Capítulo 67

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Sentei no sofá e fiquei observando os dois brincando, Maria estava no meu colo, pois a mesma queria mamar, Daniel não fez contato de primeira com Manuel, mas aos poucos eles foram se aproximando ou brincando.

- Alguém em casa? - escutei a voz do Poncho e olhei em direção a porta.

- Papai.- Manuel levantou e correu em direção ao Poncho para abraçar ele, no mesmo momento olhei para o meu filho.

Daniel franziu o cenho e observou a cena sem tirar a atenção de cada detalhe, sua expressão de confusão nos pensamentos me deixou aflita, mas eu precisava ver a reação dele, antes de tomar a minha decisão de acolher e fazer que ele perca o desejo de querer enfrentar os pensamentos e ir de encontro ao pai.

- Daniel? - Poncho chamou a sua atenção, ele em nenhum momento perdeu a expressão, Daniel foi aos poucos se aproximando do pai dele, deu um abraço rápido.- Que isso, cara? Não estava com saudades? - Seu olhar intercalava entre o Manuel e o Poncho.

- Mamãe? - ele me chamou de forma baixinha.

- Vem aqui...- olhei para o Poncho e dei um sorriso sem graça, Daniel veio ligeiro em minha direção, sentou ao meu lado, passei a mão em seu cabelo e dei um beijo, ele queria me abraçar, mas por eu estar dando de mamar a Maria, o abraço saiu desajeitado.- Estar tudo bem, ok?

- Quero o titio.

- Christian, o Daniel estar chamando você.- quem franziu o cenho dessa vez foi eu, pois eu me esqueci por um momento que estava fora da zona de conforto que o Daniel havia criado durante esse tempo.

- Não é esse tio que ele quer, ele quer os meninos.

- Mas...

- Por favor não diz nada, ele literalmente só quer a rotina dele.

- Maria, quando meu irmão me disse eu não acreditei, você em carne e osso.- A voz da Anahi se fez presente no apartamento.

- Olá, estou subindo para deixar a Maria dormindo no berço, daqui a pouquinho desço.- Daniel segurou na minha calça moletom.- Vem, estar tudo bem.

Ele me acompanhou até o quarto da Maria, subiu na poltrona para ver com atenção eu colocando a Maria no berço.

- Daniel? - chamei sua atenção.- Desce rapidinho.- sentei e coloquei ele no meu colo.- Você estar bem? - ele afirmou.- e em relação ao seu pai? - ele me olhou por breves segundos.

- Por que ele não é assim comigo?

O chão fugiu dos meus pés, como eu ia explicar ao Daniel? Respirei bem fundo e abracei o meu filho, pois colo era uma das coisas que eu poderia dá para ele naquele momento. Pensei e pensei, Daniel retribuiu o abraço e esperou pela resposta.

- Meu amor, você sabe que eu sou a sua mãe do coração.- Ele confirmou.- Lívia e seu pai são seus papais de sangue.- comecei a fazer carinho nele.

A primeira vez que o Daniel soube a verdade foi pela boca da Lívia, dessa vez ele ia escutar novamente o que ela disse, mas de uma forma calma e com a verdadeira história.

- Seu papai foi separado de mim e da tia Maite quando éramos pequenos, ele a conviver conosco quando você nasceu, a Lívia foi embora e seu pai pediu ajuda da Maite.

- E ela ajudou?

Como eu ia dizer a ele essa verdade sobre a chegada dela? Como eu ia dizer que a Maite não quis? Tantas perguntas eu tinha na minha mente, mas ele tinha mais perguntas e curiosidade que eu.

- Sua tia não podia ajudar ele naquele momento, pois antes de você nascer, sua mãe fez o seu pai e a tia Maite brigar, mas eu quis você, então eu peguei você para ser meu bebê.

- Por esse motivo eu sou filho do coração?

- Você é mais que filho do coração, você é filho da alma, da mente e do destino, pois você nasceu para ser meu filho.

- Eu já fiquei longe de você?

- Sim, ficou sim.

- É, porque você foi embora, mas depois eu fui também.

- Eu fui embora por causa da sua irmã, Daniel, ela podia virar anjinho, mas já se separamos outras vezes, e eu sofri muito.

- Quando? - ele me perguntou com curiosidade.

- Quando você era bebê, seu pai levou você embora, eu chorei tanto, eu sentia saudades do meu bebezinho.- Ele tentava processar na mente dele a questão do pai ter levado ele embora.

- Sem mentira? - sua expressão de surpreso me deixava um pouco em dúvida se deveria continuar.

Mas ele precisava saber da verdade, a verdade que ele não soube quando a bomba estourou a primeira vez.

- Não preciso mentir, Daniel, mas você voltou.- meus olhos ficaram marejados.- Você voltou, mas eu sentia que não podia proteger você, pois aconteceu coisas ruim com você.

- Mamãe, eu amo você.- apertou mais o nosso abraço.- Mas a tia Lívia é boa agora?

- Sim, a Lívia sempre foi boa, o que aconteceu de ruim foi ela não conseguir ter sonho de ser mamãe.

- Você tinha?

Aquela pergunta não me pegou de surpresa, até porque sabia que ele poderia perguntar caso a Lívia fosse citada.

- Eu criei no momento em que vi você, o ser bem pequeno e que eu amei desde o primeiro momento.- soltei uma respiração longa me lembrando da primeira vez que eu vi ele.- E você é muito importante.

- E a Mariazinha?

- Maria também é importante, vocês são a minha maior razão de viver.

- Eu vou voltar a ver os titios?

- Sim, falando neles, você quer falar agora? - ele afirmou.

Caminhamos até o quarto para pegar meu celular, tranquei a porta, pois era um momento somente dele, mandei mensagem e o Louis me respondeu em segundos.

- Oi, cadê ele?

- eu também estou sentindo saudade.

- depois você, Dulce.

- você é um doce.

- Igual a você, um amor de pessoa.

Passei o celular para o Daniel, os olhos dele ficando marejados me fez pensar em comprar uma passagem e voltar para Nova York.

- Tio, eu quero voltar.- O silêncio reinou na ligação, como o Louis não falava nada, achei melhor ver se a ligação estava travada, mas o Louis estava chorando.- Você vem para o México?

- Eu estou tentando com a minha equipe viajar, mas prometo que logo eu estarei com você.

A conversa deles iria durar horas, eu resolvi deixar eles falando no telefone e descer para conversar um pouquinho com o pessoal, eles estavam eufóricos, mas queriam Daniel na sala, e eu disse que não era o momento, pois ele estava resolvendo outras coisas, Poncho ficou de cara fechada, mas não liguei, se Daniel não estava se sentindo bem e queria conversar com os tios, eu ia permitir.

L.D|2°Tem|Onde histórias criam vida. Descubra agora