XXXII - Formigamentos

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17/04/1888 - Terça-Feira

- Achou mesmo que ia se livrar de mim com uma planta?

- Não custava tentar.

- Nada vai livrar você da sua própria consciência, nem da sua própria mente. A esse ponto, você já deveria saber.

- Você não é minha consciência, eu já disse, não sou egoísta como você.

- Oh, não é?

- O que diabos quer dizer com "não é"?

- Será mesmo que não? O quão egoísta é preciso ser para esquecer de um mísero detalhe?

- Não comece. Eu não vou perder meu tempo com você.

- O quão egoísta é preciso ser para estar tão ocupada deixando um homem estúpido e engravatado te tocar, que não conseguia se quer se concentrar na principal razão pela qual você está naquela casa?

- Cale a boca! Se você sou eu, sabe exatamente o motivo pelo...

- O quão egoísta se deve ser para perceber que o Massacre dos Moretti's e o desastre da mansão Phantomhive ocorreram no mesmo ano? Você é patética.

- EU JÁ MANDEI VOCÊ CALAR SUA MALDITA BOCA!

- É verdade, eu sou você, sou sua consciência e sei exatamente as razões pelas quais você faz qualquer coisa que decide fazer. A razão pela qual você pode escolher azul ao invés de laranja, por preferir um bolo de morango ao de chocolate, por detestar que toquem seus cabelos ou a razão por viver tocando os lóbulos de suas orelhas e brincos de prata. Sei a razão pela qual você continua permitindo esta brincadeira estúpida com o maldito mordomo e sei porque você deu o que restava da "Mondfrau" ao fedelho, mesmo sabendo que precisaria dela para se livrar de mim por mais tempo. Eu sei que você sente...

- FICA QUIETA! CALA A BOCA! SUA VAGABUNDA! EU NÃO QUERO OUVIR MAIS! NÃO QUERO...

- Eu não quero! N-não quero...

Me levantei tão rápido que senti minhas costas estalarem. Meu corpo pedia tanto por ar, que meu peito parecia doer em busca do mesmo.

Eu queria, queria tanto e genuinamente, que isso acabasse. Não posso ter sossego, nem mesmo com meus olhos fechados!

Dane-se, preciso ir atrás de Undertaker, de novo.






[...]






"De férias! Caso tenha morrido, espere um pouco!"

Era o que a placa dizia.

Aquele maluco desgraçado!

Certo. Perder mais tempo em frente a loja fechada não adiantaria nada.

O melhor seria cruzar a cidade, comprar os pães que Bard pediu, e voltar para casa o mais rápido possível!





[...]







- Nossa, mas que demora foi essa?!

Serva Infernal - KuroshitsujiOnde histórias criam vida. Descubra agora