Amardad não acreditava que faria aquilo, estava se sentenciando ao pior dos piores castigos se Elvi não vencesse. Não existia pedir perdão e se esconder em seu quarto. Aquela atitude não seria ignorada, aquela traição.
A deusa parou em frente ao espelho d'água, mas então viu Elvi se arrastando, gritando atrás de Merikh enquanto ainda descia a cidade. Ela não se arrependeria de escolher Elvi.
– Quanto tempo Adallina. – A morte estendeu o braço, oferecendo o belo e adornado arco de prata de tantos séculos passados.
A pele castanha clara de Adallina era exatamente como se lembrava, mas seus cabelos marrons cacheados estavam presos em uma trança que chegava até a metade da sua coxa e seus hipnóticos olhos escuros estavam inundados de curiosidade e descrença.
– O que...
– Elvi está em apuros e nós vamos relembrar os velhos tempos... Ainda consegue puxar o fio do arco? – Brincou ela.
– Elvi... O que está acontecendo?
– Temos que libertar mais Lada, Idril, Haya, Nuwa e Cheasa. Afinal, vamos caçar espíritos naturais que andam causando problemas em Avyanna.
As duas saíram andando pelos belos e iluminados corredores dourados do castelo.
– Não me faça repetir Amardad!
– Lenia caiu. Elvi a fez cair, mas... Os demais são... São crias de acumulo excessivo de magia, então sabe como é. Eles roubaram um dragão...
– Um dragão!
– É uma longa história, posso ir te contando no caminho, o tempo não está ao nosso lado, então precisamos ir soltar os outros.
– Por que confiaria em você? Já me traiu uma vez.
– Não confie e deixe sua preciosa Elvi ser esmaga pela Cidade de Cristal e toda a sua população morta por um dragão. A escolha é sua. – Adallina olhou o arco em sua mão. – Entendo não confiar em mim, mas eu te libertei e te entreguei um arco mágico...
– Sem uma única flecha.
– Não iria ficar carregando elas por aí... – Isso não convenceu a Deusa do Tempo. – Avyanna precisa de nós. A Elvi precisa de nós... E você é a coisa mais mortal que existe para as criaturas das terras.
– Não confio em você Amardad. – O castelo estava vazio e Amardad a tinha soltado, algo que Lenia jamais deixaria acontecer. Não só isso, mas ela segurava o seu arco de prata, algo que Lenia tirou o acesso de todos. As consequências para a Deusa da Morte seriam imensuráveis, pensou Adallina. – Entretanto, vou dar a você essa oportunidade de mudar minha opinião sobre você.
– Não é como se você tivesse muitas opções, não é? – Ironizou a morte.
Quando Drach finalmente chegou a catedral, para sua surpresa, ela estava vazia. As portas estavam com bancos empilhados, mas seus amigos não estavam ali.
– Mais que porra! – Berrou o menino ao ver Lenia, que nem tinha reconhecido como uma pessoa, de tão desfigurada que estava. – Sabe onde eles estão?
A deusa não respondeu, o rapaz coçou a cabeça e começou a procurar, não existiam muitas opções.
Quando não os achou no primeiro andar, subiu mais um e mais um, até o topo mais alto da igreja, no último sino. Um lugar aonde nem mesmo Asena ia, afinal, era possível tocá-lo de andares mais baixo. Ele escutava as pessoas gritando e correndo desesperadas pelo centro, mas não tinha entendido o motivo.
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Cidade de Cristal
FantasyA Cidade de Cristal, um mito de quase um oitocentos mil de anos, diversas histórias haviam sido contadas sobre o tal lugar. A cidade da lenda das quatro irmãs, a história que vendeu para todos os mestiços e desajustados de Avyanna o sonho de, al...