Capítulo 42

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A princesa apurou a audição com a ajuda do elemento ar e fez sinal para que Darlan ficasse em silêncio.

— Sim. Em uma ronda pelo início da Grande Floresta, Connor e sua equipe disseram terem se sentido vigiados — dizia Mildran, sua voz e passos se tornando cada vez mais altos à medida que se aproximava da porta.

Darah imediatamente reforçou as técnicas de ocultação sobre si e o companheiro.

— Nenhum sinal de quem fosse? Ou se realmente tinha mais alguém ali, escondido, os observando? — questionou a voz angelical de Annecy Jeans, a professora de Pirocinese com quem a Darah passara a ter aulas desde o semestre anterior, quando manipulou o elemento fogo publicamente.

Com o barulho de chave contra a fechadura, a princesa se apressou em fazer um campo de ar ao redor da escrivaninha para bloquear o barulho que fez ao jogar os papéis que tinham posto sob a mesa de volta para a segunda gaveta. No instante seguinte ao qual fechou a gaveta, a porta se abriu.

Darah desfez o campo de ar ao redor da escrivaninha e enquanto os dois professores se aproximavam da mesa, a garota se afastava dela. Darah pôde ver os olhos fundos de Mildran quando passou por ele, se aproximando de Darlan que já estava no outro canto da sala.

— Mesmo as fadas do ar e da terra que estavam com ele não conseguiram detectar um corpo a mais — respondeu Mildran puxando uma chave do bolso da calça e a encaixando na terceira gaveta da escrivaninha.

Os dois jovens – escondidos no canto oposto ao que os professores estavam – olharam para a chave que parecia tão comum quanto qualquer outra.

— Estou com a sensação de que estamos sendo observados — cochichou Annecy, duas linhas retas se destacavam entre suas sobrancelhas. — Use as habilidades do ar.

Darlan deu um risinho ao lado da princesa.

— Vamos ver se você consegue nos esconder do seu professor — provocou ele.

Darah deu um sorriso para tentar parecer descontraída, mas logo mordeu o lábio inferior internamente, reforçando as técnicas de ocultação de som, cheiro e matéria. Não queria perder o desafio e nem ser descoberta.

Durante alguns segundos que mais pareceram uma eternidade para ela, Mildran manipulou uma corrente de ar por toda a sala, detectando cada objeto presente ali.

— Nada! — disse Mildran por fim. Annecy olhou ao redor da sala, desconfiada.

Darah paralisou durante os dois segundos em que o olhar da professora de Pirocinese passou pelo local onde eles estavam escondidos, e quando a atenção da professora se voltou para o objeto que Mildran puxava de dentro da gaveta, a princesa soltou a respiração que nem sabia que tinha prendido.

— Boa — elogiou Darlan com um sorriso orgulhoso. Darah devolveu-lhe um sorriso exibido, contente por estar em um nível bom o bastante para que a magia do professor não se sobrepusesse à dela.

— São documentos dos alunos? — Os olhos da fêmea adulta estavam fixados na capa azul-marinho da grossa pasta que Mildran acabara de puxar de dentro da gaveta.

— Sim. A Sra. Berty nos pediu para dar uma olhada. — O macho alto folheou algumas páginas. Annecy esticou o pescoço para espiar.

— Por quê? Ela desconfia de algum aluno?

— Não sei, mas ela quer que os investiguemos. Tanto os atuais como os antigos. — A outra assentiu. Mildran fechou a grossa pasta e trancou a gaveta. — Vamos indo.

No exato momento em que Mildran deu o primeiro passo para se afastar da escrivaninha, Darlan agarrou no pulso da princesa e a puxou para fora da sala, puxando-a rapidamente para o outro lado do corredor para dar espaço para que os dois professores andassem livremente.

FEENTINAWhere stories live. Discover now