II.

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Hariel

— Mano, da próxima vez que me chamar para fumar e você estiver comendo gente no camarim eu nunca mais broto, de verdade — Kaique diz, entrando assim que a preta passa pela porta.

— O que custava ter esperado? — digo, me acomodando num canto do sofá e deixando o resto livre para que o preto se sente.

— Tenho bola de cristal para adivinhar que está usando teu camarim de motel? — pergunta, se sentando no canto oposto do sofá — Se bem que eu deveria imaginar.

— Agora já foi, seu empata-foda do caralho — digo, tirando a caixinha com os baseados de dentro do bolso. Tiro um e acendo, dando uma longa tragada e passando para o preto.

— Você é uma comédia mesmo, irmão — diz sorrindo e não consigo evitar sorrir também.

— E o que você está fazendo aqui essas horas, irmão? Teu show não acabou faz um tempo? Está esperando uma mina, cuzão?

— Mais ou menos.

— Explica isso aí, parceiro.

— É que eu fiquei de trocar ideia com uma mina mas é sobre um feat — diz, tragando e passando o baseado.

— Hum, sei bem qual é esse feat — Rio.

— Pior que nem é isso — Balança a cabeça em negativa — É trampo mesmo, parceiro. Ela é braba, monstra mesmo.

— Quem é? Se pá eu estou ligado.

— Está ligado numa mina que cola bastante com as Tasha e Tracie e a Luanna? O vulgo dela é Tonya — Trago o baseado, tentando me recordar.

— Tem foto? — pergunto. Kaique tira o celular do bolso, entrando no Instagram e acessando a conta da mulher. Pego o celular e fico alguns minutos analisando, tentando reconhecê-la.

— Estou ligado, sim mas acho que eu nunca trombei ela não — Devolvo o celular para ele — Teria me lembrado de trombar uma gata dessa — digo e ele começa a rir — Qual foi?

— Ela é bem gata mesmo mas é praticamente uma versão feminina de você.

— Como assim?

— Sabe o motivo de ela não ter colado ainda? É porque ela está com um mano no camarim — Gargalha — E pelo o que eu soube de uns parceiros ela é uma dor de cabeça.

— Por quê?

— Dizem que ela não tem coração e os caralho mas nem julgo a mina porque alguns manos meus também não são flor que se cheire.

— Entendi — Pego o baseado de suas mãos e dou uma tragada — Mas eu adoro um probleminha, você sabe — Sorrio e ele dá uma risada.

— Parça, você é louco, na moral. Depois não fala que eu não te avisei.

— Você diz como se eu tivesse falando que vou pedir a mina em namoro. Segundo você ela não é que nem eu? Não tem como esse lance dar errado.

— Se você diz — Ergue as mãos em rendição — Daqui a pouco tem uma resenha lá em casa. Vai encostar?

— Se pá eu vou, sim. Se eu já não tiver dando um peão com a Tonya.

De repente, a porta se abre e a vejo entrar. Puta que pariu, que mulher gostosa.

— Desculpa a demora, Black.

SUPERFICIAL hariel denaroWhere stories live. Discover now