PREDADOR

3. Havannah

Três semanas se passaram até que eu e ela nos encontrássemos novamente.

Era um sábado a noite e a vi entrando em barzinho com meia luz e um grupo de eletrônica tocando e cantando sobre o palco de vidro. Céus, era um ambiente detestável.

Eu havia a perdido de vista, então sentei-me junto ao balcão e pedi uma dose de vodka para um barmen. Tirei os óculos para parecer um pouco menos esquisito e virei a dose, evitando os olhares nocivos das garotas ao meu redor.

Então mais rápido do que esperava, senti aquele perfume fraco e cítrico vindo da jovem mulher de vestidinho preto sentando-se ao meu lado. Ela tagarelava como se o assunto mais emocionante do mundo estivesse em pauta com uma garota.

Pediu um drink de cerejas com gim e deliciou-se enquanto eu a observava calado.

Após mais algumas doses de vodka, simplesmente toquei a ponta do seu cabelo caindo um pouco abaixo dos ombros e ela virou-se para mim.

Sua feição rapidamente mudou de desagrado para surpresa:

- Está sem os óculos! – disse ela quase gritando devido a música.

- E você não está encharcada... – falei.

Ela deu uma boa risada e passou a mão no cabelo.

- Grego certo? – indagou.

- Sim – respondi – Então, já posso saber seu nome?

- Havannah – contou com um sorriso de canto e puxou sua amiga pelo cotovelo para nos apresentar.

- Debby este é Grego, meu vizinho – ela nos apresentou.

Debby que parecia deveras agradávelmente bêbada me estendeu a mão e alisou meu braço.

Logo as duas se misturaram em meio a multidão e aguardei até que decidissem ir para casa.

Uma apoiando a outra, foram a pé até o nosso bairro, tombando, tropeçando e rindo. Não queria que Havanna descobrisse que eu estava a seguindo, mas passavam das duas da madrugada e ela simplesmente não conseguia subir as escadas com Debby quase com coma alcoólico pendurada em seu pescoço.

Ainda haviam algumas pessoas nas ruas, e, alguns amantes dos parques devido algum feriado da cidade que eu desconhecia, então criei coragem e caminhei em direção a elas.

- Não quero parecer intrometido, mas posso ajudar? – indaguei da calçada.

Havannah encarou-me como se eu fosse um rei salvador, olhou para os lados e sacudiu a cabeça em sim como resposta.

Corri em direção a ela, e carreguei Debby no colo:

- O que aconteceu? – bufei enquanto subíamos as escadas, devido o elevador estar em manutenção.

- Ela terminou com o namorado – contou Havannah quase se arrastando pelos degraus com os saltos pretos nas mãos – Era um patife, ela fez bem... Mas obviamente exagerou na bebida.

Quando chegamos no sexto andar, Havannah puxou a chave do decote e nos conduziu para dentro de seu minúsculo e bagunçado apartamento.

- Eu sei, está um caos– ela largou os saltos ao lado do sofá e indicou que eu deixasse sua amiga ali – Mas ainda não consegui organizar minhas coisas. Deve pensar que sou uma bagunceira.

- Não acho que seja – falei finalmente recuperando o folego – É a primeira vez que está morando sozinha?

- É tão óbvio? – ela riu e caminhou até a janela de vidro que a observava puxar as cortinas.

Suas pernas brancas a mostra foram como um banquete para mim. Ela estava tão sexy, cálida e vulnerável.

- Se precisar de ajuda com algo, eu moro logo ali – apontei em direção ao prédio verde – Sei como é deixar tudo para trás, não que tenha sido na mesma circunstancia que eu é óbvio.

- Você é bem excêntrico não é? – ela caminhou em direção a porta – Agradeço se não contar a ninguém sobre Debby.

- Por que eu contaria? – pus-me para fora – Somos completos desconhecidos.

- Somos vizinhos – ela abriu mais um sorriso de canto e fechou lentamente a porta na minha cara – Obrigada Grego.

Passei aquela madrugada totalmente em claro pensando na carne fresca de Havannah, em como era feliz e jovial na sua vida, como se tudo estivesse da forma de que deveria ser.
Se havia trancado a porta quando sai, se Debby vomitaria em seu carpete marrom e horroroso.

E após três dias, começamos a nos esbarrar nos cafés, na praça, nos restaurantes ou na calçada.

Pouco a pouco comecei a descobrir quem era ela.