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Londres, Inglaterra - Agosto de 2019


"¿Hace falta que te diga
que me muero por tener algo contigo?"


7 meses e 17 dias.

O tempo exato que Héctor não parava de pensar em Eva.

Os dois se viram todos os dias em que o jogador ficou em Barcelona, mesmo que por míseros 5 minutos, que para ele pareciam horas de imensa felicidade. Eva conheceu toda a família e os amigos de Héctor, os que estavam na Espanha, e os companheiros de clube, na Inglaterra. Ela o acompanhou em todas as sessões de fisioterapia, mesmo tendo que inventar desculpas para escapar do trabalho, e chorou mais que a mãe dele quando o jogador deu os primeiros passos livre das muletas.

A cada dia eles descobriam mais afinidades, como os gostos em comum e a infinidades de camadas de suas respectivas personalidades. O jogador já sabia de onde vinha o apreço de Eva pelas artes; que ela era formada em Direito, mas trabalhava em um museu e seu pai a odiava por isso; detestava a textura de abacates e que ela dormia com somente o pé direito vestido com uma meia. Ele não sabia exatamente o porquê da meia ser sempre vermelha e nunca perguntou, só brincava dizendo que Eva mostrava a ele, todos dias, que no fundo, era torcedora do Arsenal.

Futebol era outro traço em que suas personalidades se cruzavam. Ambas as famílias, embora catalãs, tinham suas origens em Sevilha e, assim como o pai de Héctor, Eva era aficionada pelo Real Betis e comprava brigas acaloradas com qualquer pessoa que ousasse dizer uma só palavra sobre o seu clube. O jogador saiu de Barcelona muito cedo, aos 11 anos, e desde então sua vida girava em torno do clube londrino, ele não conseguia se enxergar representando outra camisa, mas Eva insistia que sabia que o veria usando as cores béticas um dia.

– Me mate. Enfie uma faca no meio do meu peito, mas não ouse dizer que eu apoiaria qualquer outra equipe nesse planeta que não fosse o Betis. O espírito bético nasceu e morrerá comigo e eu morreria para te ver nos representando em campo. – Ela disse, durante um almoço em Londres, quando ela o acompanhou de volta à cidade que ele residia há 13 anos.

Em 7 meses, Héctor já havia levado Eva em todos os lugares imagináveis, e qualquer pessoa de fora veria os dois como um casal. Eles já tinham um apelido dado pela mãe dela, dormiam juntos com uma freqüência relevante, mas durante a única conversa que tiveram sobre 'o que nós somos?' a mulher respondeu 'amigos que não tinham medo da intimidade e nem de suas consequências'. De pronto ele concordou, mas no fundo, odiava isso. Como pisciano nato, Héctor gostava de relacionamentos, gostava daquele frio na barriga de apresentar uma garota como namorada às pessoas e de todos os clichês que romances podem proporcionar e sabia que o único motivo que o fez concordar com o – quase – rótulo dado pela mulher era o medo de terminar tudo isso sem amiga e sem uma potencial companheira.

¿Es que no te has dado cuenta de
lo mucho que me cuesta ser tu amigo?

Os dois estavam na casa de Héctor, algumas horas antes do jogo do Arsenal contra o Nottingham Forest. Ele retornaria aos gramados naquela noite e Eva, obviamente estava lá para apoiá-lo. As horas passavam devagar e ele não sabia dizer se a ansiedade era pelo seu retorno ou por estar com Eva aninhada como uma gata no seu peito há horas.

– Você precisa respirar.

– Hãn?

– Eu estou sentindo seu coração quase rasgar o seu peito. Você precisa respirar. – A mulher ergueu a cabeça para conseguir enxergar o rosto de Héctor.

𝑨𝑳𝑮𝑶 𝑪𝑶𝑵𝑻𝑰𝑮𝑶 | 𝑯𝑬́𝑪𝑻𝑶𝑹 𝑩𝑬𝑳𝑳𝑬𝑹𝑰́𝑵Where stories live. Discover now