Indifferent.

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Momo's POV

Já era mais do que o suportável para eu aguentar.

Eu mentiria se dissesse que toda essa situação estivesse ruim só para mim, já que Dahyun provavelmente estava passando por isso também.

Eu precisava ser sincera, antes que Dahyun passasse por aquela porta e mais uma vez eu me perdesse dentro de minha própria covardia.

— Pode falar.

— Só encosta a porta, por favor. — Olhei por trás dos seus ombros, procurando por prováveis olhos curiosos que poderiam haver ali.

Para a minha surpresa, não havia nenhum olho. Ouvidos talvez, mas aí já me escapava dos dedos.

Quando Dahyun voltou, eu sentei naquela cadeira rosa gamer padrão do mundo dos lolzeiros. Olhar aquele quarto me trazia uma estranha sensação, porém nada tão obscuro como o meu. Fitando-a com aquele olhar tão preocupado eu me senti o pior ser humano da Terra.

Quando eu iria conseguir seguir em frente e aprenderia a lidar com o peso dos meus atos?

— Eu realmente não sei como começar isso. — Cocei minha nuca já com aquele desconforto tão conhecido em minha cabeça.

— Sabe, você não precisa transformar todos os nossos contatos em conversas torturantes. Eu sinto falta dos nossos momentos juntas e podemos ser amigas, se quiser.

Amigas.

Ela deixou claro que seremos só amigas.

— Claro, mas, eu.... — Suspirei, jogando de lado todo o resto de sanidade que me inundava. — Olha, tem uma coisa lá no meu quarto, dentro do meu armário, na parte inferior direita. Vai lá pegar, por favor.

Ver seu corpo sumir da minha visão me deu alguns segundos de alívio para poder respirar normalmente. Porém agora eu não possuía mais o privilégio de ficar só por muito tempo e como um raio ela voltou, trazendo consigo a sacola que eu havia guardado antes de Hirai estragar com tudo.

O material era propositalmente muito maior do que os itens que haviam ali dentro. Estendi o braço saudável, esperando sua mão me entregar o pacote, mas isso não aconteceu.

— Não pode mexer seu braço, vai machucar.

— Mas eu possuo dois...?!

— Vai machucar. O que quer que eu faça?

Teimosa como sempre.

— Quero que você o abra e me deixe falar assim que ver o que há aí dentro.

Antes de tudo de ruim me acontecer, sempre fui uma pessoa mais controlada que o normal, talvez um fruto do meu distúrbio. Por isso estranhei como fiquei trêmula enquanto acompanhava o movimento de Dahyun com meus olhos. Ela abriu lentamente a sacola, observando o que havia ali dentro: seus olhos se arregalaram de uma forma assustada e quase instantaneamente sua boca se tornou um bico enorme.

Ela ia chorar.

— Não, por favor. Não. Não chora, eu não sei lidar com gente que chora.

Tentei inutilmente chegar até si, mas ela tampou os olhos com as mãos. Ver aquilo me convenceu que eu era uma grande cuzona.

— Pode falar, eu estou ouvindo. — Com ela sentada em sua cama, afaguei seu braço. Escutar aquelas pequenas fungadas estava me matando. — Para de mover essa porra de braço, e se cai?

UNHOLY - DAHMOWhere stories live. Discover now