𝑨𝑳𝑮𝑶 𝑪𝑶𝑵𝑻𝑰𝑮𝑶 | 𝑯𝑬́𝑪𝑻𝑶𝑹 𝑩𝑬𝑳𝑳𝑬𝑹𝑰́𝑵

cuatro.

Sevilha, Espanha - Setembro 2021

Héctor assistiu seu pai atender a vigésima quinta ligação de amigos e outros familiares para conversarem sobre sua apresentação. Ele estava nervoso, sentia o estômago revirar e o coração bater tão acelerado que parecia querer rasgar seu peito.

Hoje ele seria apresentado como um dos reforços da temporada para o Real Betis, clube do coração de seu pai, e o clube do coração dela. Mas não era a apresentação que o deixava tão tenso.

Eva e Héctor não se falavam há meses, a mulher sempre dizia que estava ocupada com o trabalho e com sua pós graduação. Com o tempo as coisas foram esfriando, até o ponto em que as simples e curtas mensagens de bom dia sumiram, e eles só " se viam" por fotos que compartilhavam em suas redes sociais.

O jogador a viu escurecer ainda mais o cabelo, adotar um cachorrinho, conseguir o emprego dos sonhos e mais um tanto de conquistas que o faziam se encher de orgulho, pois sabia que ela merecia cada uma delas. Mas ele não estava feliz. Sentia falta dela, do cheiro dela, da voz dela, da presença dela.

Perdeu as contas de quantas noites, entediado, ele simplesmente saía, encontrava uma garota qualquer em um bar londrino e passava horas com ela, apenas na tentativa de se convencer de que estava seguindo em frente. Na verdade, ele só estava procurando por Eva em outros corpos. E falhou todas as vezes.

Queria que ela estivesse lá, com ele, em um dia especial para a família dele, pois sabia que também seria especial para ela. Ainda se lembrava de, mesmo nervoso, sentir um alívio tomar conta de si quando telefonou a ela contando da mudança de clube e ela atendeu. Eva tentou segurar as lágrimas ao telefone, mas não conseguiu, e em 5 minutos já estava aos prantos dizendo que aquilo era o que ela mais sonhava.

Ele sabia disso.

Eva não recusou o convite, e Héctor sabia que aquela seria a primeira vez, em semanas, que eles se veriam. Mas não estava preparado para o reencontro pois havia algo que ela ainda não sabia, e que ele não havia tido coragem de dizer ao telefone.

Brooke cruzou a porta da sala de estar da casa nova de Héctor em Sevilha e o arrancou, violentamente, de seus devaneios.

- Amor, sua mãe está te chamando na cozinha. Acho que alguém da sua família chegou, ela está tão feliz. - a loira o abraçou por trás, sussurrando em seu ouvido para evitar atrapalhar seu sogro que ainda estava ao telefone, conversando animado com alguém.

Héctor conheceu Brooke em Londres. A modelo trabalhava em uma agência onde ele teve a oportunidade de realizar um projeto de design de kits personalizados para o FIFA 21. Eles saíram poucas vezes antes dele decidir oficializar as coisas entre os dois, e ele não mentia ao dizer que gostava dela.

Ela conheceu a família de Héctor durante o verão daquele ano, e mesmo não sendo muito ligada a futebol, o pai do jogador conseguiu convencê-la de que torcer para o Betis era a melhor opção, e ela acatou a ideia com facilidade. Maty tinha um talento espetacular para levar novos torcedores ao time andaluz, era incrível.

Quando Héctor adentrou sua cozinha, viu sua mãe aos prantos no gramado dos fundos e a figura de Eva correndo em direção à matriarca. Elas se abraçaram fortemente e a mãe do jogador pulava feito criança, enquanto a morena ria com lágrimas nos olhos. Ele só conseguiu sorrir, e caminhando tranquilamente, se aproximou delas.

- Bonita casa! - Eva o encarou com um sorriso tímido e Héctor, praticamente se arremessando contra os braços dela, a abraçou fortemente.

- Eu senti tanto a sua falta! Obrigado por estar aqui. - o jogador afundou o rosto no pescoço da morena, que sentiu seu coração se revirar em seu peito.