Capítulo 16

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Direita.

Baixo.

Costas.

Frente.

Costas.

Cima.

Peter não parava de desferir golpes na minha direção. Ele estava totalmente diferente de ontem. Os seus movimentos eram calculados. Diferente da última vez que ele parecia simplesmente dar golpes aleatoriamente. Ninguém melhora tanto em um dia.

Estávamos apenas eu e ele na sala de treinamento a uma hora. Félix mandou nós lutarmos e foi embora dizendo que retornaria depois. E desde então eu só consegui me defender. Nenhuma tentativa de ataque minha tinha sucesso. Esse cara poderia ser comparado com um Volturi no quesito combate.

— Qual foi, Belinha. — Ele disse me derrubando mais uma vez. — Achei que você tinha dito que não iria pegar leve. — Fez um biquinho desapontado. — Para quem treinou durante um ano com os Volturi, você me parece bem mediana. — O seu tom era provocador, mas no fundo de seus olhos rubros tinha algo que eu não conseguia identificar. Preocupação? Não faz sentido.

— Quem é você? — Perguntei parando na frente dele. Nada sobre ele fazia sentido. Desde o início, quando nós o encontramos na floresta, eu percebi que tinha algo de errado. E agora essa mudança dele da noite para o dia só comprovou as minhas suspeitas.

— Peter. — Disse com uma cara de confusão após alguns segundos em silêncio. — Apanhar tanto fez você perder a memória? — Provocou com um sorriso de lado me fazendo revirar os olhos.

— Não é isso que eu estou falando. O que você tá fazendo aqui? De onde você veio? Quem realmente é você? — Disse olhando fixamente em seus olhos. Ele deu um suspiro e se aproximou do meu ouvido.

— Se você abaixar o escudo eu posso te explicar tudo direito. — Sussurrou para que apenas eu ouvisse.

— Por quê? — Perguntei no mesmo tom.

— Se a gente conversar aqui, alguém pode ouvir. Por favor, eu prometo que você vai entender. — O seu tom de súplica me convenceu a abaixar os escudos. Me afastei para olhar em seus olhos e assim que confirmei com a cabeça, senti uma dor e tudo se apagou.

Era a mesma sensação de quando ele me colocou nisso a primeira vez. Institivamente pensei em subir as barreiras para impedir essa dor, mas eu estava aqui por um motivo. Assim que recobrei a minha consciência, senti meu corpo em um lugar macio e claro. Eu parecia conhecer esse lugar. Quando abri os olhos eu vi. A campina. Estava maravilhosa. A grama estava baixa e bem verde, coberta por diversas flores coloridas sendo banhadas pelo Sol que iluminava toda a área.

Por um momento eu me senti em casa novamente. O cheiro. As árvores. Mas... estava faltando algo... Edward. Esse lugar não é só meu. É nosso. Assim que esse pensamento atingiu a minha mente, eu ouvi passos vindo em minha direção. Toda a esperança se esvaiu quando o cheiro me atingiu. Não era o Edward. Essa campina não é a verdadeira. Isso é apenas uma ilusão do Peter. Ele apareceu na borda da campina com um olhar culpado enquanto se aproximava de mim.

— Eu imaginei que você se sentiria mais confortável aqui. — Disse na minha frente. — Não coloquei o Edward porque achei que seria maldade, vocês têm que se reencontrar pessoalmente. — Espera. Ele conhece o Edward? E como assim "nós temos que nos reencontrar pessoalmente"? O que esse cara sabe? E como ele sabe da campina? — Uou. Calma. Muitas perguntas de uma vez só. — Disse com um sorriso. Muitas perguntas? Mas eu não verbalizei nada. Ele lê a minha mente? — Sim. — Disse simplesmente.

— Agora faz mais sentido. Mas eu achava que a sua ilusão mostrava apenas as lembranças mais dolorosas. Eu não me lembro de ter passado por nada ruim aqui na campina. — Disse me sentando no meio das flores sendo seguida por ele.

Instinto - Edward/BellaWhere stories live. Discover now