ao sentir o álcool bater.

— Está entediada? — Ele pergunta ao encostar o cotovelo no balcão. Catarina suspira e dá de ombros. — Se a resposta for sim, eu tenho uma dica para você. Como amigo.

— Qual é? — Curiosa, pergunta. Dimas sorri e pega o telefone, digitando algo no bloco de notas e mostrando para a ruiva.

"RECÔNDITO"

LENDAS DO INFERNO - AS SETE FACES DO PECADOWhere stories live. Discover now