Capítulo 39 (Avyanna chama por vocês)

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   Amardad não acreditava que faria aquilo, estava se sentenciando ao pior dos piores castigos se Elvi não vencesse. Não existia pedir perdão e se esconder em seu quarto. Aquela atitude não seria ignorada, aquela traição.

   A deusa parou em frente ao espelho d'água, mas então viu Elvi se arrastando, gritando atrás de Merikh enquanto ainda descia a cidade. Ela não se arrependeria de escolher Elvi.

   – Quanto tempo Adallina. – A morte estendeu o braço, oferecendo o belo e adornado arco de prata de tantos séculos passados.

   A pele castanha clara de Adallina era exatamente como se lembrava, mas seus cabelos marrons cacheados estavam presos em uma trança que chegava até a metade da sua coxa e seus hipnóticos olhos escuros estavam inundados de curiosidade e descrença.

   – O que...

   – Elvi está em apuros e nós vamos relembrar os velhos tempos... Ainda consegue puxar o fio do arco? – Brincou ela.

   – Elvi... O que está acontecendo?

   – Temos que libertar mais Lada, Idril, Haya, Nuwa e Cheasa. Afinal, vamos caçar espíritos naturais que andam causando problemas em Avyanna.

   As duas saíram andando pelos belos e iluminados corredores dourados do castelo.

   – Não me faça repetir Amardad!

   – Lenia caiu. Elvi a fez cair, mas... Os demais são... São crias de acumulo excessivo de magia, então sabe como é. Eles roubaram um dragão...

   – Um dragão!

   – É uma longa história, posso ir te contando no caminho, o tempo não está ao nosso lado, então precisamos ir soltar os outros.

   – Por que confiaria em você? Já me traiu uma vez.

   – Não confie e deixe sua preciosa Elvi ser esmaga pela Cidade de Cristal e toda a sua população morta por um dragão. A escolha é sua. – Adallina olhou o arco em sua mão. – Entendo não confiar em mim, mas eu te libertei e te entreguei um arco mágico...

   – Sem uma única flecha.

   – Não iria ficar carregando elas por aí... – Isso não convenceu a Deusa do Tempo. – Avyanna precisa de nós. A Elvi precisa de nós... E você é a coisa mais mortal que existe para as criaturas das terras.

   – Não confio em você Amardad. – O castelo estava vazio e Amardad a tinha soltado, algo que Lenia jamais deixaria acontecer. Não só isso, mas ela segurava o seu arco de prata, algo que Lenia tirou o acesso de todos. As consequências para a Deusa da Morte seriam imensuráveis, pensou Adallina. – Entretanto, vou dar a você essa oportunidade de mudar minha opinião sobre você.

   – Não é como se você tivesse muitas opções, não é? – Ironizou a morte.


   Quando Drach finalmente chegou a catedral, para sua surpresa, ela estava vazia. As portas estavam com bancos empilhados, mas seus amigos não estavam ali.

   – Mais que porra! – Berrou o menino ao ver Lenia, que nem tinha reconhecido como uma pessoa, de tão desfigurada que estava. – Sabe onde eles estão?

   A deusa não respondeu, o rapaz coçou a cabeça e começou a procurar, não existiam muitas opções.

   Quando não os achou no primeiro andar, subiu mais um e mais um, até o topo mais alto da igreja, no último sino. Um lugar aonde nem mesmo Asena ia, afinal, era possível tocá-lo de andares mais baixo. Ele escutava as pessoas gritando e correndo desesperadas pelo centro, mas não tinha entendido o motivo.

Cidade de CristalWhere stories live. Discover now