Uma queda

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Harry, março de 1996

"Então, o que você acha de Firenze?" Harry perguntou a Cho. 

"Ele é um pouco... estranho. Não muito emotivo, comparado a professora Trelawney. 

"Isso não é exatamente uma coisa ruim, não é?" Harry perguntou. "Pelo menos ele não passa todas as aulas prevendo a morte horrível de alguém!"

Cho estremeceu, e apenas tardiamente Harry se lembrou do que ela parecia nunca ser capaz de esquecer o assassinato de Cedrico. 

Mas ele estava se referindo à predileção de Trelawney por prever a morte dele. Harry se perguntou (um pouco mórbido) se ela tinha dito alguma coisa para Diggory, não que isso significasse muito. As 'previsões' normais de Trelawney tinham toda a veracidade de um horóscopo de jornal.

"Eu quis dizer a minha morte", ele explicou, com o rosto quente de vergonha e irritação.

Ela assentiu.

 "Eu sei." 

Ela estava olhando para o

um livro enquanto uma das mãos subiu para enxugar discretamente o olho. Então Cho deu a ele um sorriso forçado. 

"Mesmo que ela tivesse dito algo a Cedrico, ele não teria escutado. Ele pensava que ela tinha algum problema mental."

Ela deu de ombros. "Talvez fosse melhor se não soubéssemos a hora de nossa morte. Acho que não gostaria. Exceto... bem, talvez eu fizesse coisas, dissesse coisas… não as adiasse. Você sempre acha que haverá um amanhã."

Harry ficou intrigado com isso por um momento, imaginando se ela estava falando em geral ou se tinha algo específico em mente que gostaria de ter dito a Diggory. . . ele realmente queria saber? Isso importava? Diggory estava morto. Mas de certa forma não estava. Ele sempre parecia voltar para assombrar os dois e tudo o que eles diziam um ao outro.

Era uma tarde tempestuosa de domingo em meados de março, e Harry e Cho se encontraram na biblioteca para estudar. Essas sessões de estudo eram tudo o que fazia seus fins de semana valerem a pena, com fantasma de Cedrico ou não, quadribol estava fora de questão e Umbridge tinha sua Firebolt. Desde sua entrevista com Rita Skeeter em O Pasquim , Cho esteve disposta a esquecer o desastroso encontro do Dia dos Namorados em Hogsmeade e eles estavam se vendo novamente, embora Harry não tivesse certeza do que isso implicava. Cho parecia ter expectativas , e por trás dessas expectativas Harry podia ver, novamente, o fantasma de Cedrico Diggory.

Diggory já era ruim o suficiente quando estava vivo. Como Harry poderia competir com uma memória sagrada? Teria sido muito mais fácil se ele fosse capaz de odiar Cedrico se ele mesmo não acordasse suando depois de ter pesadelos onde via o rosto morto de Cedrico ou ouvia sua voz pedindo a Harry para pegar seu corpo de volta. Mas Harry suspeitava que Cedrico teria sido o primeiro a dizer a ele (e a Cho) para parar de chorar e continuar vivendo.

Talvez ele pudesse, se Umbridge não fosse tão horrível. Ou se Cho não estivesse tão imersa na dor. Ou se o resto do Mundo Mágico não estivesse tão empenhado em negar o retorno de Voldemort e atribuir a morte de Cedrico a 'um infeliz acidente'. Rival ou não, Cedrico merecia mais.

Então tudo, tudo, tudo o arrastava de volta para a noite de 24 de junho.

Às vezes ele se perguntava como teria sido o ano se Cedrico não tivesse ido com ele ao cemitério, se afinal não tivesse levado a taça...

Se não tivesse morrido.

"Harry?" Cho havia se curvado sobre a mesa, olhando para o rosto dele. "Tudo bem?"

Série Aoristo Subjuntivo I: Natureza e DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora