Capítulo 36 - Ai, Como Fui Burra!

2 1 0
                                    

(Mar)

No te encuentro en mis sueños (Não te encontro nos meus sonhos)

No te busco, ni te espero (Não te busco, nem te espero)

Ese cielo solo nuestro (Esse céu só nosso)

Se ha perdido en el recuerdo (Se perdeu na lembrança)


Mar

Era mais de meia noite. Eu estava deitada em minha cama quando Jaz entrou no quarto com um sorriso bobo.

- Que cara é essa? - Perguntei.

- Ai, amiga... - Se sentou ao meu lado e me abraçou. - O Tato me beijou.

- É o quê? Como assim? Me conta tudo!

- Foi assim...

A garota me contou cada detalhe e eu fiquei muito feliz por ela, ainda me mostrou o ursinho que Tato havia lhe dado e era tão fofo. Ah, ela me disse que eles ainda não estavam namorando ou algo do tipo, mas eu estava torcendo para isso acontecer logo, pois eles fazem um lindo casal.

Logo nos deitamos em nossas camas para dormir, e era muito bom não precisar acordar tão cedo para fingir que vou à escola, porém, a garota me falou que nas férias o trabalho é dobrado, nossa estava ansiosa por isso (contém ironia).


                                                                                        (...)


No dia seguinte, acordei com algumas apitadas em meu ouvido. Me acordei bem assustada, achei que a casa estava pegando fogo. Jazmin se acordou da mesma maneira.

- Ai Justina, o que houve? - A loira perguntou.

- Acordem! É hora de trabalhar!

- Só mais cinco minutinhos. - Voltei a me deitar na cama ainda sonolenta.

- Não me faça repetir! - Falou ao agarrar meus cabelos com força.

- Ok, já entendi. - A olhei com toda a raiva que eu estava sentindo.

- Quero vocês prontas em 10 minutos.

A mulher saiu do nosso quarto e fechou a porta em uma leve batida. E eu joguei meu travesseiro na porta, porém, o que eu queria mesmo era jogar na cara daquela jararaca. Ai, como eu odeio essa mulher!

Jaz e eu trocamos de roupa e logo fomos para o sótão, onde os demais já estavam em completo silêncio.

- O natal passou... - Bartô começou a falar enquanto caminhava de um lado para o outro por nós. - As férias chegaram e vocês pensaram o quê? Que iam dormir até meio dia, almoçar e sair para brincar ou vadiar? - Ele riu de forma exagerada. - Acho que não! Vocês vão trabalhar, mas olhem só... como sou bonzinho, deixo vocês dormirem até 8h30. No máximo. E quero vocês trabalhando até a hora do almoço.

- Mas e a Cielo e o Nico? - Zeca perguntou. - Eles sentirão nossa falta.

- Com eles deixa que a gente se entende. - Disse o homem.

E lá fomos nós pras ruas de novo. Justina e Bartô ficaram nos vigiando, por isso fomos obrigados a roubar e não pudemos fazer aquilo que a gente gosta, que é cantar.

Ficamos algumas horas roubando, até Justina nos avisar que o almoço estava pronto.

Fomos correndo, pois não aguentávamos mais roubar e roubar. Entregamos tudo para Justina e Bartô e depois fomos almoçar.


                                                                                        (...)


À tarde, eu estava tomando banho de sol no pátio quando avistei Dolores entrar no abrigo, revirei os olhos ao ver a garota, será que ela não era alguma filha perdida da Justina? Porque as duas são tão insuportáveis. E aquela patricinha ainda veio em minha direção.

- Oi. Marianella, né? - Fiz cara de paisagem e esperei que ela continuasse. - Viu o Thiago?

Olhei para os lados e logo voltei a olhá-la.

- Acho que aqui ele não está. - Respondi de forma debochada.

Notei a garota olhar diretamente para o colar que Thiago havia me dado.

- Belo colar! - Falou sem tirar os olhos do meu pescoço. - Ganhou de algum namorado?

- Não, o Thiago que me deu. - Falei.

- Ah, e você caiu nessa? - Ela riu. - Tolinha! Ele faz isso com todas, dá uma jóia cara pra conquistar, diz que ama, faz de tudo pra levar a garota pra cama e depois que consegue, ele manda pastar, é sempre assim.

Não, eu não acredito que fui tão ingênua assim. Claro, um riquinho, filhinho de papai jamais gostaria de uma pobre coitada como eu, fui uma besta por achar que Thiago pudesse estar a fim de mim. Ai, que ódio que eu estava sentindo.

Levantei e sai batendo o pé, em direção a entrada principal do abrigo. Ah, estava me sentindo uma idiota, não sei se eu estava com mais raiva de mim ou do Thiago.

Passei por Tato e ouvi o garoto chamar por mim, mas eu estava com tanta raiva, que o ignorei e fui direto para o meu quarto. Me joguei em minha cama, tirei o colar e o coloquei em cima da escrivaninha. E sem conseguir me conter, comecei a chorar.

Em seguida, escutei alguém bater à porta, que estava aberta. Era Cielo. Tentei limpar as lágrimas na esperança que ela não visse que eu estava chorando. Foi inútil.

- Mar? O que houve? - Entrou em meu quarto.

- Hã... Nada.

- E essa carinha? - Se sentou ao meu lado.

- Eu fiquei sabendo algo sobre uma pessoa. - Falei ao me sentar do lado da loura.

- Algo ruim?

Acenei a cabeça positivamente.

- Olha, eu não sei do que se trata, mas acho que você deveria falar com essa pessoa, talvez seja um mal entendido. - Ela disse docemente.

- Acho que não.

- Bom, conversa com essa pessoa, e tenho certeza que tudo ficará bem.

A loira sorriu de forma amigável, deu um beijo em minha cabeça e logo saiu do meu quarto, enquanto eu pensava em cada palavra que ela havia me dito.

Fiquei algum tempo em meu quarto, e depois de algum tempo, Thiago apareceu.

- Oi Mar. - Falou com um sorriso tímido.

Lembrei das palavras de Cielo, porém, logo lembrei do que Dolores havia dito, o que me deixou com muita raiva.

Peguei o colar e fui até o garoto.

- Toma isso! - Entreguei o colar para ele. - Eu não quero nada de você, nem sua amizade, nem seus presentes, eu não sou um troféu que você vai conquistar.

Deixei o garoto chamando por mim, e sai bufando de raiva. Ai, como fui ingênua! 

Entre Dois MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora