Capítulo 31

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— Eu não vou! — insistia Lionel.

— Ah, você vai sim. Nem que eu tenha que colocá-lo em uma coleira e arrastá-lo para a festa! — disse Beck tomando o livro que o garoto segurava.

— Os livros estão pedindo por folga por pelo menos uma noite — disse Arabelle.

Arabelle e Lionel voltaram a conversar normalmente no dia seguinte à noite em que não trocaram uma palavra. Darah e Beck ainda não sabiam o que tinha acontecido ou se ao menos acontecera algo entre eles, pois nos últimos dois dias eles pareciam "normais", como se a tensão naquela noite tivesse sido apenas um delírio de Beck e Darah.

— Eu não me encaixo — repetiu Lionel pela quarta vez.

Eles estavam parados no corredor: Lionel encostado contra a parede, Arabelle e Beck à frente dele e Darah um pouco mais afastada para não ser a terceira cárcere do garoto.

— Mas que bobagem. — Beck cruzou os braços.

— Darlan. Ótimo! — exclamou Arabelle quando Darlan apareceu no corredor. — Você está encarregado de convencer Lionel a ir para a festa.

— Ele continua negando?

— Sim.

Darlan se aproximou e passou o braço ao redor do pescoço do garoto que era um pouco mais alto que ele.

— Vamos dar uma volta, garoto — disse Darlan a Lionel, que mantinha os lábios em uma linha reta. — Nos vemos em duas horas, meninas.

Beck deu um enorme sorriso enquanto o garoto de olhos puxados guiava Lionel para longe.

— Vamos subir — chamou Arabelle e as duas garotas seguiram-na até o quarto.

Quase duas horas depois já estavam descendo as escadas, dobrando corredores e descendo mais escadas em direção ao subterrâneo. As capas azuis arrastavam pelo chão que ficava cada vez mais sujo à medida que desciam. Poucas tochas iluminavam o caminho, às vezes estreito e outras vezes largo. Chegaram a um espaço com três portas, adentraram na porta do lado direito e imediatamente ouviram a canção alta. Seguiram pelo corredor estreito até chegarem a um amplo espaço.

Tochas incrustadas nas paredes de pedra iluminavam o local e luminárias de diferentes cores giravam no teto alto, produzindo um jogo de luz. As águas do lago no centro do local refletiam as cores do jogo de luz, pareceria um arco-íris no chão caso as cores não mudassem constantemente.

A princesa produziu um segundo campo ao redor do local para impedir a propagação do barulho para além da porta e olhou para as fadas que comiam, bebiam e dançavam.

"Talvez", pensou com um sorriso animado. "Isso pode acabar sendo divertido".

— Esse é o espírito — comentou Arabelle como se conseguisse ler os pensamentos de Darah.

As três garotas caminharam até a mesa de madeira mais próxima. Darah pegou uma garrafa de vinho Reishi, o aroma de frutas vermelhas subiu por suas narinas antes de começar a beber o líquido vermelho de gosto doce e amargo. Arabelle e Beck tomaram a mesma bebida.

Lee apareceu minutos depois para se certificar de que Darah já tivesse feito sua parte do acordo antes de puxar Arabelle para uma dança. A morena e a ruiva observaram a amiga se afastar e iniciar uma dança animada junto ao acompanhante.

— Qual garoto você beijaria? — perguntou Beck repentinamente, e ao se virar e notar a sobrancelha erguida de Darah, suspirou com um revirar de olhos. — Tudo bem, puritana. Vou mudar a pergunta. Qual garoto você... hum... dançaria?

Darah passou o olhar ao redor uma vez, observando as longas paredes feitas de grandes pedras apenas para ganhar tempo. Em seguida, ela passou o olhar ao redor novamente, dessa vez observando as poucas dezenas de fadas ali presentes.

FEENTINAWhere stories live. Discover now