Capítulo 21

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Minha cabeça fica a mil por hora depois que encerro a ligação com minhas amigas. Queria estar errada, mas sinto que não estou, o que significa que ainda tem muita água para rolar.

Felizmente, não demora até que Nathaniel volte, eu e sua mãe estamos sentadas na sala no momento em que ele chega, conversando sobre qualquer coisa que não seja o que aconteceu. Me sinto melhor assim, a vontade para falar o que eu quiser, na hora que eu quiser. Sem ter que me pressionar.

— Oi, voltei. — Nathaniel diz assim que ele chega. Seu rosto assume um tom rosado quando ele completa. — Trouxe algumas coisas para você Aurora.

— Vou deixar vocês dois sozinhos, tenho almoço para fazer e tenho certeza que vocês vão ficar muito mais a vontade para conversar se uma velha como eu não estiver por perto. Você fica pro almoço, certo, Aurora? — Fala a mãe dele já se levantando, entendendo que seu filho gostaria de ficar a sós comigo.

Não respondo de início, não sei o que dizer, eu devo ficar pro almoço? Qual é a expectativa de Nathaniel? Qual é a resposta certa? Penso por tanto tempo que ele responde por mim.

— Ela vai ficar mamãe. — Em seguida ele se vira em minha direção. — Quer conversar no meu quarto ou prefere aqui?

— Podemos ir para o seu quarto. — Digo me levantando. Não tenho problemas de ficar sozinha num cômodo com o Nathaniel e quero poder conversar com ele sobre o que aconteceu agora que estou mais calma e não sei se me sentiria confortável de fazer isso ali, no meio da sala da sua mãe.

Falar sobre outras coisas com a mãe dele me ajudou muito a baixar o nervosismo e o medo que eu estava, agora, eu sinto que o melhor a se fazer é conversar sobre isso com pessoas da minha confiança, me sinto feliz que Nathaniel faça parte desse círculo de pessoas.

Estamos subindo a escada quando um grande cachorro cruza o meu caminho e quase me faz cair. Arregalo os olhos no mesmo instante e praticamente me jogo por cima de Nathaniel, como se ele fosse meu cavalheiro de armadura branca, pronto para me resgatar do cachorro malvado.

— Opa. Desculpa, esse é o cachorro da minha irmã, não sabia que ele estava em casa, senão teria te avisado para tomar cuidado.

— Tudo bem, não tem problema. — Respondo envergonhada.

Chegamos a frente a uma porta, que ele abre e mantém aberta, mesmo depois que eu entro. Me sinto grata por isso. Seu quarto é como o da faculdade, mas com paredes azuis-escuro e um jogo de cama cinza e preto. Tem bastante a cara dele, apesar de não parecer que ele visita o lugar com tanta frequência. Sentamos em sua cama e ele logo entrega uma sacola para mim.

— O que é isso? — Pergunto curiosa olhando no saco de papel.

— Remédio. Tem uma pílula do dia seguinte aí, é bom que você tome logo.  Tem Alguns outros medicamentos que também seriam bons de você tomar, mas é necessário receita médica para isso. Posso ir com você até um consultório se quiser.

Simplesmente começo a chorar com a pílula na mão. Nem mesmo cheguei a pensar nas possibilidades, gravidez, doença, tudo vai muito além do que eu imaginei, o que mais pode acontecer devido a algo que eu não quis? A algo que eu sequer lembro como aconteceu? Não consigo entender o que leva alguém destruir com a vida de outra pessoa desta forma.

— Ei, calma. Vai ficar tudo bem. Estou aqui com você, eu só quero ter certeza que nada de mais grave pode vir a acontecer, amor. Sou um cara preocupado, desculpe se eu tiver tido uma impressão equivocada do que aconteceu. Eu só…

— O que você disse? — Interrompo.

— Que só estou preocupado e não devia ter tirado conclusões.

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