Eram oito horas da manhã quando a carruagem real tocou no jardim coberto de neve da academia. A surpresa com a chegada do rei alcançou a todos os alunos e até mesmo professores, que faziam reverências à medida que o rei passava. Darah e Darlan seguiram atrás de Roger até na metade de um corredor, quando Gaia veio ao encontro do rei e o acompanhou até a própria sala. Assim que o rei desapareceu no corredor ao lado da diretora, os dois jovens foram bombardeados com perguntas.
— Por que o rei está aqui? — alguém questionou.
— Algo grave aconteceu?
— Alguma notícia da quebra do acordo de paz?
— É por isso que vocês foram ao palácio?
— O rei logo comunicará — informou Darlan com impaciência para a multidão que se formava ao redor deles, então pegou na mão de Darah e a puxou para longe.
Enquanto percorriam os corredores, a princesa ajeitou o cachecol azul-marinho que cobria a marca arroxeada da tentativa de estrangulamento do invasor, e em seguida mandou uma mensagem por telepatia para Arabelle e Lionel encontrá-los na biblioteca para contar-lhes sobre o agora falecido invasor.
Não tardou para que os dois se juntassem a eles em sua mesa de costume. E enquanto Darah e Darlan narravam os acontecimentos da noite de dois dias atrás com enfoque no invasor, a princesa, ao olhar para as íris pretas por trás dos óculos quadrados de Lionel, não pôde deixar de compará-las aos do macho que vira na lembrança do prisioneiro, mas ela preferia não mencionar tal semelhança naquele momento.
— Isso é impressionante! — expressou Lionel com o queixo caído. — Nunca ouvi sobre uma fada com tanta habilidade para Telepatia como ela.
— É possível que ela esteja controlando todas as fadas do Reino Darkvalle? — Arabelle continuava com a testa franzida desde o momento em que Darah e Darlan começaram a relatar o que tinha acontecido. — Eu sei que tem aqueles que estão do lado dela por conta própria, mas Darkvalle parece ser um reino muito grande, e ela... Como é mesmo o nome dela?
— Hamix — respondeu Darah, repentinamente lembrando que na primeira vez que conversaram, Arabelle dissera ter uma péssima memória para nomes.
— Hamix! — a garota de tranças repetiu para fixar o nome. Sua voz soou mais aguda ao perguntar: — Quantos anos você mencionou que ela parecia ter?
— Talvez uns vinte e um anos.
— Rum! — emitiu Arabelle com exasperação. — É uma hrybifada completa e pelo visto uma excelente telepata. Ela ainda é bem nova. Como ela já é tão poderosa?
— Ela deve ter uma motivação muito forte — ponderou Darlan um segundo antes de se recostar desleixadamente na cadeira. Arabelle lançou um olhar incrédulo diante de sua despreocupação.
— Talvez o ataque ao Reino Forrest tenha sido obra dela. — Lionel estava com o olhar fixo no centro da mesa, sua expressão estava pensativa. — Com esse nível de controle mental, ela pode estar controlando o rei de Moungard.
— Penso o mesmo — concordou Darah. — O Rei Ivan parece ser um idiota, mas não acho que ele seria idiota o bastante para quebrar o tratado de paz.
— Ou talvez seja. Ele parece ser tão canalha quanto o pai. — Darlan cruzou os braços. — Ele me faz acreditar no ditado que filho de peixe, peixinho é — disse com desprezo, e então olhou de soslaio para Lionel. — Não estou generalizando, é claro.
Arabelle lançou um olhar preocupado para o cachecol enrolado no pescoço da princesa.
— Você está bem? — perguntou a garota negra, recebendo um aceno positivo da mais nova.
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FEENTINA
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