Éros sempre teve convívio com o mundo sobrenatural, isso não era surpresa alguma para ele. Seus pais faziam parte do grande Conselho que regia a Sociedade Secreta das Sombras, responsável por todas as castas mentalistas que se tinha conhecimento. El...
Os gritos de Vic não pareciam atingir Daniel. Ele estava distante, catatônico e muito embriagado. Dos três irmãos Sans, Théo foi o primeiro a se aproximar do corpo desacordado do príncipe.
— O que ele tava fazendo no seu quarto?
Tanto ele quanto Vic olharam para Daniel. O mais velho negou com a cabeça, não conseguindo responder.
— Eu não sei. Ele apareceu.
Vic se jogou de joelhos ao lado do garoto, conferindo sua pulsação para ter certeza que o som fraco que ouvia era do coração dele.
— Ele não tem os códigos. Em nenhum dos pulsos— notou Théo.
— Ai meu Deus!— Vic levou as mãos até a boca.— Ele é humano?!
Théo se ergueu lentamente, sacando o revólver que Daniel mantinha na mesa de cabeceira e apontando para a cabeça de Éros.
— Para com isso!— Vic se colocou na frente.— Abaixa essa arma, Théo! Daniel, por favor!
— Não.— Daniel pegou o revólver da mão do irmão. A voz embolada e arrastada indicava o quanto ele ainda estava fora de si.— Nós vamos levá-lo para a cela.
— Você tá louco?!
Tudo girava.
Daniel estava impaciente.
Quando ele viu Éros entrando na sala vermelha, em seu santuário particular, mexendo em tudo aquilo que ninguém nunca viu antes, sua reação instintiva — e alcoolizada— foi pegar a primeira coisa que viu — um pedestal de metal feito para apoiar a câmera — e bater com força na cabeça do garoto. Não era para ninguém descobrir sobre aquele lugar. Muito menos ele — que era o motivo para aquele lugar existir.
Estúpido! Era como Daniel se sentia por ter deixado a porta aberta. Mas Sayko não viria para casa naquela noite. E como ele podia imaginar que Éros apareceria em seu quarto?
— Vamos adiantar o plano— resolveu por fim.
— Ele é humano! Isso muda tudo, será que vocês não veem?— apontou Vic.— O Éros é legal, tá bom?
— O Éros é legal?— Daniel repetiu.
— Ele não fez nada, Daniel!
— Nós já conversamos sobre isso. Não é sobre ele ter ou não feito, é sobre o que nós precisamos fazer para atingir quem fez!— Daniel perdeu a paciência. Nem mesmo ele percebeu quando avançou tanto o corpo na direção de Vic, que a deixou contra a parede. Os olhos da garota marejaram. Perto dele, Vic parecia minúscula, e não demorou para ele se dar conta de como aquilo era injusto com ela.
Daniel socou a parede, mas se afastou dela.
— Nós somos a sua família! Nós sempre estivemos aqui!
— Eu sempre soube que colocar a Vic nisso seria um problema.— Ao contrário de Daniel, Théo estava calmo. Calmo demais para a situação.— Ela é sentimental.
— Eu não sou!— Vic gritou novamente, secando as lágrimas.— Eu só não acho justo que estejam descontando tudo no Éros por uma coisa que os pais dele fizeram! Isso é uma clara obsessão da cabeça do Daniel, que não se conforma dele ter tido tudo aquilo que nós não tivemos, como se isso fosse culpa dele!! Eu tenho empatia e bom senso!
Vic saiu pisando duro e bateu a porta atrás de si.
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